Advogadas informavam estratégia de ex-secretário ao Comando Vermelho
Advogadas de líderes do Comando Vermelho sabiam com antecedência a estratégia do ex-secretário presos por negociar transferência de bandidos
atualizado
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Rio de Janeiro – Investigações que levaram a prisão do ex-secretário de Administração Penitenciária Raphael Montenegro por negociar transferência de bandidos para cadeias do Rio mostram que integrantes do Comando Vermelho tinham acesso à estratégia do órgão. As informações eram levadas aos presos por meio de advogadas.
De acordo com a decisão que resultou na prisão de Montenegro, dois dias antes de o então secretário visitar a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, a advogada Eliana Serra Antônio alertou seu cliente, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP.
“Tratava de uma diligência sensível em que de maneira meticulosa era necessário avaliar a necessidade ou desnecessidade de afastamento dos renomados delinquentes do território fluminense, era de se esperar que as cautelas devidas fossem tomadas, tanto em termos de compartimentação das informações, quanto com relação aos reais destinatários dessa visita”, diz trecho da decisão assinada pelo desembargador federal Paulo Espírito Santo.
As investigações indicam que Eliana soube do encontro com antecedência por meio de Flavia Froes, advogada que atua em interesse de lideranças da organização criminosa.
A suspeita é que o próprio Montenegro e servidores da Secretaria de Administração Penitenciária informavam às advogadas sobre a estratégia do órgão. O Metrópoles tenta contato com as advogadas.
O ex-secretário e outros dois funcionários da secretaria foram presos pela Polícia Federal na terça-feira (17/8) sob acusação de negociar com bandidos a transferência de presos de unidades federais para as cadeias do Rio. Na casa de Montenegro, os agentes apreenderam R$ 250 mil em espécie.
Da Superintendência da Polícia Federal, ele foi transferido para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, no Complexo de Gericinó, onde estão presos o ex-governador Sergio Cabral e o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson.