À beira do colapso, São Paulo tem 1ª morte por falta de leito
“A gente vê, infelizmente, o sistema de saúde colapsando”, disse o prefeito Bruno Covas, ao informar óbito
atualizado
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São Paulo – A cidade de São Paulo teve registrada a primeira morte por falta de atendimento. A informação foi revelada na manhã desta quinta-feira (18/3) pelo prefeito Bruno Covas, em entrevista à emissora Globo News.
“Infelizmente, já tivemos o primeiro caso, que aconteceu na zona leste da cidade de São Paulo. Uma pessoa faleceu sem conseguir atendimento aqui na cidade de São Paulo. A gente vê, infelizmente, o sistema de saúde colapsando”, disse.
O paciente que morreu tinha 22 anos e diagnóstico de obesidade. Renan Ribeiro Cardoso foi atendido no São Mateus II, na zona leste da capital na noite do dia 11, com queixa de falta de ar.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o jovem teve piora no quadro clínico no dia 13, às 16h. Ele recebeu respirador mecânico vindo de outra unidade médica 15 minutos depois. Mesmo assim, os médicos decidiram, com aprovação da família, fazer a intubação.
Às 16h20, ele foi para a sala de urgência e morreu às 17h19, pouco antes de surgir uma vaga de UTI. O leito, segundo o documento, foi oferecido às 17h38.
Covas ressalta que entre a entrada do paciente e o óbito foram apenas 46 horas. Ele também enfatiza a idade do paciente. “Mostra reflexo da mudança do perfil das pessoas que estão sendo hospitalizadas nesse segundo pico da doença”, disse em coletiva de imprensa no início da tarde desta quinta.
Na quarta-feira (17/3), ao Metrópoles, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn explicou que quando se fala em fila por leito significa que as pessoas estão sendo atendidas, muitas vezes já com respiradores, mas que não há leito específico para a Covid-19.
Busca por leitos
O gestor municipal acrescentou ainda que a cidade tem hoje a mesma quantidade de leitos que tinha no momento mais grave da crise no ano passado e disse que a taxa de letalidade da doença é menor.
“A gente tem feito reuniões diárias para evitar que falte atendimento e material para isso, mas há limite. Não é possível dobrar nem quadruplicar a quantidade de leitos”, justificou.
Segundo ele, o índice de ocupação de UTIs está em 88%. Mas, na avaliação de Covas, não basta se apegar à taxa de leitos preenchidos, é necessário que a população coopere antes do colapso total.
“Sem isso, não há leitos de UTI suficientes, caso toda a população fique doente ao mesmo tempo”, pontuou.
Na entrevista, Covas também cobrou mais vacinas, especialmente do governo federal, e disse que a prefeitura está negociando a compra de imunizantes com laboratórios.