Abadiânia: grupo de seguidores faz manifesto em defesa de João de Deus
Os manifestantes, não mais que 80, estavam vestidos de branco e levavam cartazes pelas ruas de Abadiânia (GO)
atualizado
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Um pequeno grupo de apoiadores do médium João de Deus saiu às ruas de Abadiânia (GO), na tarde desta quinta-feira (13/12), em defesa dos trabalhos do líder espiritual. Os manifestantes, não mais que 80, estavam vestidos de branco e levavam cartazes.
O ponto de partida foi a Casa Dom Inácio de Loyola, local em que o médium faz atendimentos. Durante o trajeto, foram aplaudidos por comerciantes e populares. O grupo não quis parar para dar entrevistas.
A cidade do interior de Goiás, a 100km do Distrito Federal, está dividida em relação às denúncias de abuso sexual contra João de Deus. O pedido de prisão feito pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) aumentou a preocupação. “Não ganho muito com as vendas, mas vivo bem. Se a Casa acabar, metade do comércio vai junto”, disse o comerciante de roupas Antônio de Carmo.
Marcos Júnior, que há oito meses chegou à cidade para ajudar o pai no comércio, nem imagina o que seria de Abadiânia se as atividades do líder espiritual fossem encerradas. “Não gosto nem de pensar. Ele atrai muita gente, movimenta os negócios.”
Pelas contas do prefeito José Aparecido Diniz (PSD), os atendimentos feitos pelo médium atraem mensalmente cerca de 10 mil pessoas – 40% estrangeiros. Número expressivo, sobretudo considerando os 17 mil habitantes da cidade – a 90 quilômetros de Goiânia e a 120 quilômetros de Brasília. “Olha o salto no consumo”, afirma Diniz.
Secretário de Turismo e Meio Ambiente, José Augusto Paralov concorda. “A cidade é pequena e o comércio vive em função disso. Temos 40 pousadas e hotéis, além de uma dezena de restaurantes, que dependem exclusivamente das excursões e romarias. Pode acontecer uma quebradeira.”
Pelas contas do município, a Casa Dom Inácio de Loyola cria, direta e indiretamente, 1,3 mil postos de trabalho. Mas também dá gastos. “Muita gente com problemas de saúde chega aqui em busca de atendimento espiritual. Mas o que acontece é que muitos acabam parando no hospital”, completa o prefeito. Ele relata, ainda, mortes de fiéis. “E algumas vezes, o traslado do corpo ficou por conta do município.” Procurada, a Casa não se pronunciou.