Abuso sexual: vítima teme ataque de médico foragido a novas pacientes
Ginecologista José Adagmar Pereira de Moraes teve prisão decretada em SP em dezembro. Ele continua com registro ativo no CRM de Pernambuco
atualizado
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São Paulo – Uma das vítimas do ginecologista José Adagmar Pereira de Moraes, de 42 anos, teme que ele cometa novos abusos sexuais agora que está foragido, mas ainda possui o registro regular no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco.
“O medo maior é que ele não seja encontrado, consiga abrir um CRM em outro estado e repita tudo isso. Estou preocupada, não sei qual o empenho a Justiça mostrará para encontrá-lo. Receio que isso se alongue por muitos anos, que ele não apareça”, disse ao Metrópoles a publicitária de 24 anos, que não quis se identificar.
A jovem afirma ter sofrido o abuso sexual em agosto de 2020 durante uma consulta com o médico em uma clínica no bairro Anália Franco, em São Paulo. Desde então, ela faz acompanhamento psicológico e chegou a ter dificuldades para sair de casa sozinha.
José Moraes foi preso em outubro de 2020 e, por decisão judicial, acabou liberado em abril do ano passado. No entanto, em 7 de dezembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decretou sua a prisão preventiva novamente.
A reportagem do Metrópoles questionou o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco sobre a regularidade do registro do ginecologista, mas até o momento não obteve resposta.
De acordo com a publicitária, José pediu para fazer o exame ginecológico na mulher sem as luvas e solicitou para ela “se tocar”. Ainda fez perguntas maliciosas.
“Se eu te pedir para tirar a roupa aqui, na minha frente, como você ficaria?”, disse o médico para a paciente. Ele ainda pediu que a mulher não contasse o que ocorreu no consultório para o namorado ou familiares: “O que acontece aqui, fica aqui!”.
Direitos da mulher
A mulher tem o direito de exigir a presença de outra pessoa, seja seu acompanhante ou outro profissional, durante as consultas. A paciente pode ainda pedir que o médico explique cada passo do exame ginecológico.
Segundo a advogada Adriany Eizo, solicitar para que a paciente fique completamente nua durante uma consulta pode ser um sinal de violação da conduta médica. “Somente a parte do corpo que está sendo examinada deve estar exposta”, orientou.
“Estímulos desnecessários no clitóris, exame das mamas com a palma da mão e a boca, exames de toque sem luvas, posições diversas na hora dos exames, como de bruços e de quatro, são só alguns dos exemplos de abusos”, explicou a advogada.