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Alerj pressiona por punições em caso de congolês morto por “R$ 200”

Carlos Minc, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, afirma que situação não pode ficar impune

atualizado

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protesto africano morto rio (4)
1 de 1 protesto africano morto rio (4) - Foto: TV Globo

A Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) acompanham de perto a investigação sobre a morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos. O jovem foi espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.

O rapaz foi morto ao cobrar duas diárias de trabalho não pagas no valor de R$ 100, cada, de acordo com o vice-presidente da comissão, o deputado Carlos Minc (PSB). Ao Metrópoles, ele afirmou que entrou em contato com a família da vítima e um primo confirmou os valores. “Quanto vale uma vida? R$ 200! Isso não pode ficar impune”, disse ele.

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Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense
Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital
 Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca
Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira.  Moïse tenta se defender com uma cadeira
O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte
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O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/1), próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

Reprodução
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Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense

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Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital

Arquivo Pessoal
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Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca

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Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira. Moïse tenta se defender com uma cadeira

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O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte

Divulgação
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Segundo testemunhas, o jovem foi agredido por, pelo menos, 15 minutos. Pedaços de madeira e um taco de beisebol foram usados para desferir os golpes contra ele. Policiais encontraram o corpo de Moïse, amarrado e já sem vida, em uma escada

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Familiares do congolês só souberam da morte quase 12h depois do crime, na terça-feira (25/1). O jovem foi enterrado no Cemitério de Irajá, na zona norte da cidade

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Os familiares também atribuem o crime ao racismo e à xenofobia, que é o preconceito contra estrangeiros. Além disso, eles denunciaram que, quando foram retirar o corpo do jovem no Instituto Médico-Legal (IML), a vítima estaria sem os órgãos

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Perícia realizada pelo IML indicou que Moïse tinha várias "áreas hemorrágicas de contusão" e também vestígios de broncoaspiração de sangue. Testemunhas afirmaram que a vítima implorou para que não o matassem

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Até o momento, oito pessoas já foram ouvidas por agentes da Polícia Civil. Segundo a família, cinco investigados estavam envolvidos no assassinato de Moïse

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Na terça-feira (1º/2), um dos funcionários do quiosque se apresentou na delegacia e confessou ser um dos agressores. Segundo ele, os suspeitos tentaram evitar que o trabalhador agredisse um idoso, mas ninguém devia salário para a vítima

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Em nota ao Metrópoles, a Polícia Civil afirma que periciou o local e analisou imagens de câmeras de segurança. As diligências estão em andamento para identificar os autores

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Barbárie

De acordo com Minc, a CDDHC já acionou, além da OAB-RJ, o Ministério Público. “Esse caso envolve várias autoridades. O município deve dar uma orientação para os quiosques. Tenho uma lei que pune os quiosques que promovam ou tolerem racismo ou intolerância religiosa. Além das questões penais, esse estabelecimento e outros devem ser punidos. Isso é uma barbárie”, afirmou.

A lei citada pelo parlamentar é de setembro de 2019 e dispões sobre a aplicabilidade de penalidades administrativas, motivadas pela prática de atos de discriminação racial.

“Metade dos bairros é controlada por milícias ou traficantes e os que não são têm cenas explícitas de LGBTfobia e racismo. Imagina se essa pessoa fosse branca, brasileira, ser assassinada porque foi cobrar uma dívida de R$ 200? Isso é completamente intolerável. Vamos agir não só nesse caso. É preciso criar uma campanha para inibir barbáries semelhantes”, completou o deputado.

Acompanhamento

Presidente da CDDHC, a deputada Dani Monteiro (PSOL) afirmou que as providências práticas estão sendo tomadas.

“A comissão acompanhará o caso juntamente com a OAB-RJ. Todos os nossos esforços serão para que essa família, desesperançosa e fragilizada nesse momento, tenha amparo e os responsáveis por esse crime bárbaro não fiquem impunes. As providências práticas estão sendo tomadas, mas é preciso fazer a velha pergunta que nos persegue: até quando a sociedade brasileira conviverá com esse tipo de brutalidade contra pessoas negras, sejam elas nativas ou não?”, questionou ela.

Ainda segundo Dani Monteiro, a Alerj oferecerá apoio psicológico à família de Moïse, enquanto a OAB-RJ fará o suporte jurídico.

Apresentação

Um homem se apresentou na 34ª DP (Bangu) na manhã dessa terça-feira (1/2) e afirmou ser um dos agressores que matou o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe. O suspeito, que não quis ter a identidade revelada, afirmou ao SBT Rio que “teme pela vida” e que não queria “matar o homem, por isso não bateram na cabeça”.

O homem afirma ser um dos funcionários do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, onde o crime contra o congolês aconteceu na noite do dia 24/1.

“A gente não queria tirar a vida de ninguém. Nada disso era porque ele era negro ou de outro país”, disse o suspeito.

Segundo o homem, Moïse teria tentado agredir um senhor com uma cadeira no quiosque. Três homens quiseram evitar, iniciando a sessão de espancamento contra o congolês. A versão do suspeito conflita com a que foi dada pela família do rapaz, que assegura que Moïse foi cobrar o pagamento por duas diárias trabalhadas. Ele deveria receber R$ 200.

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