Acidente doméstico é hipótese para início de incêndio em SP
Segundo o secretário estadual da Segurança Pública, Mágino Alves, o fogo pode ter começado a partir da explosão de um botijão de gás
atualizado
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Um acidente doméstico é a principal linha de investigação como motivo pelo incêndio e posterior desabamento do Edifício Wilton Alves de Almeida, no Largo do Paissandu, região central da cidade de São Paulo, na madrugada de terça-feira (1º/5). Segundo o secretário estadual da Segurança Pública, Mágino Alves, o fogo pode ter começado a partir da explosão de um botijão de gás ou de uma panela de pressão.
“Tudo isso será apurado no devido tempo e com a cautela necessária”, afirmou. De acordo com o secretário, a briga de casal ocorrida no mesmo andar e relatada por moradores possivelmente não tem relação com o incidente.
“A investigação, agora, não tem como caminhar muito rapidamente porque, como vocês estão vendo, ainda há o trabalho de rescaldo”, pontuou. “Nesse momento, vai ser muito difícil de a gente ter condição de realizar uma perícia técnica no local”, acrescentou.Conforme informou o secretário, o inquérito policial já foi aberto no 2° Distrito Policial (DP), no Bom Retiro, responsável por ouvir as pessoas presentes no prédio no momento do acidente. “Esses depoimentos serão colhidos e a gente espera concluir essa investigação rapidamente para que possamos ter o estabelecimento da causa desse desastre”, finalizou Mágino Alves.
Tragédia
O prédio, de 24 andares, desabou durante um incêndio de grandes proporções. A Igreja Luterana situada ao lado da estrutura que ruiu também pegou fogo. O templo ficou parcialmente destruído e teve de ser interditado. Cerca de 44 moradores do local ainda não foram localizados, mas como o acidente ocorreu no feriado, eles poderiam estar fora do edifício.
A única vítima confirmada até agora era resgatada por corda pela equipe de socorro quando a estrutura do edifício veio ao chão. A corda que o prendia se rompeu e o homem caiu. Um bombeiro também ficou ferido durante o desabamento.
A estrutura era uma instalação desativada da Polícia Federal. Segundo comerciantes do entorno, o local era ocupado ilegalmente. Antes de ruir, algumas pessoas pediam socorro no último andar. As chamas começaram no quinto andar, depois se alastraram rapidamente para os níveis superiores. Ao todo, 160 militares atuam no combate ao incêndio e no resgate das vítimas.
Vídeos mostram o momento exato em que o prédio desaba. Em um deles, uma moradora que mora ao lado do edifício narra desesperadamente: “Tem gente pendurada? Será que vão conseguir pegar essa pessoa? Meu Deus! Meu Deus do céu!”, grita aos prantos após a estrutura ruir. Veja algumas imagens:
Nobel da Paz
O prédio foi palco de eventos célebres nos anos 1980 e alojou o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), mas estava ocioso desde 2009. A PF mudou para o atual endereço, na Lapa, em 2003. O argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, ficou preso no local, em 1981, após criticar a Lei da Anistia e encaminhado ao prédio da Antônio de Godói.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o prédio havia passado por vistoria, na qual foram relatadas as péssimas condições do local às autoridades do município. Conforme informou a corporação, os compartimentos entre os andares eram divididos por madeira, o que ajudou a propagar as chamas.
Um edifício vizinho também foi atingido e as chamas se espalharam por dois andares. A estrutura foi esvaziada e interditada. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o risco de colapso é mínimo e não há vítimas deste incêndio.
Devido ao combate às chamas, no trecho entre a Avenida Rio Branco e a Rua Antônio de Godói, os militares recomendam aos motoristas evitarem passar pela região do Largo do Paissandu. Três quarteirões estão fechados.
Investigação
O Ministério Público do Estado de São Paulo determinou que sejam investigadas as causas do acidente, bem como a veracidade dos relatórios técnicos encaminhados pelos órgãos públicos responsáveis pela manutenção e fiscalização do edifício Wilton Paes de Almeida.
A Promotoria de Habitação de Urbanismo havia instaurado, em 24 de agosto de 2015, um inquérito civil para apurar a possível existência de risco no imóvel, que foi arquivado. Em nota, o Ministério Público informa que reabriu o caso em virtude dos “gravíssimos fatos ocorridos”.
A nota alega que, ao longo de dois anos e sete meses de investigação, os órgãos públicos incumbidos de fiscalizar o imóvel, em especial a Defesa Civil de São Paulo e a Secretaria Especial de Licenciamentos, informaram que, a despeito do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) estar vencido, não havia risco concreto que demandasse sua interdição.