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Advogado de delatores é acusado por doleiros de cobrar propina

Curitibano Antonio Figueiredo Basto teria recebido, mensalmente, cerca de R$ 186 mil, de 2006 a 2013

atualizado

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Jefferson Rudy/Agência Senado
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1 de 1 antonio figueiredo basto - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Os operadores financeiros Vinícius Claret, conhecido como “Juca Bala”, e Cláudio de Souza, disseram, em delações feitas ao Ministério Público Federal (MPF), que, de 2006 a 2013, pagaram mensalmente “taxa de proteção” de US$ 50 mil (cerca de R$ 186 mil ao câmbio atual). A dupla é acusada de integrar o esquema comandado pelo “doleiro dos doleiros” Dario Messer. O dinheiro, conforme os relatos, era entregue ao advogado curitibano Antonio Figueiredo Basto e um colega dele cujo nome não foi informado.

Basto é considerado um dos maiores especialistas do Brasil em colaborações premiadas. Ele negou a acusação e afirmou que nunca teve qualquer tipo de contato com Claret, Souza nem com Messer.

Na Operação Lava Jato, o advogado foi o responsável por negociações e acordos de delação de Lúcio Funaro, Renato Duque, Ricardo Pessoa, entre outros. Em 2004, intermediou o primeiro acordo no modelo atual do Brasil no caso do Banestado, em nome do doleiro Alberto Youssef — também pivô da Lava Jato —, e homologado pelo juiz federal Sérgio Moro.

Segundo Claret e Souza, Enrico Vieira Machado, considerado peça-chave no esquema de Messer, passou a exigir, de 2005 a 2006, pagamento de US$ 50 mil mensais pela “proteção” de integrantes do esquema. Conforme Claret, Enrico prometia segurança em relação ao Ministério Público e à Polícia Federal. Fontes com acesso ao caso disseram que a “proteção” seria relativa a futuras delações no caso Banestado.

“Enrico passou a dizer que o escritório deveria pagar US$ 50 mil por mês para fornecer uma proteção a Dario e às pessoas ligadas ao câmbio. Que essa proteção seria dada pelo advogado Figueiredo Basto e outro advogado que trabalhava com ele”, diz trecho da delação feita por Souza à Procuradoria da República no Rio de Janeiro.

Taxa
Souza relatou que a “cobrança” teria motivado briga entre Enrico e Dario, que se recusava a pagar pela “proteção”. “O colaborador pagava US$ 50 mil por mês em reais, que mandavam entregar em endereços indicados por Enrico”, disse Claret. Ele citou outros doleiros que “também pagavam a citada taxa”. Os pagamentos, conforme o delator, eram destinados a Basto e outro advogado “do qual não se recorda”.

Segundo as delações, Enrico não detalhava a “proteção” e integrantes do esquema se desligaram da operação por desconfiar da cobrança. “O colaborador não recebia qualquer tipo de informação verossímil de Enrico. A exigência de tais pagamentos fez com que Najun Turner (doleiro) se desentendesse com Dario e Enrico, pois o mesmo se recusava a pagar”, diz outro trecho da delação de Claret.

Souza e Claret, apontados como operadores financeiros do esquema do ex-governador fluminense Sérgio Cabral (MDB), foram presos em 3 de março, no Uruguai. Extraditados, cumprem prisão domiciliar após terem firmado acordo de delação.

O outro lado
Basto negou a acusação de cobrança de “proteção” feita pelos doleiros. “É um boato que você joga no ar. Todo mundo hoje neste país adora atacar a honra do outro”, defendeu-se. “Contra boato não tem como se defender”, acrescentou. O advogado afirmou que nunca teve qualquer tipo de contato com Claret, Souza nem com o doleiro Dario Messer. Segundo ele, os contatos eram feitos por meio de Enrico Machado.

“O Enrico era o contratador”, disse. Basto afirmou ainda que “não faz o menor sentido” a acusação feita pelos doleiros, já que a delação de Alberto Youssef — a quem chama de “Beto” — intermediada por ele foi em 2003 e 2004, enquanto a contratação para defender Messer ocorreu somente em 2005.

Segundo ele, Messer foi citado na delação de Youssef, o que contraria a suspeita de venda de “proteção” em delações. “Pega a delação do Beto (Youssef) no Banestado e veja de quantas pessoas ele falou. Falou do próprio Dario (Messer). Eu fiz o acordo. Não faz sentido uma leviandade dessas”, disse.

Basto citou ainda a prisão de Rosane, mulher de Messer, em 2009, como argumento de que não poderia ter vendido “proteção” ao doleiro, já que a mulher dele foi alvo de operação da Polícia Federal. “O que me chama atenção é que em 2009 a Rosane foi presa e me contratou.”

Para o advogado, o fato de ter intermediado o depoimento do também doleiro Renato Chebar, que relatou o envolvimento de Messer com o esquema do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), pode ter motivado Claret e Souza a citarem seu nome. “A delação do Chebar explodiu eles no meio.”

Basto insinuou ainda que a cobrança pode ser uma forma de integrantes da quadrilha tentar tirar dinheiro de seus comparsas.

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