Abin: preso por PF é influencer bolsonarista de acampamento no QG
Assessor parlamentar foi preso por suspeita de receber informações de organização criminosa que fazia espionagem ilegal usando a Abin
atualizado
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O assessor parlamentar Daniel Lemos, preso na quinta-feira (10/10) na operação da Polícia Federal contra a chamada “Abin paralela”, é um influenciador digital conservador que marcou presença no acampamento do QG do Exército em Brasília, onde se concentravam pessoas que questionavam o resultado das eleições de 2022.
Daniel ficou conhecido no meio conservador por fazer análises no programa Terça Livre, do influenciador bolsonarista Allan dos Santos. Atualmente, ele faz um papel parecido no Novo Programa F5, ao lado do youtuber Paulo Kogos.
Segundo a PF, Daniel recebia conteúdos de desinformação produzidos pela organização criminosa que fazia espionagem ilegal de autoridades através de tecnologias da Agência Brasileira de Inteligência no governo Bolsonaro. O influenciador bolsonarista seria responsável por disseminar esses conteúdos, aproveitando do seu acesso ao parlamento federal.
Além disso, o material também seria enviado a agentes estrangeiros, induzindo-os ao erro. A PF alega ainda que Daniel continuaria a difundir notícias falsas pelas redes sociais. Outras duas pessoas foram alvos de mandados de busca e apreensão. É a 5ª fase da operação denominada Última Milha.
Desde julho deste ano, Daniel trabalha no gabinete do deputado federal Pedro Jr. (PL-TO). O parlamentar determinou a exoneração do servidor depois que ficou sabendo da prisão. A reportagem tenta contato com a defesa do assessor. O espaço segue aberto.
Religioso e conservador
Daniel usa suas redes sociais para proferir um discurso conversador e anti-petista, que mistura aspectos da religião evangélica e da política. Ele defende pautas de costumes desde antes do bolsonarismo.
Nas eleições de 2014, por exemplo, apoiou o candidato Pastor Everaldo, do Partido Social Cristão. Em maio de 2015, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou uma foto ao lado de Daniel Lemos segurando notas de dinheiro fictícias com os rostos de Lula e Dilma, em um protesto na Câmara dos Deputados contra escândalos de corrupção na Petrobras.
Em vídeos e publicações recentes nas redes sociais, Daniel defende o que chama de “cultura do armamento” e ataca o atual governo, fazendo analogias religiosas como se a gestão petista representasse o mal.
“Essa geração progressista sodomizada não nos representa”, escreveu em uma publicação. “Esse é um governo totalitário da vingança e do ódio, e vai fazer de tudo para matar e roubar as famílias brasileiras”, declarou em uma análise.
Durante os acampamentos, Daniel publicou vídeos participando das ações contrárias ao resultado das eleições. Ele também compara as prisões dos participantes do 8 de janeiro com as prisões da ditadura venezuelana de Nicolás Maduro.