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8/1: condenados violam tornozeleira e fogem do Brasil; veja quem são

Segundo levantamento, 51 pessoas suspeitas de participar do 8 de Janeiro têm mandados de prisão em aberto ou quebraram tornozeleiras

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Ato golpista de 8 de janeiro - Metrópoles
1 de 1 Ato golpista de 8 de janeiro - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Um levantamento feito com base em registros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como ordens de prisão e entrevistas com parentes, investigadores, amigos e advogados, aponta que ao menos 51 pessoas suspeitas de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 têm mandados de prisão em aberto ou fugiram do país.

De acordo com o UOL, deste grupo, 10 militantes bolsonaristas fugiram para o exterior neste ano pelas fronteiras de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). Os principais destinos deles foram a Argentina e o Uruguai.

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Jupira Rodrigues: condenada
Daniel Bressa: réu em ação penal
Alethea Soares: condenada
Rosana Gomes: condenada
Flávia Soares: investigada
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Fátima Aparecida Pleti: condenada

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Jupira Rodrigues: condenada

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Daniel Bressa: réu em ação penal

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Alethea Soares: condenada

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Rosana Gomes: condenada

Arquivo pessoal
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Flávia Soares: investigada

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Luiz Fernando Venâncio: réu em ação penal

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Ângelo Sotero: condenado

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Gilberto Ackermann: condenado

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Raquel Lopes: condenada

Sete dos fugitivos foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 10 anos de prisão por participarem de tentativa de golpe de Estado no 8 de Janeiro. Seis dos 10 fugitivos são mulheres, e a maioria é de estados do Sul (PR e SC) e do Sudeste (SP e MG). A idade média deles é de 50 anos.

O STF e a Polícia Federal (PF) não se manifestaram sobre as buscas. Não há alertas públicos da Interpol (polícia internacional) pelos fugitivos.

Fugitivos

Pelo menos um dos fugitivos afirma ter pedido asilo político à Argentina. As assessorias dos ministérios do Interior e das Relações Exteriores argentinos informaram ao UOL que não revelariam quem entrou no país ou quem pediu asilo por se tratarem de dados pessoais.

Pelas leis brasileiras, a destruição da tornozeleira e a fuga não aumentam a punição, mas o fugitivo perde o direito ao regime aberto e volta ao semiaberto ou fechado. Facilitar a fuga é crime punível com 5 meses a 2 anos de detenção.

Veja quem são os fugitivos:

  • Ângelo Sotero

Músico, 59 anos, de Blumenau (SC). Condenado a 15 anos e meio de prisão por tentativa de golpe de Estado e associação criminosa armada no 8 de Janeiro. Em depoimento, Sotero disse “ter tomado conhecimento de que seria preso quando estava no Palácio do Planalto, depois de um certo tempo sentado, orando”.

Meses após a prisão, ele foi solto sob a condição de manter o uso de tornozeleira. Há cerca de um mês, quebrou o equipamento e fugiu, segundo o advogado dele, Hemerson Barbosa.

Fontes dizem que Sotero se juntou a um grupo de 10 bolsonaristas e chegou à Argentina por meio da fronteira de Dionísio Cerqueira (SC). Embora afirme não ter incentivado a fuga, o defensor diz apoiá-la. Ele nega saber o paradeiro do cliente.

  • Gilberto Ackermann

Corretor de seguros, 50 anos, de Balneário Camboriú (SC). Foi condenado a 16 anos de prisão por participar do 8 de Janeiro, com a invasão ao Palácio do Planalto e a tentativa de golpe de Estado, e por deteriorar patrimônio tombado, entre outros crimes. Ele nega ter quebrado objetos no local.

A cunhada e advogada dele, Fabíola Paula Beê, diz que ele fugiu em 25 de abril e que a família não sabe para onde ele foi.

Segundo investigadores, Ackermann faz parte do mesmo grupo que fugiu para a Argentina com o músico Ângelo Sotero. A defensora tenta recursos no STF.

  • Raquel de Souza Lopes

Ela tem 51 anos e é de Joinville (SC). A Procuradoria-Geral da República (PGR) diz que ela destruiu bens. Raquel nega. Segundo investigadores e testemunhas, ela fugiu para a Argentina.

O filho dela, Acenil Francisco Júnior, diz não ter informações sobre a mãe ou sobre a fuga. “Faz tempo que não tenho notícia dela. Não sei dizer.”

A defesa, que também diz ignorar o paradeiro de Raquel, tenta recursos no STF.

  • Luiz Fernandes Venâncio

Empresário, 50 anos, de São Paulo (SP). Réu em ação penal no STF pelos ataques golpistas do 8 de Janeiro. Em vídeo gravado na Argentina, ele relata que fugiu do Brasil e que pediu asilo ao governo de Javier Milei, aliado de Jair Bolsonaro (PL). O advogado Cláudio Caivano diz que Venâncio aguarda audiência sobre um pedido de asilo.

No vídeo, Venâncio aparece em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, em Buenos Aires.

“Nós já entramos com processo para fazer a solicitação para que a gente obtenha nosso asilo político. Já fomos muito bem recebidos. Nós sabemos o quanto foi sofrido esse um ano com essa tornozeleira nos pés e a expectativa frustrada de alguns políticos. Eles colocaram isso no nosso pé e nós ficamos calados. Poucos foram os que [se] rebelaram”, afirmou o fugitivo.

A defesa dele reclama da falta de acesso ao inquérito que gerou a ação penal. Caivano reclama que as exigências de Moraes são muito severas em comparação com outros presos. “Uma pessoa não pode trabalhar, e aí é exarado mandado de prisão por descumprir cautelares”, critica o defensor.

Segundo o advogado, Venâncio estava na Praça dos Três Poderes, mas não invadiu nem depredou prédio algum.

Preso no dia seguinte aos ataques, ele conseguiu deixar a cadeia após obter liberdade condicional. No início deste ano, Venâncio saiu da área permitida para uso da tornozeleira. Questionado, pediu ampliação da área até Guarulhos (SP), para poder trabalhar.

A PGR pediu sua prisão, e o mandado foi expedido em 21 de março. A família e o advogado estimam que ele fugiu entre 1º e 20 de março.

  • Flávia Cordeiro Magalhães Soares

Empresária, 47 anos. Responde a investigações relacionadas a ataques contra o resultado das eleições de 2022. Segundo Alexandre de Moraes, Flávia “se utiliza de passaporte internacional para ingressar e sair do país sem se submeter às autoridades nacionais”.

Segundo o mandado de prisão em aberto, ela está foragida desde o início de fevereiro. Ela teve uma conta em rede social derrubada e faz parte de um movimento de direita chamado “Yes Brazil”.

Em vídeo de dezembro, ela afirmou possuir cidadania norte-americana e que só a usa porque “o Brasil está uma ditadura muito grande”.

Flávia também contou ter sido abordada pela Polícia Federal no aeroporto de Recife. Segundo ela, um policial disse que ela foi acusada de falsificar passaportes: “Ele [Alexandre de Moraes] é o Deus do Brasil”, criticou.

  • Alethea Verusca Soares

Ela tem 49 anos e é de São José dos Campos (SP). Condenada pelo STF a 17 anos de prisão por tentar um golpe de Estado, deteriorar patrimônio tombado e integrar associação criminosa armada. Ela entrou no Palácio do Planalto durante os atos golpistas.

Em depoimento, Alethea disse que seu objetivo era conseguir “mais transparência acerca de como ocorreram as votações e segurança das urnas eletrônicas”. Porém, ela nega depredações. Afirmou ter entrado no Palácio do Planalto porque “havia muitas bombas, e estava passando mal, chegando a vomitar numa lixeira”.

Ela foi presa, mas conseguiu a liberdade com uso de tornozeleira. No início de janeiro, Alethea fugiu para o Uruguai, pela fronteira de Santana do Livramento (RS).

Por causa da fuga, o STF ordenou o bloqueio de suas contas bancárias. Ao UOL uma fonte relatou que, do Uruguai, ela entrou na Argentina em 12 de abril.

  • Rosana Maciel Gomes

Ela tem 50 anos e é de Goiânia (GO). Condenada a 14 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e dano qualificado, entre outros crimes.

A PGR diz que ela participou de atos de depredação no 8 de Janeiro. Rosana nega, alegando que entrou no Palácio do Planalto porque helicópteros lançavam bombas de gás.

Ela foi presa e, depois, solta em liberdade condicional com tornozeleira. Está foragida desde 15 de janeiro, quando não compareceu ao juízo. A mulher fugiu para o Uruguai por meio da fronteira em Santana do Livramento (RS), a 2.145 km de seu endereço. De lá, chegou à Argentina.

Por causa da fuga, o STF confiscou suas contas bancárias.

  • Jupira Silvana da Cruz Rodrigues

A mulher tem 58 anos e é de Betim (MG). Condenada em setembro a 14 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa. Jupira entrou no Palácio do Planalto, mas nega a acusação do Ministério Público Federal (MPF) de quebrar vidros e objetos.

Ela fugiu para o Uruguai em janeiro deste ano, por meio da fronteira seca de Santana do Livramento (RS), segundo a PF.

  • Daniel Luciano Bressa

Pedreiro e vendedor, 37 anos, de Jussara (PR). Réu em ação penal, ele foi acusado pela PGR de participar dos ataques golpistas do 8 de Janeiro. Daniel nega ter entrado no Palácio do Planalto.

Laudo da PF que comparou imagens de Bressan às de uma pessoa que estava no prédio afirma que apenas a orelha do fugitivo se assemelha às imagens das câmeras de segurança. O advogado dele, Ezequiel Silveira, vai apresentar a defesa contra a denúncia nos próximos dias.

Segundo seus familiares, Bressan estava com dificuldade de trabalhar e resolveu sair do país. Em 24 de abril, Bressan disse em vídeo, publicado em rede social, que estava no exterior “devidamente documentado”. Em outro vídeo divulgado quatro dias depois, ele anuncia a venda de “pulseiras patriotas” para financiar fugitivos no exterior.

“Sou um preso político e, neste momento, um exilado político”, afirmou ele no vídeo em que oferece sua conta bancária no Brasil para receber as vendas. “Aqui no exílio não é fácil, longe da família.” Na última sexta-feira (10/5), ele ofereceu em rede social um Fiat Uno 2015 de cerca de R$ 35 mil em uma rifa virtual criada pelo primo Thiago.

  • Fátima Aparecida Pleti

Empresária, 61 anos, de Bauru (SP): condenada a 17 anos de prisão por tentar dar um golpe de Estado e tentar abolir o Estado Democrático de Direito. Depois do quebra-quebra em Brasília, ela foi detida, mas conseguiu liberdade condicional mediante o uso de tornozeleira.

Segundo a Justiça de Bauru (SP), o julgamento de Fátima começou em 22 de março. Quatro dias depois, ela quebrou sua tornozeleira. A autoridade penitenciária do governo de SP só informou o fato ao Judiciário duas semanas depois.

No dia seguinte, 8 de abril, o Judiciário estadual informou ao STF sobre a quebra da tornozeleira. Não há mandado de prisão público.

Em 2022, Fátima trabalhou na campanha de um candidato a deputado estadual do PL.

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