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Abin monitora o sínodo da Amazônia sem infiltrar agentes, afirma GSI

O encontro será realizado em outubro, no Vaticano. Cerca de 250 bispos devem participar, além de convidados do papa Francisco

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1 de 1 General Augusto Heleno cpi - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República informou, em documento oficial obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não infiltrou agentes para espionar bispos da Igreja Católica na preparação do Sínodo da Amazônia. Segundo o GSI, a Abin acompanha o sínodo por meio de informações obtidas em fontes abertas e repassadas por outros órgãos federais.

“Movimento social, membros da igreja, comunidades indígenas e quilombolas, assentamentos rurais ou ONG não estão sendo monitorados por parte da Abin. Ocorre, no entanto, o acompanhamento por meio de fontes abertas para atualização de cenários e avaliação da conjuntura interna”, diz o documento, assinado pelo ministro Augusto Heleno. “Cabe à inteligência entender determinados fenômenos com fim exclusivo de averiguar seu potencial efeito lesivo à sociedade e ao Estado. Isso não se reflete, necessariamente, na realização no monitoramento de pessoas.”

O sínodo será realizado em outubro, durante três semanas, no Vaticano. Cerca de 250 bispos devem participar, além de convidados do papa Francisco.

Interpretação
O evento principal é uma série de assembleias de bispos católicos para discutir temas ligados à evangelização e problemas socioambientais na Amazônia. Em documento ao Vaticano, os bispos criticam a exploração econômica, a destruição ambiental e o descaso com povos originários, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. De dimensão política, alguns trechos geraram interpretações, principalmente entre militares, de que poderia haver um questionamento à soberania brasileira — o que os clérigos negam.

O GSI cita, como fontes abertas, veículos de imprensa, periódicos, sites da Igreja Católica e de organizações diretamente vinculadas à organização do sínodo, como a Rede Eclesial Pan-amazônica e redes sociais. O órgão negou realizar o monitoramento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de entidades vinculadas, como a Comissão Pastoral da Terra e o Conselho Indigenista Missionário.

O ofício foi assinado em maio e encaminhado ao gabinete do deputado Ivan Valente (PSOL-SP). O GSI nega ter feito objeções à realização do sínodo, mas sustenta que a pauta abordará temas ligados à soberania nacional.

O órgão destaca um trecho do documento preparatório do sínodo em que a Igreja afirma que “reconhecer o território amazônico como bacia além das fronteiras dos países facilita a visão integral da região, o que é essencial para a promoção de seu desenvolvimento e de uma ecologia integral”.

No fim de agosto, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) reconheceu que a Abin monitora os preparativos do sínodo. Ele afirmou que a assembleia de bispos católicos “tem muita influência política” e que a agência monitora todos os grandes grupos.

Em fevereiro, o Estado revelou a preocupação do governo com a Igreja Católica, a partir de relatórios de inteligência da Abin e das Forças Armadas.

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