“Acredito muito que Deus vai trabalhar em Brasília”, diz Flordelis
Pastora, cantora gospel e deputada federal afirmou que não irá desistir da política e que sonha com a reeleição na Câmara
atualizado
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Rio de Janeiro – A pastora, cantora gospel e deputada federal Flordelis dos Santos de Souza (PSD) afirmou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que não irá desistir da política e que sonha com a reeleição.
“Quem me colocou na política foi Deus, e eu não vou desistir porque hoje eu tô passando por um período difícil”, disse a candidata à Câmara mais votada pelos fluminenses em 2018.
Flordelis, que desde 2020 é ré na Justiça do Rio de Janeiro, sob suspeita de mandar matar o marido, Anderson do Carmo, tem planos para a reeleição e pensa em um futuro mandato enquanto periga perder o primeiro.
A deputada que em 2019 concorreu à presidência da bancada evangélica agora está na mão de seus pares, alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara que pode resultar em sua expulsão da Casa. “Não acredito nesta cassação, sinceramente não acredito. Acredito muito que Deus vai trabalhar em Brasília”, contou.
Em fevereiro, o Tribunal de Justiça do Rio chegou a pedir o afastamento da parlamentar, mas o Congresso ainda não se manifestou.
Relação com Anderson
Em junho de 2019, o pastor Anderson do Carmo foi assassinado com 30 perfurações de bala em seu corpo, nove delas na região de coxas e virilha, na garagem de casa, Em Niterói, Região Metropolitana do Rio, quando voltava de um passeio com Flordelis.
“Era meu maior articulador político. Em Brasília, ele participava do futebol com os deputados”, contou.
A ideia de entrar na política, contudo, Flordelis diz que partiu dela. “Tive um sonho. Sou muito movida por fé.
Estava sentada no meio fio, e uma voz mandava eu levantar e caminhar. O chão coberto de papéis. Um vento soprou nas minhas costas e começou a mexer com os papéis. Quando olhei para baixo, era a minha foto com quatro números”.
Anderson costurou sua entrada no PSD, partido de Arolde de Oliveira. Magnata da comunicação gospel, após nove mandatos como deputado federal, Arolde se elegeu senador em dobradinha com Flávio Bolsonaro (Republicanos). Morto em 2020, de Covid-19, foi também patrão de Flordelis na gravadora MK, que removeu a artista de seu casting.
Em agosto, foi a vez da ministra Damares Alves, numa das lives presidenciais de Jair Bolsonaro, se distanciar da ex-aliada, alguém que para ela “enganou todo o Brasil”. Já o presidente se disse aborrecido porque a primeira-dama Michelle aparecia em fotos com Flordelis que viralizaram na internet.
A deputada, que hoje usa uma tornozeleira eletrônica por determinação judicial, se diz vítima de uma fábula de promotores e os acusa de trabalhar pela “desconstrução da imagem de Flordelis como ser humano, como pastora”.
“Diziam que eu era uma seita, e não uma evangélica. Que eu era feiticeira. Se ter a fé inabalável em Deus é ser feiticeira, então eu sou”, afirma Flordelis. “E sou mãe de 55, imagina eu tendo prática [sexual] com os mais velhos, que respeito teria deles? E meu marido era ciumento, me tratava como diamante, jamais permitiria ser tocada por alguém. Não sei nem por que veio parar no processo criminal.”
Flordelis critica depoimentos anônimos acoplados ao inquérito. “Mereço que a investigação seja feita de forma correta. Que isso? Sem CPF, sem identidade, sem provas?”.