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Bolsonaro usa os militares para virar uma eleição, por ora, perdida

Seu objetivo é adiar a derrota à espera de um milagre

atualizado

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Orlando Brito
Bolsonaro e militares
1 de 1 Bolsonaro e militares - Foto: Orlando Brito

Muita gente finge que está tudo bem, e que as coisas são assim mesmo. No fim, nossas instituições são sólidas e a democracia prevalecerá. Mas não está tudo bem, e as coisas não são assim.

Não pode estar tudo bem, de jeito nenhum, quando o presidente da República coopta os comandantes das Forças Armadas para promover um comício no 7 de setembro a poucos dias das eleições.

O 7 de setembro, mesmo à época da ditadura de 64, sempre foi um desfile cívico militar, muito diferente do que está planejado para acontecer amanhã, no Rio, berço do bolsonarismo.

Bem disse a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal: eleitores precisam de sossego para refletir sobre como votarão em 2 de outubro. O destino do país está outra vez em suas mãos.

É por isso que a campanha tem data marcada para acabar nas ruas, no rádio e na televisão: o próximo dia 29. Os eleitores desfrutam de 48 horas de silêncio para amadurecer sua escolha.

Bolsonaro cancelou a parada militar na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio, para montar a sua em Copacabana. Os militares foram reduzidos à condição de animadores de auditório.

Bandas tocarão para atrair o público. A partir das 8h, e de hora em hora, haverá uma salva de tiros de canhão no Forte de Copacabana para acordar os que dormem e lembrá-los que Bolsonaro vem aí.

Barcos da Marinha se lançarão ao mar, bolsonaristas em jet-skis rivalizarão com pilotos de motos à espera do seu ídolo, e paraquedistas saltarão sobre a areia da praia.

A Esquadrilha da Fumaça sobrevoará parte da cidade em sinal de aviso de que o comício começará em breve, e que todos os patriotas de verdade não poderão faltar à luta do bem contra o mal.

Haverá um palanque à porta do Forte de Copacabana para abrigar Bolsonaro e seus convidados ilustres – entre eles, os 8 empresários investigados pela justiça sob a suspeita de estimularem um golpe.

Ainda não se sabe se Bolsonaro discursará, ou se apenas acenará para a multidão. E, se discursar, se pedirá votos, se voltará a atacar o ministro Alexandre de Moraes, ou se bancará o bonzinho.

Vai depender do humor dos bolsonaristas ali reunidos, dos cartazes, das faixas e do que elas falem. Bolsonaro se guia pela vontade  dos seus devotos, é escravo dela, como diz.

Sua situação nas pesquisas não é nada boa. Dos eleitores de Lula, segundo o Datafolha, 17% dizem que ainda podem votar em outro candidato. Dos eleitores de Bolsonaro, 16%.

Propõe Vinicius Torres Freire, colunista da Folha de S. Paulo:

“Suponha-se que Lula perca todos esses votos e não receba nenhum mais; e que Bolsonaro não perca eleitor algum e ganhe o voto de todos aqueles que afirmam considerá-lo como alternativa. Na ponta do lápis, daria empate em cerca de 37%”.

Na semana passada, Lula tinha 45% das intenções de voto, e Bolsonaro, 32%. Entre os candidatos à reeleição a cargos executivos em 2022, Bolsonaro é o mais mal avaliado de todos.

Para Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente do Ibope, a eleição presidencial poderia ser hoje: “A campanha demorou quase dois anos. Mas acabou. Falta o eleitor pôr o voto na urna”.

Se Montenegro estiver certo, se nenhum imprevisto de grande porte for capaz de reverter o rumo da eleição, Lula será eleito no primeiro ou no segundo turno. E o que fará Bolsonaro?

Acho que ele já foi longe demais na sua tentativa de desacreditar a segurança das urnas eletrônicas para, agora, recuar e apenas reconhecer o resultado das eleições em caso de derrota.

Se o golpe com o qual tanto sonha não for possível, ele precisa manter sua tropa unida para defendê-lo dos processos que dormem nas gavetas dos tribunais, mas que vão acordar.

Como manter a tropa unida a não ser dizendo que lhe roubaram a eleição? Não pode estar tudo bem quando o presidente teme passar o cargo e, em seguida, ser preso. Mas, ele fez por onde.

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