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A Semana em Fakes: negacionistas tentarão última cartada contra vacina

Nesta semana, temos o alerta para uma tendência que parece se desenhar nos próximos dias: aumento de fake news sobre imunização de crianças

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
vacina é colocada em seringa covid 19
1 de 1 vacina é colocada em seringa covid 19 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Felizmente, estamos vencendo a batalha contra os negacionistas. Mesmo com toda campanha de desinformação sobre vacinas, mais de 70% da população brasileira já tomou uma dose da vacina contra a Covid-19 e quase 60% dos brasileiros já estão com a imunização completa.

Essa é uma vitória de quem se preocupou em informar e de quem lutou contra a desinformação. Porém estamos vendo o início de um “último movimento” contra imunizantes no país do combalido movimento antivacinas.

No dia 12 de novembro de 2021, a farmacêutica norte-americana Pfizer entrou com um pedido na Anvisa para a aprovação de sua vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. Se seguir a tendência dos Estados Unidos, o Brasil deve aprovar o imunizante para a faixa etária sem sobressaltos. E é daí que virá a última cartada dos negacionistas.

É bem provável que nos próximos dias surjam fake news tentando criar uma atmosfera de risco na vacinação em crianças. Aqui, cabe um esclarecimento: os testes, até o momento, mostraram que os imunizantes são seguros e eficazes. Além disso, a vacinação em crianças se faz necessária por dois motivos: 1) Os pequenos não são 100% imunes à Covid-19 e podem, sim, sucumbir à doença. 2) Com mais um grupo vacinável, o vírus vai circular menos.

Está mais do que claro que haverá pressão para que aconteça duas coisas: 1) A Anvisa deixe de aprovar a vacina para crianças entre 5 e 11 anos. 2) Os pais deixem, por medo, de vacinar seus filhos. Não sabemos como e com quais fake news isso se dará (novas ou recicladas), mas algo ocorrerá. Aliás, já está acontecendo.

Fake news a fim de apontar para falta de eficácia das vacinas e efeitos colaterais graves já têm voltado a circular na internet. Tratam-se, basicamente, de textos e vídeos de pseudoespecialistas (em muitos casos, tratados como piada no meio científico) que apontam para absurdos.

Nos últimos dias, desmentimos teses que apontavam que vacinados são “uma ameaça para não vacinados”, que as vacinas “falharam, que “causam fibrina em todos os vacinados”, que pesquisas com vacinas foram fraudadas, que vacinas contêm vírus que causam câncer e, já com um pouco mais de distância, que causam aids nas pessoas.

A principal dúvida sobre a “nova onda de desinformação” está na participação de Bolsonaro. O presidente “colaborou” com a disseminação de notícias falsas sobre imunizantes recentemente (a que falava sobre mortes de adolescentes por causa da vacina e a que relacionava vacinas e aids). Será que ele vai ajudar a disseminar fake news em mais essa nova campanha dos antivacinas?

A participação de Bolsonaro será decisiva para o caminho desta onda de fake news. Se ele ficar quieto sobre o assunto, o debate se dará nas profundezas da internet, terá menos intensidade, mas também deverá se estender. Se o presidente endossar alguma das fake news, o tema voltará ao debate público e as reações da sociedade farão com que o tema se encerre.

Seja qual for o quadro que se desenhará, o fato é que estamos quase vencendo o movimento antivacinas e que, se nada de extraordinário ocorrer, vamos vencer mais essa campanha de desinformação. Uma vitória em relação ao debate da vacinação em crianças pode significar não só a derrocada final dos negacionistas como também a vitória definitiva contra a pandemia.

Trends da semana

As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos dias foram, em ordem crescente, Mercado Livre, Lula proibido de deixar o país, Motorista vende gibi para sustentar a filha, LulaRoda premiada, Doritos, Roger HodkinsonIndia brasileiraRoda premiada Mercado Livre e China.

Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos dias foram, em ordem crescente, sobre a notícia falsa que apontava que um vídeo mostrava o momento da queda do avião de Marília Mendonça, que o Mercado Livre estava dando prêmios em uma roda premiada, que a China soltou milhares de pássaros em laboratório, que Lula foi proibido de deixar o Brasil e que o cantor Thiaguinho havia iniciado um relacionamento com o jogador de vôlei Bruninho.

No Twitter, o conteúdo com maior engajamento era o que desmentia que Txai Suruí seria uma falsa indígena e que havia sido “flagrada” em uma balada. No Facebook, o conteúdo mais compartilhado era o que desmentia que Lula iria fugir para a Venezuela. No Telegram, o conteúdo mais visto era o que apontava para 7 fake news sobre a morte de Marília Mendonça. Por fim, no Instagram e no YouTube, o conteúdo com maior engajamento era o que desmentia que um vídeo viral era o da queda do avião de Marília Mendonça.

Edgard Matsuki é editor do site Boatos.org, site que já desmentiu mais de 6 mil notícias falsas

Uma das novidades do Boatos.org para 2021 é a seção “A Semana em Fakes”. Periodicamente, faremos análises sobre os assuntos mais recorrentes em termos de desinformação na internet. Este conteúdo ficará aberto para republicação em outros veículos de mídia. No momento, publicamos o conteúdo no Portal Metrópoles, Portal T5, Conexão Marília e O Anhanguera (caso tenha interesse, entre em contato com o Boatos.org para saber as condições). Para ver todos os textos da seção, clique aqui.

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