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À PF Olavo de Carvalho se contradiz sobre EUA e defende o fim do PT

Guru do bolsonarismo deixou o Brasil de carro rumo ao Paraguai e embarcou para os EUA sem o conhecimento da Polícia Federal

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O escritor Olavo de Carvalho aparece com uma blusa xadrez
1 de 1 O escritor Olavo de Carvalho aparece com uma blusa xadrez - Foto: Reprodução/Youtube

Em depoimento prestado à Polícia Federal por videoconferência, o escritor Olavo de Carvalho minimizou sua influência sobre o governo Bolsonaro, defendeu a extinção de oito partidos de esquerda que ele acusa de serem ligados ao Foro de São Paulo e mentiu sobre como deixou o Brasil, em outubro, e foi para os Estados Unidos. Confrontado pelos policiais, porém, mudou a versão sobre o itinerário.

Falando de sua casa nos EUA, o guru do bolsonarismo radical foi ouvido pela PF no último dia 24 de novembro, no âmbito de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposta organização criminosa formada para disseminar notícias falsas e ataques contra a Corte e negacionismo sobre a pandemia de coronavírus. Ele esteve internado no Brasil por alguns meses, mas deixou a clínica sem receber alta e saiu do país sem passar pelo controle da Polícia Federal.

Sobre essa viagem, Carvalho se contradisse quando relatou aos policiais que havia ido a Assunção, capital do Paraguai, de carro a convite de um aluno e que, chegando ao país vizinho, se sentiu cansado e resolveu voltar para os EUA, tendo comprado passagens para si e para a esposa direto no aeroporto.

Nesse momento do depoimento, os policiais o confrontaram dizendo possuir documentos que mostravam que sua esposa havia comprado as passagens em uma agência de viagens de São Paulo, antes de o casal ir para o Paraguai. Diante das provas, Olavo admitiu “que estava equivocado” e disse “que o motivo do engano foi pelo fato de que não fez a compra pessoalmente”, registra o ofício com o teor do depoimento.

Distância do bolsonarismo

No depoimento, Olavo de Carvalho se esforçou para mostrar distanciamento em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros representantes do bolsonarismo. Sobre o chefe do Executivo federal, disse que “somente conversou em quatro ocasiões, sendo três via telefone, com duração de cerca de dois minutos cada ligação, por ocasião de data festiva ou congratulações, e uma presencialmente na Embaixada do Brasil nos EUA, onde esteve para participar de um jantar”.

Sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), disse que só o viu quando o parlamentar participou de um curso presencial sobre política ministrado pelo escritor em 2019 e que não mantém contato com ele. Sobre o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), disse não se recordar de ter conhecido.

Questionado acerca do militante bolsonarista Allan dos Santos, que tem mandado de prisão emitido pelo STF e está foragido nos EUA, Olavo respondeu que passou a ter contato pessoal no ano de 2020 em razão da fragilidade de sua saúde e afirmou que ele “prestou auxílio no cuidado assistencial”.

Já sobre a militante Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, Olavo relatou que “teve contato via aplicativo de conversa em três ou quatro ocasiões, salvo engano, que Sara entrou em contato para pedir conselhos sobre ‘se deveria entrar na política’, que tal contato ocorreu no ano de 2019, e que o declarante aconselhou que Sara não entrasse na política”.

Olavo negou ser “autoridade intelectual” do governo e ter qualquer influência política sobre a administração, mas admitiu ter sido convidado por Bolsonaro para ser ministro da Educação ou da Cultura, tendo negado os convites. Reconheceu ainda ter indicado os nomes de Ernesto Araújo para o Itamaraty e Ricardo Velez para a Educação. Ambos foram nomeados, mas acabaram demitidos em meio a disputas político-ideológicas.

Indagado se já atuou direta ou indiretamente, formal ou informalmente, em alguma eleição, Olavo respondeu que nunca atuou, que “apenas informou nas redes sociais sua simpatia ao então candidato a presidente Jair Bolsonaro”.

Extinção dos partidos de esquerda

Olavo disse em seu depoimento que não é contra a existência de partidos de esquerda no Brasil, mas que acredita que as siglas ligadas ao Foro de São Paulo (entidade que reúne organizações de esquerda sul-americanas) são ilegais e não deveriam existir.

“O que deve ser suprimido são os partidos ilegais, ou seja, os partidos que estejam em desacordo com a lei: todos os partidos pertencentes ao Foro de São Paulo, uma organização estrangeira fundada por Fidel Castro em 1990”, disse Carvalho, segundo o registro do depoimento. “Solicitado pela autoridade policial para que mencionasse quais seriam esses partidos, respondeu que seriam o PT, o PSol, o PSB e outros, somando cerca de 8 partidos”, completou.

Perguntado se orienta ou orientou qualquer das pessoas já citadas ou outras para que incitassem animosidade entre os poderes da República ou entre as Forças Armadas e as instituições de Estado, Olavo de Carvalho respondeu que não e disse que inclusive publicou livro em que condena explicitamente a ideia de intervenção militar.

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