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Adolescente gay agredido pelo pai pediu socorro em carta: “Desespero”

Vítima tem 14 anos e mora em Jataí, no sudoeste goiano. Vizinhos entregaram relato feito à mão para a Polícia Civil, que investiga o caso

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Reprodução: TV Anhanguera/Globo
carta adolescente Gay Goiás
1 de 1 carta adolescente Gay Goiás - Foto: Reprodução: TV Anhanguera/Globo

Goiânia – Antes de ser agredido pelo pai supostamente por causa da sua orientação sexual, conforme gravado em áudio por vizinhos, um adolescente gay de 14 anos escreveu uma carta a eles pedindo socorro, em Jataí, no sudoeste de Goiás. “Estou no maior desespero da minha vida”, alertou, na mensagem de próprio punho.

Depois do pedido de socorro, os moradores gravaram o momento em que o homem bateu no filho e o ameaçou de morte, na última quarta-feira (5/4), e enviaram o áudio à Polícia Civil de Goiás, conforme mostrou o Metrópoles. No áudio, é possível ouvir o adolescente apanhando enquanto o homem o ameaça.

“Já sentiu a sensação de que você não presta para ninguém? Estou sentindo isso. Está doendo muito aqui dentro. Me ajuda, por favor. Não aguento mais. Estou no maior desespero da minha vida”, escreveu o adolescente, na carta.

A Polícia Civil informou que, em interrogatório na delegacia, o pai negou que tenha agredido o filho por causa da orientação homossexual.

“Ele disse que não se importa, que aceita e já tinha conversado com o adolescente, mas o pegou acessando vídeos pornográficos pelo celular e não controlou a raiva”, disse a delegada Paula Daniela Ruza à TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás.

Marcas de agressão no corpo

De acordo com a polícia, a equipe de investigação foi ao local após a denúncia, na última quarta-feira (5/5), e confirmou que o menino tinha escoriações pelo corpo.

Apesar de o pai negar que tenha agredido o filho por ele ser gay, os áudios mostram o contrário.

Ouça:

“Eu estou cansado de te falar. Eu já não falei para você mudar? Você tem que mudar, você sabe por quê? Porque se você não mudar, eu te mato, eu te arrebento”, diz o homem na gravação.

Uma vizinha, que preferiu não se identificar, disse que sempre ouvia os gritos do menino. “A gente o escutava gritando. Pedindo socorro. Para a gente que é mãe é difícil ver uma situação dessa”, contou a moradora, ao portal de notícias.

A mãe contou à Policia Civil que estava ciente das agressões porque o menino “tem tendência à homossexualidade”. Além dos pais e do menino, duas irmãs mais novas do adolescente estavam em casa no momento da briga.

Lesão corporal

O homem, que não tinha passagens pela polícia, assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por lesão corporal e foi liberado. A delegada disse que o próximo passo da investigação é ouvir os vizinhos e analisar o conteúdo da carta.

Segundo a investigadora, ele poderá responder por lesão corporal, ameaça e violência doméstica. A polícia ainda não confirmou se a violência do pai pode ser classificada como conduta homofóbica, que é igualada ao crime de racismo no Código Penal Brasileiro.

“A princípio não foi colocado nesse crime. Se durante a investigação comprovar que foi isso, ele pode responder por um crime mais grave”, afirma.

O Conselho Tutelar de Jataí informou que recebeu outras denúncias de agressão na residência, mas, ao chegar ao local, o menino não teria confirmado que apanhou do pai. Após a última ocorrência, o adolescente passou por exame de corpo de delito, foi levado para a casa de uma tia e passará por acompanhamento psicológico.

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