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Xiomara Castro começa seu governo com covid e impasse legislativo

Presidenta tenta resolver conflito com dissidentes de seu próprio partido, o Libre

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Xiomara Castro
1 de 1 Xiomara Castro - Foto: Reprodução

A presidenta de Honduras, Xiomara Castro, anunciou ontem que testou positivo para covid e tem sintomas leves. Já a saúde política de seu governo, recém-empossado no dia 27 de janeiro inspira cuidados. Um racha entre deputados de seu partido, o Libre – Liberdade e Refundação – pela disputa do Legislativo se transformou em duas eleições e a formação de dois Parlamentos paralelos, abalando o início do primeiro governo progressista no país desde 2009.

A origem do imbróglio são as diferentes forças políticas que se uniram nas eleições de novembro passado contra Nasry Asfura, prefeito da capital do país e aliado do ex-presidente Juan Orlando Hernandéz, do direitista Partido Nacional de Honduras.

Mesmo com boas chances de vitória, o Libre fez um acordo com o candidato Salvador Nasralla, do Partido Salvador de Honduras (PSH). O apresentador de tevê desistiria da disputa presidencial para ser vice na chapa de Xiomara e o PSH ficava com a Presidência do Congresso. Trato feito, vitória nas eleições, a redenção da família Zelaya poderia virar filme – o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe de Estado em 2009 é marido de Xiomara. Faltou combinar com Jorge Cálix.

Há quatro dias da posse, vinte deputados do Libre, partido da presidenta, descumpriram o acordo, uniram-se a 44 deputados o Partido Nacional e outros grupos de direita e proclamaram Cálix presidente provisório do Congresso em votação realizada em um clube e pela internet. A coalizão de centro-esquerda amarrou outro acordo, realizou uma votação no Congresso e colocou na Presidência o deputado Luis Redondo, do PSH, validando o acordo eleitoral. Ele teve 98 dos 128 votos possíveis, mas com a participação de vários suplentes. 18 deputados do Libre foram expulsos do partido.

Para evitar conflitos legais, Xiomara tomou posse juramentada por uma juíza, sem a presença dos dois presidentes do Legislativo. Posteriormente, enviou projetos de lei que foram aprovados por Redondo, reconhecendo oficialmente sua Presidência.

A dissidência do Libre desfez o acordo porque o PSH de Redondo e Nasralla conseguiu 10 cadeiras nas últimas eleições. O partido da presidenta, 50. Apesar da crise, Cálix, aliado de longa data dos Zelaya, jamais deixou de apoiar Xiomara, comemorou a posse e afastou qualquer possibilidade de golpe junto à direita – mesmo porque não teria apoio popular para tal intento. O grupo quer mais espaço no governo.

E a presidenta entendeu o recado. Mesmo definindo-o como um “traidor”, em 26 de janeiro convidou Cálix para integrar seu gabinete. No twitter, o deputado defendeu o diálogo para resolver o conflito “sem paixões, pensando na estabilidade de Honduras”. Os deputados dissidentes autorizaram Cálix a negociar e representá-los. Já estamos no dia 7 e não há resposta do deputado. Se alcançar um acordo, Xiomara poderá enfim iniciar um governo progressista em um país com sérias dificuldades econômicas

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