Além de enchentes, cidades gaúchas sofrem com desabastecimento
Diversas cidades no Rio Grande do Sul já passam por desabastecimento de água, alimentos e energia
atualizado
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As fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o início da semana começam a causar desabastecimento em diversas regiões do estado. Com impactos no fornecimento de água, alimentos e energia, a situação se agrava a cada dia, deixando populações inteiras em estado de vulnerabilidade.
De acordo com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), 436 mil imóveis estão sem água, afetando 52 municípios, principalmente nas regiões Central e Nordeste do estado. Cidades como Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Gramado estão entre as mais atingidas, com sistemas de abastecimento comprometidos.
O desabastecimento de alimentos nos mercados já é uma realidade, segundo relatos de vítimas afetadas pelas chuvas. Pedro Lucas, morador de Bento Gonçalves, contou, em entrevista ao Metrópoles, a dificuldade em conseguir mantimentos.
“A situação é muito triste, a cidade está um caos. Não tem água, não tem luz em muitos bairros, a internet está oscilando. No interior, o estrago é maior e não tem como chegar, porque estradas estão bloqueadas e pontes foram levadas. É um cenário de guerra. Eu tenho saído com um pessoal, de carro até onde dá, depois a pé, para de alguma maneira ajudar alguém, levar água, que é o que mais falta, algum mantimento. Não é fácil, porque já temos desabastecimento. A cidade está isolada”, conta.
Vias bloqueadas
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (3/5), o governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), falou sobre os desafios logísticos enfrentados para chegar até as regiões mais afetadas pelas chuvas. Segundo Leite, são 150 pontos de interrupção, que dificultam o acesso tanto ao resgate quanto ao deslocamento.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), com bloqueios em diversas rodovias federais e estaduais, empresas do segmento enfrentam desafios para garantir a mobilidade e a entrega de mercadorias.
“O maior desafio do setor de logística está nos bloqueios das rodovias. Saindo de Lajeado para Serra Gaúcha, Encantado, região Norte e região Central, todas estradas estão sem acesso. Por conta desse quadro, cargas estão sem previsão de entrega. Sobre risco de desabastecimento, temos que aguardar os próximos dias para ver a situação”, explicou o vice-presidente do Setcergs, Diego Tomasi.
Diante do cenário de calamidade pública, o governo federal criou uma Sala de Situação para monitorar o risco de desabastecimento de água, alimentos, medicamentos, insumos hospitalares e combustível no estado.
Chuvas no Rio Grande do Sul
O número de óbitos decorrentes dos temporais que atingem o Rio Grande do Sul está em 39, segundo a última atualização da Defesa Civil, na noite dessa sexta-feira (3/5). Ao todo, são 235 cidades afetadas, 23 mil desabrigados e 68 desaparecidos.
As áreas mais atingidas são as regiões Central, dos Vales, Serra e Metropolitana de Porto Alegre.