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Agro precisa recuperar 3,2 milhões de hectares no Rio Grande do Sul

Processo terá influência direta na produção e disponibilidade de produtos como arroz, soja e milho no Brasil

atualizado

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Emater/RS-Ascar
Imagem colorida de lavoura e solo prejudicados pela enchente no Rio Grande do Sul - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de lavoura e solo prejudicados pela enchente no Rio Grande do Sul - Metrópoles - Foto: Emater/RS-Ascar

Arroz, soja, milho, uva e tabaco. Esses são alguns dos produtos que podem ter redução na produção nacional caso o Rio Grande do Sul não recupere 3,2 milhões de hectares de cultivo atingidos pelas enchentes. A área é estimada pela Secretaria Estadual da Agricultura.

O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, respondendo por 71,2% da safra nacional, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Quarta em colheita de soja, essa unidade da Federação corresponde a 7,8% do cultivo do produto no país. O RS também se destaca no plantio de milho, uva e tabaco.

Onde a água encharcou, voltar a plantar, de maneira geral, vai requerer um manejo do solo. Geólogo e professor do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), Rodrigo Salvetti considera três cenários.

O primeiro é onde havia um solo cultivável, a parte superficial dele foi levada, mas a camada que ficou possui características naturais de porosidade e composição química aceitáveis para plantio.

Ilustração de porosidade do solo

“Nesse caso, o que tem de fazer é uma análise para saber quais macro e micronutrientes estão presentes no solo para depois fazer a correção. Esta é a parte fácil”, explica Salvetti.

Em outros locais, a complexidade deve ser maior. São espaços em que a água depositou material em cima do solo que era utilizado para plantio. “Teria de remover areia e argila, saber se o solo de baixo tem alguma condição produtiva com a análise e depois fazer a correção, eventualmente drenagem para tirar umidade excessiva, ver se a argila não atrapalhou a aeração do solo, e depois está pronto.”

No terceiro e mais dramático cenário, é onde houve remoção severa do solo e ficou apenas a rocha. “Não tem muito o que fazer. A questão da rocha nua é irrecuperável”, resume o especialista.

Fertilidade

Assistente técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Rio Grande do Sul (Emater-RS)/Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar), Josemar Parise considera que nas áreas menos íngremes, onde a água levou a camada do solo arável e restou “um solo mais cru”, é possível recuperar fazendo a correção da acidez e a aplicação de fertilizantes.

Em áreas por onde a água correu, podem ter ocorrido erosão hídrica, ou seja, micronutrientes e microfauna foram retirados do solo.

Arte erosão hídrica no solo

“Isto pode ser complementado com o uso de plantas de cobertura para recompor a matéria orgânica que foi embora e resgatar a capacidade produtiva da área”, completa Parise.

Sobre a capacidade de processamento de análise de solo, o analista afirma ser necessário um grande esforço das instituições regionais. Ele pontua, entretanto, que isso pode não ser suficiente para atender cada área individualizada.

“A solução pode ser nós termos algumas análises de referência por local/região e, a partir dessa análise, fazer a extrapolação (das informações). Isso pode dar celeridade a este processo num primeiro momento”, explica.

A pressa é necessária, pois o estado vive uma janela de oportunidade no que diz respeito às condições do tempo. O prognóstico climático é de estiagem de agora em diante, exceto para o extremo sul do RS, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Calendário de plantio

Depois de julho, deve se iniciar o plantio das culturas. “Em agosto, começa o tabaco nas partes mais planas. O milho é de setembro em diante, o arroz em outubro e a soja, preferencialmente, em outubro e novembro”, contextualiza Parise.

As análises feitas até o momento utilizam imagens de satélite. Elas conseguem identificar que houve algum efeito de inundação no campo, mas o detalhamento só pode ser feito com avaliação técnica in loco. Mesmo nos solos que passem por processo de recuperação, é esperado algum nível de queda na produtividade.

Os fertilizantes que serão necessários para o Rio Grande do Sul já eram um problema antes das enchentes. O cenário é influenciado pela guerra na Ucrânia, importante fornecedor mundial desses produtos. Atualmente, a Rússia tem comercializado com o Brasil essas mercadorias.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalha em um plano emergencial de recuperação da agricultura no Rio Grande do Sul. A proposta deve ser lançada no próximo dia 10.

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