Ministro que censura artistas homologou delação contra Alckmin
É como uma caixinha de lenços de papel: você puxa um e aparece outro; puxa o outro e aparece o seguinte
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro não tem do que se queixar do cearense Raul Araújo – em 2010 nomeado por Lula ao cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, desde setembro de 2020, ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Araújo considerou propaganda eleitoral antes do tempo as manifestações políticas de artistas no Festival Lollapalooza, proibindo-as. Há cinco dias, ele negou a retirada de outdoors com imagens de Bolsonaro no interior do Mato Grosso.
Em junho de 2021, por “serviços prestados ao país”, Araújo foi condecorado por Bolsonaro com a medalha da Ordem do Mérito da Defesa, no grau de grande-oficial. Um ano antes, ele homologou uma delação contra Geraldo Alckmin.
O delator, Marcelino Rafart de Seras, ex-presidente do grupo Ecorodovias, disse, em depoimentos mantidos sob sigilo por Araújo, que fez doações ilegais de dinheiro a Alckmin, e entregou farto material para mostrar como levantou o dinheiro.
Acontece que não apresentou nenhuma prova dos contatos que disse ter mantido com o Alckmin e seus colaboradores. Por isso, no último dia 10, o juiz Emílio Migliano Neto, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, arquivou o inquérito, a pedido do Ministério Público.
O acordo de delação premiada de Seras foi firmado com a Procuradoria-Geral da República em janeiro de 2020. À época, o procurador já era Augusto Aras, famoso por engavetar ações contra Bolsonaro e tocar adiante as que o beneficiam.
Fundador do PSDB, Alckmin governou São Paulo quatro vezes. Candidatou-se duas vezes a presidente e perdeu. Na última, em 2018, seu programa de propaganda na televisão bateu duro em Bolsonaro. Agora, será candidato a vice na chapa de Lula.