Abcam prepara lista de “infiltrados” na greve dos caminhoneiros
Documento será entregue ao Planalto. Entidade diz que pessoas ligadas a partidos querem manter a paralisação para “derrubar governo”
atualizado
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Em entrevista coletiva à imprensa concedida na tarde desta segunda-feira (28/5), o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes (foto em destaque), denunciou o uso político da greve da categoria. Segundo ele, o movimento continua por interesses de “pessoas que querem derrubar o governo federal”. Lopes, porém, não quis nomear quem teria essa intenção, só admitiu que, entre os “infiltrados”, haveria defensores da intervenção militar.
“Além disso, vivemos em um país com dimensão continental, e nem todos os caminhoneiros sabem das medidas anunciadas pelo governo, no domingo [27], para atender às solicitações da categoria”, afirmou ele sobre a demora de o movimento ser desmobilizado. Nesta segunda, a paralisação entra em seu 8º dia.
“Os caminhoneiros já deviam ter saído das vias. Há grupos, por trás da categoria, controlando a situação. Não sei citar nomes, nem partidos. Falta desmobilizar 30% dos caminhoneiros. Estamos a caminho de voltar à normalidade, mas, nesses grupos, ‘forças ocultas’, estão trabalhando para que essa situação não acabe”, destacou o presidente da Abcam.Segundo ele, a entidade está elaborando uma lista de infiltrados, que será entregue às autoridades federais. “Reforçando: há gente com poder por trás dos caminhoneiros que estão resistentes. Falta desmobilizar 250 mil caminhões espalhados pelo país. Vou entregar nomes de quem quer derrubar o governo e se esconde atrás dos caminhoneiros. Pessoas ligadas a partidos políticos que não vou citar o nome agora. A imprensa vai saber em breve”, afirmou.
Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB), também atribuiu a continuidade de bloqueios em estradas e rodovias federais a “infiltrados” com “objetivos políticos”. O governo, porém, acusa empresários de incentivarem o movimento – hipótese que começou a ser investigada, com a participação da Polícia Federal.
Caminhoneiro não é bandido
O presidente da Abcam defendeu a categoria: “o caminhoneiro não é bandido”. E continuou: “vou entregar essas pessoas que têm interesses. Esses R$ 0,46 devem chegar nas bombas. O governo tem que se virar para conseguir fazer isso”, disse, sobre a proposta do Planalto, o qual concordou em reduzir o preço final do óleo diesel. “Não querermos voltar a fazer paralisações por causa disso. Espero que todos, caminhoneiros e população, sejam atendidos [com redução do valor do diesel e também da gasolina]”, finalizou José da Fonseca Lopes.