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A santa aliança em defesa da democracia e contra o golpismo

Te cuida, Bolsonaro!

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Chegada de autoridades ao Supremo Tribunal Federal (STF) para a sessão solene de Abertura do Ano Judiciário de 2023. No detalhe, Lula e Janja caminham na entrada do evento cercados pelos dragões da independência - Metrópoles
1 de 1 Chegada de autoridades ao Supremo Tribunal Federal (STF) para a sessão solene de Abertura do Ano Judiciário de 2023. No detalhe, Lula e Janja caminham na entrada do evento cercados pelos dragões da independência - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Os convidados para a sessão de reabertura do Supremo Tribunal Federal foram presenteados com um bóton em que, em um fundo amarelo, está escrito: “Democracia inabalada”.

A frase batiza uma campanha criada pelo próprio tribunal, no momento presidido pela ministra Rosa Weber, em resposta aos atos de vandalismo bolsonarista praticados em 8 de janeiro.

Rosa é uma ministra de poucas palavras. Ela só fala nos autos. E quando fala, aí se alonga e, na maioria das vezes, seu voto só é decifrado nos últimos parágrafos. Questão de estilo.

Mas ontem não foi assim. No trecho mais aplaudido do seu discurso, ela disse com a maior clareza:

“Assevero, em nome do Supremo Tribunal Federal, que, uma vez erguida da Justiça a clava forte sobre a violência cometida em oito de janeiro, os que a conceberam, os que a praticaram, os que a insuflaram e os que a financiaram serão responsabilizados com o rigor da lei nas diferentes esferas”.

(O telefone deve ter tocado de imediato na Flórida.)

E Rosa pregou a santa aliança:

“O ataque criminoso e covarde que vilipendiou as instituições da República e os símbolos do Estado Democrático de Direito confere intensidade ao convívio harmonioso entre os Poderes que compõem o Estado Brasileiro, fortalecendo a comunhão nacional em torno […] da prevalência da ideia democrática”.

Foi a senha para que as demais autoridades presentes, entre elas o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e o do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seguissem pela mesma vereda.

A poucas horas de ser reeleito, Pacheco foi parcimonioso. Segundo ele, o ataque golpista de 8 de novembro não será esquecido e “produzirá consequências severas aos responsáveis”.

À noite, depois de reeleito, Pacheco subiu o tom:

“O discurso de ódio, da mentira, o discurso golpista que aflige e afasta a democracia deve ser desestimulado, desmentido, combatido por todos. A democracia está de pé pelo trabalho de quem se dispõe ao diálogo e não ao confronto, defendendo e honrando esta Nação”.

Lula respondeu diretamente ao apelo de Rosa por entendimento entre os Poderes:

“Tenham a certeza de que, como em meus mandatos anteriores, a relação entre o Executivo, a Suprema Corte e o Poder Judiciário como um todo terá como alicerce o respeito institucional. O povo brasileiro não quer conflitos entre as instituições. Não quer agressões, intimidações nem o silêncio dos poderes constituídos”.

Foi com incredulidade e desprezo que muitos ministros do Supremo ouviram o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, declamar:

“Democracia, eu te amo, eu te amo, e eu te amo”.

 Aras virou meme. Faz por merecer.

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