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Administração Penitenciária do RJ beneficiava facção criminosa, diz PF

Entre as benfeitorias da Seap do RJ está a soltura do traficante Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, mesmo com mandado de prisão

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Raphael Montenegro, secretário estadual de Administração Penitenciária
1 de 1 Raphael Montenegro, secretário estadual de Administração Penitenciária - Foto: Reprodução

Rio de Janeiro – As investigações que resultaram na prisão de Raphael Montenegro, secretário estadual de Administração Penitenciária (Seap) do RJ, apontam para a soltura de presos de alta periculosidade ligados à facção criminosa Comando Vermelho, entre outras “práticas espúrias”.

Montenegro e dois subsecretários — Wellington Nunes da Silva, da gestão operacional, e Sandro Farias Gimenes, superintendente —, foram detidos durante a Operação Simonia, deflagrada pela Polícia Federal no Rio, nesta terça-feira (17).

Veja a nota íntegra:
“O secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro, foi exonerado nesta terça-feira (17). Em seu lugar, assume o delegado federal Vitor Hugo Poubel. A substituição já havia sido decidida na semana passada e aguardava os trâmites da cessão do servidor público federal.
Com relação à operação deflagrada nesta manhã pela Polícia Federal, o governo se compromete a auxiliar no aprofundamento das apurações. Nesta manhã, o governador falou com o ministro da Justiça, Anderson Torres, colocando o Estado à disposição e reforçando que o governo é o maior interessado no esclarecimento dos fatos.”

No dia 27 de julho, Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 50 anos, recuperou sua liberdade. Segundo a PF, ele é “um criminoso de altíssima periculosidade, contra quem havia mandados de prisão pendentes”. A soltura irregular do traficante faz parte de acordos investigados pelos agentes.

Outro fato que chamou a atenção para o esquema foi a retirada de cela do principal chefe da facção, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. Ele foi retirado da cela do Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, no dia 28 de maio de 2020. O pedido foi feito por Montenegro, após uma visita à penitenciária para uma conversa com o detento no pátio. O fato chamou a atenção da direção da unidade prisional.

Agentes da PF cumprem mandado de prisão contra integrantes da cúpula da secretaria de Administração Penitenciária

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Conversa gravada entre secretário e bandido

De acordo com o jornal Extra, a conversa do secretário com Marcinho VP teria sido gravada por meio desse sistema de captação. Ambos teriam discutido sobre o retorno do traficante ao Rio. O registro da conversa foi considerado de “teor sensível” pelos investigadores federais. O conteúdo encontra-se em segredo de justiça.

O secretário foi preso e deixou há pouco sua residência no bairro da Urca, na zona sul, em direção à Superintendência da PF na Zona Portuária. Montenegro será submetido aos procedimentos de praxe para a prisão, como exame de corpo de delito.

A maior facção criminosa do Rio, de acordo com as investigações, estaria sendo beneficiada ainda com o retorno presos na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, para o Rio de Janeiro. Os criminosos levavam itens proibidos em unidades prisionais fluminenses.

Nomeação em janeiro de 2021

Neste momento, agentes da Polícia Federal recolhem imagens do circuito interno de vigilância do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste. Os policiais buscam imagens feitas em datas de visitas realizadas pelo secretário Montenegro a pavilhões com presos ligados à organização criminosa.

O objetivo é robustecer as provas de que a cúpula da administração penitenciária estaria agindo “em troca de influência sobre os locais de domínio destes traficantes e outras vantagens ilícitas”.

Montenegro foi nomeado secretário no fim de janeiro pelo governador Cláudio Castro (PL), à época ainda governador em exercício. Ele substituiu Marco Aurélio Santos. De acordo com a TV Globo, Castro vai nomear para a Seap o delegado da PF, Victor Hugo Poubel.

O nome da operação, Simonia, faz referência a uma prática medieval em que detentores de cargos trocavam benefícios ilegítimos por vantagens espúrias. A força-tarefa também contou com o Ministério Público Federal (MPF) e o Departamento Penitenciário Federal (Depen).

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