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Abalada, mãe de Miguel não vai a protesto por justiça pelo filho

Mirtes Renata sentiu-se mal e não esteve em manifestação no centro de Recife, que terminou em frente ao prédio de onde menino de 5 anos caiu

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protesto por morte do menino Miguel em recife
1 de 1 protesto por morte do menino Miguel em recife - Foto: Wilfred Gadelha/Especial Metrópoles

Convocada por 50 entidades da sociedade civil pernambucana, a manifestação pedindo por justiça para o menino Miguel Otávio Souza da Silva, 5 anos, morto na terça-feira (02/06) após cair do 9º andar de um prédio de luxo na região central de Recife, reuniu cerca de mil pessoas na tarde desta sexta-feira (05/06).

Apesar da emoção e do clamor para que a primeira-dama de Tamandaré, a 100 km da capital, seja punida – ela foi indiciada por homicídio culposo por ter deixado a criança sozinha no elevador de serviço do Píer Nassau, prédio de luxo, de onde ele sairia no 9º andar e acabaria desabando de uma altura de 35 metros para a morte –, uma ausência foi especialmente sentida: a da mãe de Miguel, Mirtes Renata Santana de Souza.

De acordo com a avó de Miguel, Marta Souza, a filha Mirtes não se sentiu bem e por isso não esteve presente. “Ela não teve condições”, disse. Em frente do edifício onde o neto morreu. ao lado do pai da criança e de duas de suas filhas, Marta agradeceu aos manifestantes e pediu justiça mais uma vez.

O protesto foi marcado por momentos de muita emoção. A concentração ocorreu em frente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco, na Praça da República, em frente ao Palácio do Campo das Princesas – onde despacha o governador Paulo Câmara, do mesmo PSB de Sérgio Hacker, prefeito de Tamandaré e patrão de Mirtes e Marta.

Gente de todas as áreas do Grande Recife marcou presença. De Moreno, cidade natal de Mirtes, veio o líder comunitário Thiago Dias, 24 anos: “Mirtes é uma pessoa excelente. E Miguel um menino cheio de vida. A cidade não está acreditando no que houve. Mais uma criança negra morta pela elite”.

De Chão de Estrelas, bairro popular na Zona Norte do Recife,  a autônoma Glauciene Ribeiro, 24, veio com a filha de 5 anos, Ana Clara – da mesma idade do menino morto. “Não podia faltar. Nossas vidas importam”, reforçou ela, com um cartaz com a inscrição “Nós crianças negras queremos viver”.

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Cartazes com dizeres similares e palavras de ordem contra o racismo deram o tom da manifestação – acompanhada de perto pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal. Em frente ao prédio onde Miguel morreu,  velas, flores e cartazes foram depositados em homenagem ao menino.

Até mesmo moradores do edifício foram às sacadas com bexigas pretas e palavras de apoio à família. O empresário Ângelo Leite representou essas famílias que moram no mesmo prédio onde Miguel morreu. “Somos solidários ao movimento. Não sabemos se foi acidente ou crime, mas a gente sente muito o que aconteceu”, lamentou Leite, salientando que Sari e o marido deixaram o prédio está semana.

Pouco antes de o protesto começar, o pai de Miguel, Inocêncio Francisco da Silva, fizera um desabafo comovente:

 “Mataram meu filho. Eu acredito sim na Justiça. Se não ao dos homens, a de Deus”, afirmou, com um cartaz onde se lia: “Não foi acidente”.

Como aconteceu

Miguel morreu após ser deixado sozinho no elevador de serviço por Sarí Corte Real, patroa da mãe do menino, Mirtes Renata, que trabalhava como empregada doméstica da família. Mirtes descera com a cachorra da patroa para passear. O menino subiu de elevador ao 9º andar, escalou as grades, caiu de uma altura de 35 metros e morreu.

Miguel brincava com a filha dos patrões da mãe no apartamento da família, no 5º andar, quando Mirtes Renata  precisou descer para passear com a cadela da família. Ela avisou às crianças que nenhuma delas iria junto. Depois disso o filho saiu para tentar encontrá-la. Câmeras do circuito interno de segurança do condomínio gravaram o momento em que Sarí Corte Real permitiu que Miguel entrasse sozinho no elevador. É possível também ver que ela falava com o menino, mas que o deixava dentro do elevador. Miguel acabou subindo de andar em vez de descer para onde estava Mirtes.

Ele foi até o 9º andar, onde escalou a grade de uma área comum dos aparelhos de ar-condicionado do prédio e acabou caindo.

 

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Miguel morreu no dia 2 de junho  após cair do 9º andar de um prédio em Recife
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Miguel com a mãe

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Sari Corte Real, a empregadora de Mirtes Renata, que estava com o menino Miguel

Reprodução/Instagram
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Inocêncio Francisco da Silva, pai de Miguel Otávio, com um cartaz na mão em que se lê: "Não foi acidente"

Wilfred Gadêlha/Especial para o Metrópoles

A mãe do menino contou que o passeio com o animal foi rápido e próximo ao edifício onde trabalhava. Na volta da caminhada, enquanto buscava uma encomenda, soube que alguém tinha caído. Quando foi ver quem era, descobriu que era Miguel. “Vi meu filho ali, estirado no chão”, lembrou.

Miguel foi levado para o hospital no carro da patroa de Mirtes, Sari Corte Real. “Não demorou muito e tivemos a notícia que meu filho virou estrelinha, que está lá com Jesus e Maria. Está no colo de Maria”, relatou a mãe.

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