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João de Deus: órgãos apuram mais de 500 abusos e lavagem de dinheiro

Ministério Público recebeu de diversos estados as denúncias de crimes sexuais contra o médium. Do total, 30 já são consideradas formais

atualizado

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joao de deus casa dom inacio de loyola
1 de 1 joao de deus casa dom inacio de loyola - Foto: Fernando Caixeta/Metrópoles

Enviadas especiais a Goiânia (GO) –  Após a prisão de João de Deus, o Ministério Público e a Polícia Civil se reuniram na tarde desta segunda-feira (17/12), na Secretaria da Segurança Pública de Goiás, para alinhar as informações e evitar duplicidade nas investigações em andamento. Ao total, o MP contabiliza mais de 500 relatos sobre abusos supostamente cometidos pelo médium. Entre eles, mais de 30 são considerados formais, já que foram coletados presencialmente nas unidades do órgão.

Além das denúncias, a Polícia Civil investiga a possibilidade de lavagem de dinheiro. “Essa investigação será conduzida por outra equipe relacionada ao tema, mas não podemos adiantar mais informações”, disse o diretor-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes.

Segundo o delegado, não é descartado um novo interrogatório do líder espiritualista. “Ele será ouvido quantas vezes forem necessárias.”

O promotor Luciano Miranda, que participa da força-tarefa, afirmou que funcionários podem ter sido coniventes com as práticas atribuídas a João de Deus. “Se existirem mais envolvidos, eles serão denunciados pelo mesmo crime do autor. Já há informações nesse sentido”, explicou o promotor.

O Ministério Público afirmou, ainda, que embora haja casos que já estejam prescritos, muitos foram relatados dentro do prazo de seis meses. “Todos os depoimentos são importantes para que possamos esclarecer os fatos”, disse o delegado André Fernandes.

Confira imagens do momento em que João de Deus deixou a delegacia:

Depoimento
Em interrogatório que preencheu sete páginas, o médium João de Deus, alvo de mais de denúncias reunidas pela força-tarefa em Goiás, não admitiu abusar sexualmente de suas seguidoras. De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, o líder espiritual apresentou a versão dele para cada um dos casos e disse que os atendimentos eram coletivos – e não individuais.

Os investigadores questionaram o fundador da Casa Dom Inácio de Loyola sobre 15 mulheres que registraram ocorrência e prestaram depoimento: “Ele se lembrou de cada um dos casos e explicou o que teria ocorrido. Estava tranquilo e respondeu a todas as perguntas”.

O líder espiritual deve ser ouvido novamente pelas autoridades nesta segunda (17/12). Os defensores do médium consideram a detenção injustificada e, por isso, pretendem impetrar um pedido de habeas corpus, também nesta segunda, para liberar João de Deus ou, ao menos, conseguirem a conversão da prisão preventiva para o regime domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.

O interrogatório durou mais de quatro horas, na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), na noite desse domingo (16). Depois, João de Deus foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), para exame de corpo de delito, e seguiu rumo ao Núcleo de Custódia do Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia (GO), onde deu entrada às 22h55 e passou a noite.

De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), o líder espiritual ficou em uma cela de 16m² com outros três presos (todos advogados). A previsão inicial era de que ficasse isolado, devido à idade (76 anos) do acusado e à natureza sexual das denúncias que resultaram na prisão de João de Deus: ele teria abusado de centenas de mulheres, brasileiras e estrangeiras, durante atendimentos espirituais.

Ao deixar o prédio da Deic, Alberto Toron, advogado de defesa de João de Deus, voltou a pedir cautela na apuração dos casos. “Soa estranho que uma mulher que se diga violentada volte tantas vezes para o atendimento. É preciso que se julgue antes de qualquer condenação”, disse. O defensor do médium informou que seu cliente negou as denúncias.

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