A santa aliança em defesa da democracia e contra o golpismo
Te cuida, Bolsonaro!
atualizado
Compartilhar notícia
Os convidados para a sessão de reabertura do Supremo Tribunal Federal foram presenteados com um bóton em que, em um fundo amarelo, está escrito: “Democracia inabalada”.
A frase batiza uma campanha criada pelo próprio tribunal, no momento presidido pela ministra Rosa Weber, em resposta aos atos de vandalismo bolsonarista praticados em 8 de janeiro.
Rosa é uma ministra de poucas palavras. Ela só fala nos autos. E quando fala, aí se alonga e, na maioria das vezes, seu voto só é decifrado nos últimos parágrafos. Questão de estilo.
Mas ontem não foi assim. No trecho mais aplaudido do seu discurso, ela disse com a maior clareza:
“Assevero, em nome do Supremo Tribunal Federal, que, uma vez erguida da Justiça a clava forte sobre a violência cometida em oito de janeiro, os que a conceberam, os que a praticaram, os que a insuflaram e os que a financiaram serão responsabilizados com o rigor da lei nas diferentes esferas”.
(O telefone deve ter tocado de imediato na Flórida.)
E Rosa pregou a santa aliança:
“O ataque criminoso e covarde que vilipendiou as instituições da República e os símbolos do Estado Democrático de Direito confere intensidade ao convívio harmonioso entre os Poderes que compõem o Estado Brasileiro, fortalecendo a comunhão nacional em torno […] da prevalência da ideia democrática”.
Foi a senha para que as demais autoridades presentes, entre elas o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e o do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seguissem pela mesma vereda.
A poucas horas de ser reeleito, Pacheco foi parcimonioso. Segundo ele, o ataque golpista de 8 de novembro não será esquecido e “produzirá consequências severas aos responsáveis”.
À noite, depois de reeleito, Pacheco subiu o tom:
“O discurso de ódio, da mentira, o discurso golpista que aflige e afasta a democracia deve ser desestimulado, desmentido, combatido por todos. A democracia está de pé pelo trabalho de quem se dispõe ao diálogo e não ao confronto, defendendo e honrando esta Nação”.
Lula respondeu diretamente ao apelo de Rosa por entendimento entre os Poderes:
“Tenham a certeza de que, como em meus mandatos anteriores, a relação entre o Executivo, a Suprema Corte e o Poder Judiciário como um todo terá como alicerce o respeito institucional. O povo brasileiro não quer conflitos entre as instituições. Não quer agressões, intimidações nem o silêncio dos poderes constituídos”.
Foi com incredulidade e desprezo que muitos ministros do Supremo ouviram o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, declamar:
“Democracia, eu te amo, eu te amo, e eu te amo”.
Aras virou meme. Faz por merecer.