Agro e indústria: quem perde e quem ganha com acordo Mercosul-UE
Acordo de livre-comércio não é unanimidade entre países europeus e de fora do bloco. Impacto passa por carros chineses e agro francês
atualizado
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Depois da euforia do anúncio da conclusão das negociações políticas para o Acordo Mercosul-União Europeia, começa agora um processo para a assinatura do documento, que vai de encontro com interesses divergentes de países que estão dentro e fora dos dois blocos econômicos.
O acordo de livre comércio significa fomentar o mercado entre os países da América do Sul e da Europa, o que pode significar produtos importados mais baratos no Brasil. Mas também atinge o interesse de outros países, como a França, que se vê ameaçada ao ter que competir com os produtos da agricultura brasileira.
Logo depois do anúncio da conclusão das negociações em Montevidéu, no Uruguai, a ministra de Comércio Exterior da França, Sophie Primas, foi no X criticar o acordo.
“A luta não acabou. A França lutará em todas as etapas ao lado dos Estados-Membros que compartilham sua visão”, escreveu a ministra.
Burocracia e China
O texto do acordo será traduzido para 23 diferentes idiomas dos países envolvidos e passará por uma revisão jurídica, nos próximos dias. E mesmo depois de assinado, o documento ainda passa por aprovação interna nos países.
Na União Europeia, deve passar pelo Conselho de Ministros e pelo Parlamento Europeu. No caso do Brasil, será avaliado pelo Congresso Nacional, em Brasília.
Depois da China, a União Europeia é o principal parceiro comercial do Brasil. O acordo poderá interferir nessa relação, especialmente no mercado automobilístico. Os carros europeus terão maior facilidade para entrada no Brasil e isso pode interferir na competitividade dos veículos chineses.
Essa questão dos automóveis é tão importante que o texto do acordo tem uma parte específica para proteger a indústria brasileira com a facilitação da importação de carros europeus.
Tanto que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recebeu com simpatia a assinatura do acordo. “A indústria confia que o acordo será um espaço de diálogo para a promoção do comércio em bases justas, como forma de superar eventuais medidas que restrinjam o fluxo de bens e serviços entre os blocos econômicos”, escreveu em nota.