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125 milhões de brasileiros sofreram insegurança alimentar na pandemia

Estudo aponta que beneficiários do Bolsa Família e casas com crianças de até 4 anos foram as mais afetadas pela crise causada pela pandemia

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1 de 1 fome - Foto: Malte Mueller/GettyImages

Mais da metade das famílias brasileiras sofreram de insegurança alimentar durante a pandemia da Covid-19 no Brasil. Segundo um estudo do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, com sede na Universidade Livre de Berlim, 59,3% dos brasileiros (125,6 milhões) não comeram em quantidade e qualidade ideais desde o começo da pandemia, em março do ano passado.

O estudo, divulgado à Folha de S.Paulo, mediu os níveis de insegurança alimentar no país. O número aumenta quando comparado à pesquisa da Rede Brasileira em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), divulgada na semana passada. No estudo, 116,8 milhões de pessoas conviveram com algum grau de insegurança alimentar nos últimos três meses de 2020.

Na pesquisa do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça, foram utilizadas perguntas direcionadas a maiores de idade da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). Caso a resposta fosse “sim” para ao menos uma das perguntas, ele já estava vivendo em base de insegurança alimentar.

Uma das perguntas é, por exemplo, “Nos últimos três meses, os moradores tiveram preocupação que os alimentos acabassem antes de poderem comprar ou receber mais comida?”.

“A preocupação de que o alimento vai acabar e ter que tomar decisões para que isso não aconteça é ter psicologicamente a fome presente, mesmo que ainda não tenha se materializado”, explica Renata Motta, professora de sociologia da Universidade Livre de Berlim e coordenadora do estudo.

Bolsa Família

Segundo a reportagem, beneficiários do Bolsa Família são os que mais enfrentam problemas de insegurança alimentar no país, com 88,2%. Destes, 35% passam fome e outros 23,5% convivem com um nível moderado de insegurança alimentar.

Casas com crianças de até 4 anos apresentam índices de insegurança alimentar ainda mais críticos do que a média nacional: 29,3% destes domicílios comem em quantidade e qualidade ideal, enquanto 70,6% vivem algum nível de insegurança alimentar. São 20,5% aqueles que passam fome.

Aposentadoria

Casas que contam com recursos de aposentadoria registraram 46% de segurança alimentar, um nível melhor do que aquelas que recebem apenas o auxílio emergencial ofertado pelo governo durante a crise da Covid-19 ou o Bolsa Família.

A fome está presente em 25,5% das casas chefiadas por mulheres, quase o dobro da encontrada em domicílios em que a pessoa de referência é um homem, que representa 13,3%. Quando a pessoa é negra, a insegurança sobe para 67,5%.

Outro lado

Vendo de um outro ângulo, 54,2% dos entrevistados afirmaram que não houve mudança no consumo de alimentos industrializados, e 6,4% afirmaram que houve aumento.

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