Alagoas: famílias de assentados sofrem ameaças de fazendeiros e PMs
Segundo o MST, famílias moram no local há 20 anos e supostos arrendatários teriam dito que grupo deve sair “de um jeito ou de outro”
atualizado
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Famílias rurais do Acampamento Mandacaru, em Alagoas, estão recebendo ameaças e tentativas de despejo ilegal desde segunda-feira (25/4). Segundo informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os suspeitos são policiais e fazendeiros do Grupo Pedreira Monteiro.
De acordo com relatos, desde a última segunda as famílias se depararam com a presença de homens que se dizem supostos arrendatários das terras, que além de tentarem retirar a bandeira do MST, hasteada no local, deram o recado de que “as famílias sairiam dali de um jeito ou de outro”.
Nessa terça-feira (26/4), os homens teriam voltado ao acampamento com um grupo maior em dois carros e com uma viatura da Polícia Militar.
Na ocasião, esteve presente Pedro Monteiro, que se diz gerente da Pedreira e da fazenda do Grupo Monteiro e que estava ali para garantir a desocupação do imóvel.
Na ocasião, ele apresentou um documento expedido em 2019 pela Justiça Estadual, dizendo ser uma ordem judicial e afirmou que as famílias tinham 15 dias para saírem dali. O documento, no entanto, não teria mais validade jurídica.
No início deste mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para confirmar a liminar do ministro Luís Roberto Barroso que estendeu, até 30 de junho, a suspensão de despejos, remoções forçadas e desocupações durante a pandemia.
De acordo com testemunhas, entre os homens que acompanhavam Pedro Monteiro, estava o ex-vice prefeito da cidade de Girau do Ponciano, Severino Correia Cavalcante, conhecido como Severino do Chapéu, que já esteve outras vezes no acampamento, ameaçando passar com trator e com bala por cima das pessoas que continuassem na área. A ameaça teria sido feita novamente nesta terça.
No início de 2020, as famílias que moram no local foram despejadas da área e, após o início da pandemia, retornaram para a terra no mês de abril.
O MST afirmou que está acionando os órgãos competentes para acompanhar o caso e garantir a defesa da vida dos homens, mulheres, jovens e crianças que vivem no acampamento.