Paulo Guedes carrega sua cruz de isopor sem saber até quando
Cerco fechado para o Posto Ipiranga. Os deboches de Ciro Gomes, João Doria e Alckmin. Bolsonaro pressionado pelo centrão
atualizado
Compartilhar notícia
Agarra-se, em desespero, às últimas forças que lhe restam, o ministro Paulo Guedes para não ter que abandonar o governo onde, até há pouco, era chamado pelo presidente Bolsonaro de “posto Ipiranga”, o dono de todas as respostas para a economia.
O termo “posto Ipiranga” apareceu pela primeira vez em julho de 2018, quando Bolsonaro, candidato que ainda não disparara nas pesquisas de intenção de voto, valeu-se dele para escapar a perguntas embaraçosas sobre economia e coisas afins.
À época, Ciro Gomes, candidato do PDT, debochou: “Virou um atributo: ‘Sei de nada não, vou chamar o posto Ipiranga’.” Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, foi na mesma linha ao saber de uma rusga entre Guedes e Bolsonaro: “O posto Ipiranga pegou fogo”.
Em março do ano passado, quando a pandemia da Covid-19 começou a deslanchar, Bolsonaro referiu-se a Guedes de uma maneira ainda carinhosa: “Mais que um posto Ipiranga, um amigo, um irmão. Estamos juntos nesse desafio pelo Brasil”.
O governador João Doria (PSDB-SP) foi impiedoso há quatro dias ao decretar: “Acabou o combustível do posto Ipiranga”. Guedes havia dito, entre outras besteiras, que o governo federal quebrou porque as pessoas querem viver mais de 100 anos.
Antes, dissera que a Covid era um vírus chinês. Depois, diria que o filho do porteiro do seu prédio zerou no vestibular, apesar da bolsa que recebeu do Fundo de Financiamento Estudantil, um programa do Ministério da Educação.
Mas com o Centrão
Semana infeliz para Guedes, um sujeito encantado pela própria voz. Mas não só por isso. Bolsonaro pode passar muito bem sem ele, só não pode perder o apoio do Centrão que cobra a cabeça de Guedes. Se ela não rolar, que ele vire um ministro decorativo.
De Guedes, a Brigadeiro Faria Lima, avenida de São Paulo onde está plantado o maior e mais importante centro financeiro do país, já não espera mais nada – salvo a prestação habitual de pequenos serviços a que está sujeito qualquer ministro da Economia.
A mídia, outrora poderosa aliada de Guedes, não o poupa mais de críticas, no máximo oferece espaço para que se defenda. Guedes fala em romper o cerco que se fecha em torno dele e ir para a ofensiva. Talvez não lhe reste mais tempo para isso.