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Adiamento do Plano Safra aumenta desgaste do governo com o agro

Após o leilão de arroz e a MP do Fim do Mundo, adiamento do Plano Safra gera tensão para o governo Lula, que tenta aproximação com o agro

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de apresentação do Programa Terra da Gente para a Reforma Agrária - Metrópoles
1 de 1 Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de apresentação do Programa Terra da Gente para a Reforma Agrária - Metrópoles - Foto: <p>IGO ESTRELA/METRÓPOLES<br /> @igoestrela</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-geral-quadrado-1"></div></div> </p>

A remarcação do lançamento do Plano Safra 2024/2025 e a versão do programa para a agricultura familiar ampliou os ruídos entre o governo federal e o agronegócio, após o Executivo avançar alguns passos em relação ao setor no começo do ano.

A mudança de planos acrescenta mais uma camada aos sucessivos desgastes que o governo enfrenta em relação ao grupo. Recentemente, medidas como o leilão para a importação de arroz e a chamada “MP do Fim do Mundo” desagradaram produtores.

Os eventos de lançamento do Plano Safra estavam previstos para esta quarta-feira (26/6), no Palácio do Planalto. No entanto, ao sair de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o programa, o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) revelou a decisão de postergar as agendas.

Dessa forma, a intenção é realizar os compromissos na semana que vem, no dia 3 de julho. Segundo o ministro, o tempo foi necessário para dar os toques finais nas apresentações dos planos. O Plano Safra vigente vence no próximo domingo (30/6).

Pelas redes sociais, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar confirmou que as agendas seguem previstas para o Palácio do Planalto. O governo federal havia cogitado uma viagem do presidente Lula ao Mato Grosso, estado com forte presença do agro, para anunciar os planos. Mas a ideia não foi para a frente.

Em nota, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) afirmou que o adiamento demonstra “desorganização e ineficiência” do Executivo. Outras entidades ligadas ao setor manifestaram preocupação com o impacto da postergação para os produtores.

“Importante ressaltar que os produtores rurais ficarão descobertos durante a primeira semana de vigência do plano, ou seja, todos os problemas que estiverem na proposta inicial ainda precisarão ser corrigidos, o que leva mais tempo ainda para a chegada do crédito real aos produtores”, diz o comunicado da bancada ruralista.

Histórico

O governo vem tentanto construir uma aproximação com o setor. No início do ano, o presidente Lula quis promover “churrasquinhos” na Granja do Torto com empresários e representantes do campo. A ideia era que os encontros, em tom informal, ajudassem a melhorar a imagem do Executivo junto aos produtores.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, chegou a dizer, na época, que a relação com o setor era de quase “paixão total”. “Se nós não estamos num nível de paixão total, mas há um grande reconhecimento de que muitos dos temores plantados durante a campanha eleitoral era mentira, eram fake news e que o presidente é comprometido com o setor, sim”, disse.

No entanto, apenas uma reunião do tipo foi feita. Além disso, o presidente planejava um “giro” pelos estados onde a atividade agropecuária predomina. Mas a “tour” terminou passando apenas pelo Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Goiás e Tocantins, por exemplo, são estados que não receberam visita do presidente desde o início do mandato.

Medidas desagradam setor

Somado a isso, medidas recentes do governo federal desagradaram o setor. Uma delas foi a decisão de autorizar a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz, após as chuvas que causaram estragos no Rio Grande do Sul. Empresários alegam que não há risco de desabastecimento do cereal no mercado. Enquanto isso, o governo defende que a medida vai segurar os preços para o consumidor.

Outra ação que causou descontentamento foi a edição da medida provisória (MP) que limitava a compensação de créditos do PIS e Cofins, apelidada de MP do Fim do Mundo. O documento foi apresentado como uma alternativa à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos para 17 setores e municípios. Mas a MP acabou devolvida ao governo após forte rejeição de setores como o agro e a indústria.

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