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À CPI Torres diz que não viajaria caso fosse alertado sobre atos de 8/1

O ex-ministro Anderson Torres afirmou à CPI do 8 de janeiro que não foi alertado sobre os atos antidemocráticos em Brasília

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Anderson Torres depõe à CPI do 8 de janeiro1
1 de 1 Anderson Torres depõe à CPI do 8 de janeiro1 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança Pública do DF, depõe à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta terça-feira (8/8). Aos deputados e senadores Torres afirmou que não foi alertado sobre os atos antidemocráticos em Brasília. Às vésperas dos ataques às sedes dos Três Poderes, ele viajou para Orlando, nos Estados Unidos, com a família.

“Se eu tivesse recebido qualquer alerta ou informe de inteligência indicando o risco iminente de violência e vandalismo, não teria viajado”, disse ele.

Torres embarcou com a família para os Estados Unidos na noite da sexta-feira (6/1) e chegou àquele país na manhã do sábado (7/1).

“No dia 8 de janeiro, acompanhei a distância. Fiquei muito preocupado quando vi o vandalismo sendo praticado. Cheguei a passar mensagem do WhatsApp para o secretário em exercício, apelando para que impedisse que os manifestantes se aproximassem do Supremo, uma vez que o Planalto e o Congresso já estavam invadidos”, justificou.

“Até o dia 6/1, à noite, eu não tive qualquer informação judicial indicando que haveria ações radicais no dia oito”, completou Anderson Torres, que destacou a cooperação com a Justiça.

“Retornei ao Brasil o mais breve possível e, desde que fui preso, nunca me neguei a cooperar com a Justiça. Entreguei as senhas do meu celular, da nuvem, do e-mail, tomei a iniciativa de autorizar a quebra do meu sigilo telemático, fiscal, bancário, telefônico e continuo sob investigação e cumprindo fielmente as medidas cautelares determinadas”.

À CPI o ex-ministro fala como testemunha por omissão nos atos que acarretaram na depredação dos prédios dos Três Poderes. O ex-ministro chegou ao Senado por volta das 8h50, e a sessão teve início às 9h24. Torres foi conduzido à mesa por volta de 9h35.

Depoimento

Torres será confrontado em todas as frentes e deve optar pelo silêncio em poucas ocasiões. A estratégia de Torres ao responder as perguntas pertinentes aos atos é de manter os posicionamentos explicados em depoimentos à Polícia Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso seja questionado sobre a “minuta do golpe” encontrada em sua casa, Torres manterá a versão de que não sabia a origem da minuta nem quem a escreveu.

Em fevereiro, o ex-ministro afirmou à Polícia Federal que uma empregada, “ao arrumar a casa”, pode ter colocado a “minuta do golpe” em uma estante. Na oportunidade, o depoente alegou que o documento foi entregue em seu gabinete no Ministério da Justiça, mas disse desconhecer quem o produziu.

Sobre a suposta omissão por estar nos Estados Unidos durante os atos de 8 de janeiro, mesmo chefiando a pasta do DF, Torres sempre afirmou que já tinha férias marcadas. O descanso de 12 dias, iniciando em 9 de janeiro, foi marcado ainda quando ele atuava como ministro da Justiça e Segurança Pública.

Anderson Torres foi preso pelas suspeitas contra ele. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o ex-ministro foi mantido em preventiva no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop) da Polícia Militar do Distrito Federal, no Guará 2, em Brasília.

A prisão durou cerca de quatro meses. Ele ficou detido desde 14 de janeiro e foi solto em 11 de maio, também por decisão de Moraes.

Torres ganhou liberdade provisória, com monitoramento eletrônico. O ex-secretário está proibido de deixar o Distrito Federal; de manter contato com os demais investigados; de usar redes sociais; e ficou determinado o afastamento do cargo que ocupa na Polícia Federal. O descumprimento de qualquer uma das medidas alternativas implicará revogação e decretação da prisão.

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