Advogado nega preocupação de Cid com Bolsonaro: “Ele se preocupa com ele”
Defensor Cezar Bitencourt diz que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tem “muitos problemas para se preocupar com o outro lado”
atualizado
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Advogado do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Cezar Bitencourt nega que haja uma preocupação do militar com o ex-chefe. Preso desde maio no âmbito de investigação sobre falsificação de cartões de vacina, Cid foi o braço direito de Bolsonaro ao longo de seu governo.
“Ele tem muitos problemas para se preocupar com o outro lado. Ele se preocupa com ele, com a família dele, só. É indiferente [com Bolsonaro]. Não tem preocupação com o outro lado. Não sou contra nem a favor do Bolsonaro, nem ele”, afirmou Bitencourt ao Metrópoles. Desde que assumiu a defesa de Cid, na semana passada, Bitencourt tem falado que Cid vai admitir a venda do relógio Rolex nos Estados Unidos.
Apesar de versões conflitantes, o advogado tem mostrado que pode complicar a vida de Bolsonaro, ao afirmar que o tenente-coronel cumpriu ordens do então chefe.
“Problema deles”
Questionado se, na última vez que encontrou Cid, ele demonstrou preocupação com a possibilidade de Bolsonaro ser preso no âmbito do escândalo envolvendo a venda de presentes da União, o advogado pontuou: “Ele tem preocupação com ele, e eu também. [Sobre] O outro lado, não tem preocupação nenhuma. Isso é problema deles, da defesa dele”.
Perguntado, ainda, se a proximidade entre Bolsonaro e Cid acabou, o defensor afirmou: “Não sei. Deve ter acabado, o cara está preso”. Bitencourt ressaltou que não observou mágoa alguma de Cid em relação ao ex-chefe, mas frisou que “cada um responde pelo que fez”.
Na quinta-feira da semana passada, a revista Veja publicou uma entrevista na qual Cezar Bitencourt diz que Cid confessaria a venda de joias recebidas por Bolsonaro, e que agiu apenas após ordens do ex-presidente. No mesmo dia, a versão foi confirmada pelo advogado a outros jornalistas.
Recuo
Na última sexta (18/8), no entanto, o advogado sinalizou um recuo, dizendo que se referia apenas ao relógio Rolex, vendido nos Estados Unidos, e que o tenente-coronel não iria “dedurar” o ex-chefe. De lá para cá, ele tem apresentado idas e vindas de versões.
Na madrugada de sexta, Bitencourt contou que conversou com o advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno, o que alimentou dúvidas sobre uma eventual pressão para que ele recuasse das declarações. Ao Metrópoles o advogado ressaltou que a conversa foi protocolar, apenas de apresentação. Bitencourt diz que suas falas à imprensa não foram foco da conversa.
“Não falamos sobre isso. Ele não demonstrou preocupação alguma. Se mostrasse preocupação, ele estaria me censurando. Não é isso, ele não pode me censurar, nem eu [posso] censurá-lo. Ele é defensor do outro lado”, afirmou.