À espera de Lula, militância acampa, discursa e canta em Porto Alegre
Na tarde desta segunda-feira (22/1), cerca de 400 pessoas já ocupavam o Anfiteatro Pôr do Sol, na capital gaúcha. Petista chega nesta terça
atualizado
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Enviado especial a Porto Alegre (RS) – Apesar de ainda não estar completamente pronto, o acampamento montado por movimentos sociais favoráveis ao ex-presidente Lula, no Anfiteatro Pôr do Sol, em Porto Alegre (RS), fica cada vez mais cheio. Na tarde desta segunda-feira (22/1), cerca de 400 pessoas ocupavam o local e ouviam um discurso do advogado Jacques Alfonsin, o qual argumentava sobre a suposta falta de provas do processo que resultou na condenação do petista em primeira instância. O político confirmou: estará na capital gaúcha, na terça (23).
“Amanhã [terça] vou a Porto Alegre agradecer a solidariedade do povo que está se manifestando”, declarou o ex-presidente, em encontro com sindicalistas realizado no Instituto Lula, na Zona Sul da capital paulista. “Não será a primeira nem a última vez que estaremos juntos”, garantiu.
No local desde domingo (21), os militantes que já chegaram a Porto Alegre vieram acompanhar o julgamento do recurso do petista, o qual ocorrerá nesta quarta-feira (24). À ocasião, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decide se: mantém a sentença fixada, em primeira instância, pelo juiz federal de Curitiba (PR) Sérgio Moro – quem condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro; aumenta a pena; ou, ainda, absolve o político. Enquanto o Ministério Público Federal defende o endurecimento da sentença, a defesa do ex-presidente pede sua absolvição.
Confira imagens do acampamento em Porto Alegre:
Lula estará na vigília organizada pelos movimentos sociais para a noite anterior à primeira sessão do ano do TRF-4. Aos poucos, militantes de todo o país vão se reunindo em Porto Alegre. A maioria dos que já estão na capital gaúcha integra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e veio de cidades do interior do Rio Grande do Sul e de estados vizinhos, como Santa Catarina e Paraná. Segundo a organização do movimento, no entanto, o número de ativistas já no local representa apenas uma pequena parte do total esperado.
Ao todo, cerca de 300 caravanas, de todo o Brasil, devem vir à capital gaúcha para acompanhar o julgamento. Os organizadores falam em participação de 50 mil pessoas.
Abrigados em cabanas de lona apertadas, com colchões colocados diretamente no chão, os acampados parecem não se importar com a situação precária. Pretendem ficar ali pelo menos até a próxima quinta-feira (25), após o julgamento de Lula (caso os trâmites do TRF-4 não se prolonguem).
No meio tempo, cantam paródias de músicas famosas, como “Vai Malandra”, de Anitta, e “Baile de Favela”, do MC João. Nas letras, acrescentam palavras defendendo Lula e críticas ao governo do presidente Michel Temer (PMDB).
Trabalho coletivo
Um dos acampados é o soldador Hudi Crosatti, 35 anos, quem viajou 32 horas para fazer o trajeto entre Centenário do Sul (PR), cidade onde mora, e Porto Alegre. Desde as 7h desta segunda (22), ele trabalhava na montagem das quatro barracas que vão abrigar os militantes. Por volta das 16h, quando falou com a reportagem, ainda estava serrando pedaços de madeira, sem nem ter parado para o almoço.
O motivo para tamanha devoção, ele afirma, é o sentimento de gratidão ao ex-presidente. “Tudo o que eu tenho hoje foi por conta do Lula. Depois que ele virou presidente, a vida da minha família melhorou bastante. Se eu não lutar por ele como ele lutou pelos pobres, seria um hipócrita”, resume.
A chegada dos militantes também beneficiou os quiosques de lanches localizados no Anfiteatro Pôr do Sol. Elemar Gianecchini, dono da Barraca do Gianecchini há 22 anos, pretende triplicar os lucros durante o acampamento. “O pessoal tem consumido bastante. Deram uma boa melhorada nos negócios”, assegura.