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Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por <strong>Ricardo Noblat</strong> e equipe

Blog do Noblat

1 10 2024

Charge do Aroeira

<p>Você já escolheu em quem votará para vereador de sua cidade no próximo domingo? Respostas dos leitores:<br />
Sim &#8211;<strong> 66%</strong><br />
Não &#8211; 34%</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-enquetes-quadrado-1"></div></div>
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ilustração de uma pessoa mexendo no celular -- match das urnas

ilustração de uma pessoa mexendo no celular  — match das urnas

Você e seu vereador

<p><em>“Tabata, se mulher votasse em mulher, você ia ganhar no primeiro turno. Mulher não vota em mulher. A mulher é inteligente. Se fosse assim, pobre votaria em pobre. Negro votaria em negro”</em>. (<strong>Pablo Marçal</strong>, candidato a prefeito de São Paulo)</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-frases-do-dia-quadrado-1"></div></div>
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Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo

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Frase do dia

Guga Noblat

<p><i>&#8220;Nós os consideramos nossos convidados. Assim que as circunstâncias permitirem, iremos libertá-los&#8221;.</i> (<b>Abo Obaida</b>, porta-voz das Brigadas Al-Qassam, o braço armado do Hamas, sobre os estrangeiros mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza)</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-frases-do-dia-quadrado-1"></div></div>
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<p>Abo Obaida, Hamas </p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-geral-quadrado-1"></div></div>
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Abo Obaida

Israel x Hamas: países temem escalada, mas travam acordo contra guerra

Embaixada de Israel faz cartazes anti-Hamas: “terroristas palestinos”

Hamas diz que libertará os estrangeiros reféns em Gaza: “Convidados”

Hamas divulga vídeo de suposta refém raptada em Israel; veja

Frase do dia | Metrópoles

Da Redação

<p>Fascinantes os desafios com que a tecnologia e a política modernas se confrontam. Como lidar com a rápida evolução da inteligência artificial? Como prevenir a próxima pandemia e travar o avanço das bactérias multirresistentes? Como levar a cabo uma transição energética sem prejuízos económicos e sociais? E a habitação? E o combate à desinformação?</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-1"></div></div>
<p>Mas depois há outras questões que parecem nos fazer recuar à Idade Média. Aqui, nos Estados Unidos, prossegue o debate sobre como é que se pode executar um preso de forma razoavelmente humana, limpa e silenciosa. Há 27 estados norte-americanos que continuam a prever a pena de morte (ainda que em oito destes vigorem moratórias), para além da justiça federal e da militar.</p>
<p>A última semana foi particularmente mortífera, com cinco execuções em cinco estados e a ser atingida a marca das 1600 pessoas executadas nos Estados Unidos desde 1977, um ano depois de o Supremo Tribunal ter reinstaurado a pena de morte. Desde então, a esmagadora maioria dos condenados morreu por injeção letal, com a opção pela cadeira elétrica, a câmara de gás e o enforcamento a cair em desuso devido ao sofrimento causado. Mas os estados norte-americanos têm tido cada vez mais dificuldades em obter as substâncias utilizadas nas injeções letais devido ao boicote das farmacêuticas internacionais. O obstáculo gerou uma macabra procura por métodos alternativos de execução.</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>Há agora cinco estados que podem recorrer a pelotões de fuzilamento (Idaho, Utah, Carolina do Sul, Mississippi e Oklahoma) e um sexto (o Tennessee) onde esta hipótese está a fazer o seu percurso legislativo. A morte a tiro &#8220;é muito mais instantânea e muito menos dolorosa&#8221;, argumentou em 2021 um dos autores da medida na Carolina do Sul, o senador estadual democrata Dick Harpootlian. Os seus opositores, contudo, alertam que a morte não é instantânea nem indolor, podendo em teoria o condenado sobreviver momentaneamente a uma salva de tiros, pelo que o castigo cai na categoria do &#8220;cruel e invulgar&#8221; que tanto a constituição americana como a Declaração Universal dos Direitos Humanos proíbem.</p>
<p>Surgiu então, já este ano, a opção pela inalação de azoto, uma &#8220;alternativa humana&#8221;, como alegam os seus proponentes, que priva o corpo de oxigénio e causa uma morte supostamente rápida e indolor. O estado do Alabama foi o primeiro a aplicar o método, mas os resultados não têm correspondido às expectativas.</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>Em janeiro, Kenneth Smith foi a cobaia involuntária do novo método. Imobilizado numa maca e com uma máscara no rosto, o condenado por homicídio ter-se-á contorcido e tremido em sofrimento durante cinco minutos e a sua morte só foi declarada cerca de 20 minutos depois. Há dias, também no Alabama, Alan E. Miller tornou-se no segundo condenado executado com azoto. Também desta vez, o preso contorceu-se e agitou-se durante vários minutos até morrer.</p>
<p>Se a perspectiva de submeter alguém a uma morte desnecessariamente desumana e dolorosa não fosse suficientemente pavorosa, eis uma hipótese estarrecedora: a de executar um inocente.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-2"></div></div>
<p>Na semana passada, a justiça japonesa absolveu um homem de 88 anos que tinha sido condenado à pena de morte em 1968 por um quádruplo homicídio. Iwao Hakamada era, em todo o mundo, o indivíduo há mais tempo num corredor da morte, concluindo-se agora que tinha sido injustamente condenado através de provas fabricadas e de uma confissão arrancada sob tortura.</p>
<p>Hakamada teve a &#8220;sorte&#8221; de o Japão manter os seus condenados por períodos recorde de tempo à espera da execução, que acontece quase sem aviso prévio. No seu caso, esperava há já 56 anos, o tempo que levou até que a justiça japonesa assumisse o seu erro.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="denakop-ad-square-1"></div></div>
<p>Já no caso de Marcellus Williams, um dos cinco norte-americanos executados na semana passada, a justiça do estado do Missouri decidiu não dar relevo às muitas dúvidas em torno da sua condenação. Aos 55 anos, Williams tinha passado 23 à espera da morte, enquanto os seus advogados e a organização The Innocence Project pediam a sua exoneração até ao último segundo, apontando erros na realização de perícias, suspeitas de racismo dos magistrados e a falta de credibilidade de duas testemunhas-chave que tinham resultado na sua condenação, em 2001, pela morte de Felicia Gayle – cuja família já tinha até mostrado que via com bons olhos a comutação da sentença em prisão perpétua. Morreu na terça-feira, por injeção letal, sem que tivessem sido cabalmente afastadas todas as dúvidas razoáveis em torno da sua culpa.</p>
<p>As eleições presidenciais norte-americanas de novembro não deverão trazer novidades neste campo. O Presidente Joe Biden, ainda na Casa Branca, tinha feito campanha pela abolição da pena de morte, mas não fez mais que suspender as execuções em casos federais, sem cumprir a promessa de acabar com a punição. A sua vice-presidente, Kamala Harris, que durante muitos anos se opôs publicamente à pena de morte, mantém-se em silêncio sobre o assunto nesta campanha, no quadro de uma viragem mais vasta ao centro que disputa com Donald Trump (não que este se tenha moderado, atenção).</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038" class="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038"></div></div>
<p>O candidato republicano, esse, é um vocal defensor da pena capital e já prometeu que irá lutar pela sua aplicação num leque maior de crimes, desde o tráfico de droga até às fugas de informação. Há um ano, a Rolling Stone citava fontes da campanha republicana sobre o que Trump pensa sobre o assunto: multiplicar pelotões de fuzilamento, recuperar o enforcamento e talvez mesmo a guilhotina, e, porque não, divulgar vídeos das execuções para dissuadir potenciais criminosos.</p>
<p>Em novembro, até a morte vai a votos.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-3"></div></div>
<p>&nbsp;</p>
<p>(Transcrito do PÚBLICO)</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-4"></div></div>


Pena de morte é legalizada no estado

Como matar alguém de forma limpa? (Por Pedro Guerreiro)

<p>Votação municipal, como se sabe, é coisa antiga no Brasil. Em 1532 votou-se em São Vicente de acordo com as Ordenações Manuelinas, na terceira edição, a de 1521, que mandou destruir todos os exemplares das anteriores. Claro que, tendo sido impressas ainda nas prensas manuais, os exemplares não chegavam a estes confins da metade portuguesa do mundo — e as regras eram transmitidas de boca em boca, de carta em carta até chegar à vila do Bacharel da Cananeia: em 1526 eram “dez ou doze casas, uma feita de pedra com seus telhados e uma torre para defesa contra os índios em caso de necessidade […] providos de coisas da terra, de galinhas de Espanha e de porcos, com abundância de hortaliças”; mas Martim Afonso de Sousa aí chegara com colonos e foi logo uma profusão de construções e tudo civilizou-se e logo logo votou-se com independência em quem tinha que ser votado: os “homens bons” diziam seis nomes ao pé do ouvido do escrivão e os seis mais votados eram os eleitores, divididos em três duplas pelo juiz da comarca, que formavam três listas cada para os cargos de vereadores, procuradores e juízes, listas que eram rearranjadas para forma três listas anuais, cada uma delas inserida num pelouro — uma bola de cera —, e estes postos num saco guardado numa arca aberta em janeiro de onde um menino de até sete anos escolhia o pelouro com a lista dos nomeados para o ano. Sistema singelo e bom.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-1"></div></div>
<p>Muito tempo depois passamos pelo sistema que João Francisco Lisboa chamou de “a cacete” — bem, parece que em alguns lugares eles não leram o nosso grande historiador e não sabem que cacete não combina com urna eletrônica.</p>
<p>Agora vota-se de acordo com a última mentira — as palavras da língua portuguesa são meio rudes e dolorosas, os candidatos estão livres para usar a língua de Trump, fake news —, com as últimas fake news, com a última calúnia lançada nas redes sociais.</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>As redes sociais, como se sabe, são neutras, quem quiser usá-las bem, use-as para o bem; outros, maus, usam-nas para o mal. Felizmente aqui no Brasil ninguém está culpando os haitianos de comerem os pets, só acusamos os outros de ladrões e assassinos. Essas acusações são um legado histórico, já o padre António Vieira, pregando diante do rei de Portugal, disse que “os príncipes são companheiros dos ladrões”.</p>
<p>É claro que fomos formando outras tradições. Antigamente o voto de protesto era o voto nulo. Nulificado este, já que é desconsiderado, e não se podendo votar no nome que vier à cabeça, como Cacareco, vota-se no teatro do absurdo, no nome de candidato mais improvável e que representa a negação do sistema, como o pobre palhaço Tiririca que chegou a ter vergonha dos seus colegas.</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>Mas eleição é também coisa séria. E então temos que pensar que nosso voto tem consequências. Chova ou faça sol, serão eleitos os mais votados, e quem diz quem são os mais votados é a soma dos nossos votos com os votos dos vizinhos. Posta a lista dos candidatos pelos partidos, não no pelouro, mas na urna, somos nós quem apertaremos os botões com os números — afinal, no séc. XXI, o que é um nome senão uma forma arcaica de notação identitária — em que confiamos. Somos nós que temos o peso de escolher bem ou escolher mal.</p>
<p>Assim, no domingo, vamos escolher com consciência. Pensar nas qualidades — e nos defeitos, se houver — de cada um, nos programas de governo, nas propostas de ação, nos compromissos assumidos. Votemos e, se Deus quiser, votemos bem! É o aprendizado da Democracia.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-2"></div></div>
<p><em>José Sarney, ex-presidente</em></p>
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Urna eletrônica

Hora de votar (por José Sarney)

<p>Era o fim da tarde de domingo, uma semana antes de se fecharem as zonas de votação em todo o país, quando um sorridente Milton Nascimento, a bordo de um carro à beira-mar, contava a história do “moço que também se chamava estrada, viagem de ventania”.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-1"></div></div>
<p>O vídeo da conversa circulou na manhã de segunda-feira, em seu perfil nas redes sociais. Aos 81 anos, ele recordava o nascimento da canção, ainda apenas instrumental, parceria sua com Lô Borges.</p>
<p>E também como ela ganhou letra de Márcio Borges e o nome de Clube da Esquina 2, após pedido de Nana Caymmi. Pois foi Nana quem primeiro a gravou em seu disco de 1979, lançado quatro meses antes da Lei da Anistia, preâmbulo da abertura política.</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>Depois a canção ganhou o mundo na voz de Milton Nascimento, que a repetia como um mantra de liberdade e justiça quando ele mesmo, para se apresentar, ganhava as estradas em suas viagens de ventania.</p>
<p>“Porque se chamavam homens também se chamavam sonhos”, cantava Milton, naqueles tempos em que o ar era mais denso que o das atuais queimadas espalhadas pelo país. “E os sonhos”, prosseguia, “não envelhecem”.</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>No máximo, admitia, “em meio a tantos gases lacrimogênios”, eles ficam “calmos, calmos, calmos”. Não precisava dizer mais, naquele tempo de metáforas. A poesia encontrava suas brechas para dizer o que precisava ser dito.</p>
<p>Pois na mesma manhã de segunda-feira em que foi divulgado o vídeo, por vários outros meios também se publicavam notícias sobre um dos últimos debates antes do primeiro turno das eleições para a prefeitura de São Paulo.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-2"></div></div>
<p>Ali, na mesma cidade em que se reuniram centenas de milhares de pessoas nos comícios em favor da realização de eleições diretas, em 1984, em que opositores do regime militar traçavam os próximos passos para alcançar a democracia, o debate agora era outro.</p>
<p>Os ouvintes do programa podiam ficar sabendo se um dos candidatos havia experimentado alguma droga em sua vida. Também eram informados que, na opinião de outro candidato, mulher que é mesmo inteligente não vota em mulher.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="denakop-ad-square-1"></div></div>
<p>E por aí foram, entre socos e cadeiradas, os debates nesta que é a maior e mais rica cidade brasileira. E que já revelou para a política gente como Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e o atual presidente Lula.</p>
<p>A baixaria não ocorreu por acaso. Foi bem planejada, como uma espécie de passaporte para o protagonismo. Pode ser que funcione. Em várias partes do mundo vêm conquistando espaço populistas de extrema direita.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038" class="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038"></div></div>
<p>Ainda no domingo a Áustria, terra natal de Adolf Hitler, deu ao Partido da Liberdade, de ultradireita, 29,2% dos votos, contra 26,2% dos tradicionais conservadores austríacos.</p>
<p>O populismo de direita já governa a Itália e chega perto do poder na Alemanha e nos Estados Unidos de Donald Trump. Para quem se preocupa com a saúde da democracia, essas notícias soam como um pesadelo tardio.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-3"></div></div>
<p>Temos falado mesmo muito em pesadelos. Basta lembrar das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, das onipotentes redes sociais e dos desafios da inteligência artificial. Sem contar as persistentes desigualdades sociais e as ameaçadoras mudanças climáticas.</p>
<p>E os sonhos? Se o microcosmo da eleição de São Paulo for um exemplo válido, eles andam escassos e modestos. Os poucos que são divulgados pelas vozes dos candidatos são rapidamente ofuscados pela mais recente intriga na campanha. Acaso?</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-4"></div></div>
<p>Os sonhos que não envelhecem, de fato eternizados pela voz de Milton Nascimento, não foram descritos na canção. Nem precisavam. Eram tempos de resistência à opressão, que se espalhava pelos palcos, pelas ruas, pelas universidades.</p>
<p>A letra de Clube da Esquina 2 se engaja na luta pela liberdade, pelo direito de escolher seus representantes, pela construção de uma sociedade menos desigual e mais fraterna.</p>
<p>Esses sonhos ainda estão por aí, nos corações dos mais velhos que experimentaram tempos difíceis e dos mais jovens que não acreditam no poder do mindset. Mas andam dispersos e ofuscados pela versão mais reacionária do conservadorismo.</p>
<p>Em São Paulo, como nos demais 5567 municípios onde haverá eleições no domingo, é tempo de pensar no que queremos para nossas cidades e para nosso país. Os sonhos ainda podem nos despertar para a busca de um futuro mais justo e humano.</p>
<p>&nbsp;</p>
<p><em>Marcos Magalhães. Jornalista especializado em temas globais, com mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Southampton (Inglaterra), apresentou na TV Senado o programa Cidadania Mundo. Iniciou a carreira em 1982, como repórter da revista Veja para a região amazônica. Em Brasília, a partir de 1985, trabalhou nas sucursais de Jornal do Brasil, IstoÉ, Gazeta Mercantil, Manchete e Estado de S. Paulo, antes de ingressar na Comunicação Social do Senado, onde permaneceu até o fim de 2018.</em></p>


Desigualdade Social

Os sonhos ainda não envelhecem (por Marcos Magalhães)

<p>Rebeldes iraquianos detonaram nesta manhã em Bagdá três carros-bomba perto de um comboio de militares dos Estados Unidos, causando a morte de 42 pessoas &#8211;35 crianças e sete adultos. Outras 139 se feriram, segundo o Ministério da Saúde do Iraque.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-ricardo-noblat-quadrado-1"></div></div>
<p>É o maior registro de crianças mortas em um único ataque rebelde desde a invasão do Iraque pelos Estados Unidos há 17 meses. Dez soldados americanos também ficaram feridos, dois deles em estado grave.</p>
<p>Em outro ataque, um rebelde suicida explodiu o veículo em que estava perto de um posto de checagem do exército americano, a sudoeste de Bagdá, matando dois policiais iraquianos e um soldado americano. Cerca de 60 pessoas ficaram feridas.</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>Em ação separada, na cidade de Tal Afar, perto da fronteira com a Síria, um carro bomba matou mais quatro pessoas.</p>
<p>Nesta madrugada, o exército americano atacou a cidade de Faluja, a 50 km de Bagdá. Pelo menos três pessoas morreram e oito ficaram feridas.</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>Um grupo terrorista iraquiano anunciou nesta quinta-feira o sequestro de dez pessoas que trabalhavam em uma fábrica de equipamentos eletrônicos.</p>
<p>Um avião BA 983, da empresa aérea britânica British Airways, que fazia um voo de Berlim (Alemanha) a Londres (Reino Unido), com 118 passageiros e seis tripulantes, fez hoje um pouso de emergência no aeroporto Schiphol, em Amsterdã (Holanda), após receber um alerta de bomba.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-ricardo-noblat-quadrado-2"></div></div>
<p>Enquanto isso, tropas israelenses fizeram uma incursão profunda num campo de refugiados palestinos, a primeira em quatro anos de combate, depois que um foguete palestino matou duas crianças israelenses. Vinte e três palestinos foram mortos e pelo menos 108 ficaram feridos.</p>
<p>&nbsp;</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="denakop-ad-square-1"></div></div>
<p>(Publicado aqui em 1º de outubro de 2004)</p>
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Rua com carros e construções árabes cobertos por uma grossa camada de areia, céu alaranjado e com poeira - Metrópoles

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Boletim sobre um mundo cada vez mais inseguro

<p>Sou mais velho do que a China. Quero dizer: mais velho do que a República Popular da China (中华人民共和国), que hoje completa 75 anos. Completei 75 anos em agosto.  A China é o maior país da Ásia Oriental e o segundo mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, superado apenas pela Índia.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-ricardo-noblat-quadrado-1"></div></div>
<p>Evidências arqueológicas sugerem que os primeiros hominídeos habitaram a China entre 250 mil a 2,24 milhões de anos atrás. O termo “China” foi registrado pela primeira vez em 1516 no diário do explorador português Duarte Barbosa.  Hoje, a China é a maior potência econômica do planeta em paridade de poder de compra.</p>
<p>15.460 quilômetros separam Pequim do Recife, onde eu morava em 1968 quando meu caminho cruzou com o da China pela primeira vez. Eu estudava jornalismo na Universidade Católica e era o segundo secretário do Diretório da Faculdade de Filosofia. Ali, predominava a influência da Ação Popular (AP).</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>Nascida do ventre da Igreja Católica, a AP ainda não se dizia marxista-leninista. Mas já começava a rezar pela cartilha de Mao Tsé-Tung, líder comunista e pai da República Popular da China. Com frequência, nós do Diretório nos reuníamos para ler e discutir nos fins de semana “O Livro Vermelho” do presidente Mao.</p>
<p>Algumas das tiradas de Mao ficaram famosas” e as sabíamos de cor:</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>“A política é uma guerra sem derramamento de sangue, e a guerra uma política com derramamento de sangue.”</p>
<p>“Somos a favor da abolição da guerra, não a queremos. Mas a guerra só pode ser abolida com a guerra.”</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-ricardo-noblat-quadrado-2"></div></div>
<p>“O poder nasce da ponta do cano de um fuzil.”</p>
<p>“Comunismo não é amor, comunismo é um martelo com o qual se golpeia o inimigo”.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="denakop-ad-square-1"></div></div>
<p>Entre meus colegas do Diretório, meu voto era chamado de “vacilante”. Ora eu votava com a AP, ora com o Partido Comunista Brasileiro (PARTIDÃO), ora com o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Não havia espaço para a direita no movimento estudantil. Mas nunca fui comunista.</p>
<p>O que não impediu que eu fosse preso quatro vezes naquele e no ano seguinte. A ditadura militar de 64 no Brasil tirou a máscara e se assumiu como tal no turbulento ano de 1968. Perdi amigos que lutaram de armas nas mãos para derrubá-la e foram mortos. Escolhi combatê-la denunciando os seus crimes sempre que pude.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038" class="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038"></div></div>
<p>Para mim, liberdade e autoritarismo são inconciliáveis como água e óleo. As moléculas de ambos têm propriedades diferentes que fazem com que não se misturem. Ditaduras podem ser de direita ou de esquerda, mas não deixam de ser ditaduras que para se manterem garroteiam a liberdade. Vivi 21 anos sob uma.</p>
<p>A segunda vez que meu caminho cruzou com o da China foi em 2020, quando o vírus da Covid-19 migrou de um mercado chinês para o mundo, e aqui matou mais de 700 mil pessoas, graças, em parte, ao governo mais irresponsável da nossa história recente. O vírus não me pegou, mas pegou meus familiares.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-ricardo-noblat-quadrado-3"></div></div>
<p>Mao Tsé-Tung governou a China com mão de ferro até à sua morte. Foi festejado pelos maiores chefes de Estado da sua época. Os Estados Unidos se juntaram a ele para enfraquecer o poder da então União Soviética. A União Soviética acabou, dando lugar à Rússia de Vladimir Putin. O Império do Meio só se fortalece.</p>
<p>Feliz aniversário!</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-ricardo-noblat-quadrado-4"></div></div>


xangai shangai china

Eu, a China, e assim se passaram 75 anos

Camila Xavier

<p>A cinco dias do primeiro turno da <a href="https://www.metropoles.com/tag/elei%C3%A7%C3%B5es-2024" target="_blank" rel="noopener">eleição</a> que ocorrerá no próximo domingo (6/10), pesquisas mostram não apenas os cenários para a votação deste ano, mas também os possíveis caminhos da política nacional para os anos seguintes.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-quadrado-1"></div></div>
<p>Um desses movimentos é o fortalecimento da direita e dos partidos do <a href="https://www.metropoles.com/tag/centrao" target="_blank" rel="noopener">Centrão</a>, que têm dominado nas capitais. Se confirmado, isso pode significar a manutenção da atual composição do Congresso nas eleições de 2026.</p>
<p>Confira as sete principais tendências:</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<h3>1. O poder do mandato</h3>
<p>As eleições de 2024 são consideradas “normais”, pois devem ser definidas, sobretudo, com base na “incumbência”, explica Antonio Lavareda, cientista político e presidente do conselho científico do Ipespe. Ou seja: a avaliação dos prefeitos em exercício pode ser decisiva para a reeleição dos que se lançaram como candidatos.</p>
<p>Segundo Lavareda, cerca de 80% dos prefeitos candidatos à reeleição lideram a disputa nos grandes municípios.</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<h3>2. A vez do Centrão</h3>
<p>A direita e os partidos do chamado Centrão lideram esta corrida eleitoral. Para Lavareda, o movimento acontece por conta do recuo de partidos como PSDB e, em menor grau, MDB.</p>
<p>Haverá uma dominância do União Brasil, PL e PSD. Segundo o agregador de pesquisas da CNN, nas cidades com mais de 200 mil eleitores, o União lidera em 16, o PL em 15 e o PSD em 14.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-quadrado-2"></div></div>
<blockquote><p>“Em 15 capitais, os partidos que têm o maior número de candidatos liderando são o PSD, o União Brasil e o PL”, diz Lavareda.</p></blockquote>
<p>Pesquisas reunidas por Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) e consultor independente, sugerem que nas grandes cidades, com mais de 200 mil eleitores, o União Brasil deve eleger o maior número de prefeitos, seguido pelo PSD e pelo PL.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="denakop-ad-square-1"></div></div>
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<h3>3. Sinais para 2026</h3>
<p>O processo de consolidação do centrão certamente terá reflexos nas eleições gerais de 2026, avalia Barreto. A tendência é que o Congresso continue com um perfil conservador. Isso significa que um presidente de esquerda terá dificuldade para governar.</p>
<h3>4. Influência de Bolsonaro e Lula</h3>
<p>Apesar de a avaliação dos atuais prefeitos ser o elemento mais relevante nas eleições deste ano, Barreto acredita que a polarização política entre direita e esquerda influenciará os resultados do próximo domingo (6/10). “A política nacional vai se transferir um pouco para a política local. A prova disso é que veremos o crescimento do PL e uma recuperação do PT”, acredita Barreto.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038" class="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038"></div></div>
<p>Ele atribui o crescimento do PL a dois fatores: a influência do ex-presidente <a href="https://www.metropoles.com/brasil/jair-bolsonaro" target="_blank" rel="noopener">Jair Bolsonaro</a> e o Fundo Partidário.</p>
<p>Em relação à recuperação do PT – que não elegeu prefeitos nas capitais em 2020 –, Barreto pontua que ela será menos expressiva. Uma das razões é que parte expressiva dos brasileiros avalia mal o governo. “A economia está crescendo e o <a href="https://www.metropoles.com/tag/lula" target="_blank" rel="noopener">presidente Lula</a> continua com indicadores de popularidade muito baixos”, ele observa.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-quadrado-3"></div></div>
<h3>5. Decisão em primeiro turno</h3>
<p>Em 60% ou 65% das capitais onde os atuais prefeitos concorrem à reeleição, a disputa deve ser resolvida no primeiro turno, aposta Lavareda. Entre as capitais onde talvez não haja segundo turno, estão: Boa Vista, Florianópolis, João Pessoa, Macapá, Maceió, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória.</p>
<h3>6. A rejeição decide o segundo turno</h3>
<p>O segundo momento de votação tende a refletir o cenário do primeiro turno, explica Lavareda: “são os mesmos candidatos que saem do primeiro turno, deixando o segundo turno mais ou menos já configurado”.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-quadrado-4"></div></div>
<p>Um fator decisivo a ser observado nas cidades que tiverem segundo turno é a rejeição, ele analisa. É mais comum o eleitor <a href="https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2024/Setembro/faltam-7-dias-confira-como-consultar-o-local-de-votacao" target="_blank" rel="noopener">votar</a> “para impedir que o candidato que ele não gosta vença, do que para escolher aquela pessoa que ele realmente acha mais capacitada”, acrescenta Barreto.</p>
<h3>7. A propaganda eleitoral</h3>
<p>Apesar da discussão sobre a força das redes sociais, o tempo de propaganda eleitoral na televisão ainda é importante, diz Lavareda:</p>
<h3>“Aqueles candidatos com mais tempo de televisão, praticamente todos eles, cresceram bastante após o início da propaganda na TV”.</h3>
<p>Segundo um levantamento do Ipespe/Analítica, 85% dos candidatos que estão em primeiro ou segundo lugar têm o primeiro ou o segundo maior tempo de TV, apontou ele.</p>


Imagem colorida de cidadão votando em Urna eletrônica TSE candidatos - Metrópoles

urnas-eletrônicas-teste-de-segurança-TSE (1)

Tudo que você precisa saber sobre a eleição do próximo domingo

Marco Miguel

<p>Associamos o coronelismo a toda concentração de poder. A expressão exemplifica a influência política dos donos de terra no Nordeste na metade do século passado, e une Lira, Calheiros, Sarney, se espalhou para todas as análises políticas. Carmén Lúcia, essa semana, falou em “coronelismo digital” ao falar do poder das plataformas e empresas de tecnologia. O antropólogo Jorge Mattar Villela refuta a origem do conceito. Ao invés de um poder centralizador que domina o Estado, ele constrói a ideia de alianças temporárias de famílias, vinculadas a interesses políticos e vinganças.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-quadrado-1"></div></div>
<p>O jurista Victor Nunes Leal foi quem divulgou a ideia em seu livro “Coronelismo, Enxada e Voto”, de 1948, em que relatou a relação e a influência dos grandes proprietários de terra com o poder público, trabalho e democracia – marcadamente nas eleições, com o voto de cabresto nos currais eleitorais, isto é, gente que sob seu domínio votava no candidato do “coroné”. Legal lembrar que o título militar foi dado aos fazendeiros que apoiaram as ações da Guarda Nacional contra as revoltas populares, entre a Regência e o início da República. A Guarda findou, ficou o prestígio.</p>
<p>Vilela considera uma explicação simplista acreditar no poder centralizado e exclusivista do coronel, do “soba”, do “chefete do baraço e do cutelo”, do “mandão de campanário”. Ele enxerga um poder descentralizado e baseado em alianças familiares temporárias alimentadas por interesses políticos e vinganças de sangue – e muitas vezes essas vinganças, que eram comuns, determinavam as celebrações ou rupturas desses acordos.</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>“Nas grandes brigas de famílias, havia gente capaz de arregimentar, ou atrair, vários microgrupos de base familiar formando bandos instáveis de mais de cem homens armados, voltados para o ataque a um inimigo”, explica no texto. O antropólogo define que a organização social e a política dessa região era estruturada por essas redes familiares, deixando o Estado em segundo plano.</p>
<p>Em um lugar em todo mundo vestia calça, camisa e um revólver ou espingarda, um “povo em armas”, com ele escreve, existiam altos níveis de autonomia nos conflitos. Como se poderia viver sob esse regime de submissão a um senhor de terras sem que houvesse um episódio de revolta?, pergunta. A gestão municipal ficava à margem ou era tragada por essas intrigas.</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>Ao invés do coronel, ele destaca o inspetor de quarteirão, um delegado que mantinha a ordem pública onde não havia quadros institucionais de segurança. Eram mediadores que “impediram que uma convivência de conflito iminente escapasse para o conflito permanente” costurando vínculos e resolvendo desavenças sob o manto da violência. Expulsava ladrões, combatia cangaceiros, silenciava embates entre vizinhos, com o auxílio de parentes para formar esse grupo.<br />
Seu trabalho, um mergulho de 20 anos em mais de um século de história social e política, desembocou em três livros e está resumido no artigo A Antropologia do Sertão de Pernambuco. Pajeú e Navio, publicado na Revista de Antropologia da UFSCar.</p>
<p>Ao fazer uma ponte com a política atual, o pesquisador disse à Revista da Fapesp que “de uma certa forma, essas coisas acontecem em qualquer lugar. Podem acontecer, por exemplo, na avenida Faria Lima, em São Paulo. Um escritório lobista da Faria Lima também é power-user da democracia e da economia. Não é uma coisa de gente pobre periférica, é de gente que está colada à obtenção de recursos gerados no Estado nacional. A segmentaridade do voto, as complexas negociações intergrupais, as alianças familiares e locais continuam presentes, e dão o tom ao processo”, conclui.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-quadrado-2"></div></div>
</p>

Sertão

Um outro olhar para o coronelismo

<p>Por Leonardo Barreto</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-1"></div></div>
<p>Em um país com histórico imenso de miséria e desigualdade de renda, é herético perguntar se o volume de recursos transferidos para a base da pirâmide está excessivo. Tanto a esquerda quanto a direita irão considerar os fluxos redistributivos atuais como fato dado e cogitar suas estratégias a partir daí.</p>
<p>E qual é esse patamar? Um trabalho produzido pelo site Poder 360 estimou que o custo da política de bem-estar social gira em torno de R$ 327 bilhões. Cerca de 44% dos brasileiros estão no Cadastro Social Único (94 milhões) e 1 em cada 4 brasileiros está no Bolsa Família.</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>Os valores e os números de beneficiários tiveram aumentos exponenciais em dois momentos: na pandemia da COVID e nas eleições de 2022, em uma tentativa de Jair Bolsonaro de buscar votos na base de eleitores de Lula. Desde então, o petista tem fortalecido as políticas de transferência, um aumento de 24% apenas neste ano. Uma família de até cinco pessoas pode chegar a ganhar por mês, somando outros benefícios estaduais e municipais, até R$ 1.763,50 por mês, o que daria para comprar pouco mais de duas cestas básicas.</p>
<p>Chama atenção que em 12 dos 27 estados há mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada. Além do impacto fiscal, o efeito sobre o mercado de trabalho é o que mais preocupa porque pessoas em idade ativa podem estar deixando de procurar emprego. Esse contingente da população cresceu 4,2% desde 2019, mas a força aumentou apenas 1,8%. Além disso, subiu o percentual de benefícios pagos no total da renda familiar em comparação com recursos vindos do trabalho.</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>Uma pergunta, portanto, é se as políticas sociais podem levar, no futuro, a um apagão no mercado de trabalho, com falta de mão de obra. Outra preocupação é a sustentabilidade fiscal do fluxo redistributivo. Segundo alertou a jornalista Adriana Fernandes, o próprio governo admite que a dívida bruta deve atingir 81% do PIB já em 2026.</p>
<p>Politicamente, é impossível voltar atrás nesse fluxo de transferência. Qualquer candidato que sugira um movimento nesse sentido tende a perder eleitores e a não ter sustentação no Congresso. Considerando que este é um fato dado, é preciso entender quais escolhas o país tem pela frente.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-2"></div></div>
<p>Para isso, é útil olhar pelo menos uma consequência desse estado de coisas.  A manutenção deste estado mínimo de segurança social, sem sustentabilidade fiscal, faz da classe média a sua primeira vítima. Por exemplo, dados recentes de venda de imóveis mostram que os lançamentos estão se concentrando no padrão de alto luxo ou nos de interesse popular, que contam com subsídios do governo. Compradores dos estratos médios já estão pagando pelos juros mais altos que essa situação implica.</p>
<p>Mas, de novo, considerando que esta situação está dada, é possível que esquerda e direita sigam a partir daqui. Os primeiros podem sugerir aumentar o fluxo de recursos atual para os mais pobres, mas reduzir a prestação estatal de serviços para conseguir a sustentabilidade fiscal. O segundo pode investir em um discurso de classe “puro sangue” e tentar aumentar os impostos do mais ricos e das classes médias para fazer a compensação, contraindo muita briga política.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="denakop-ad-square-1"></div></div>
<p>As próximas eleições que precisarem fazer a tradução desse dilema provavelmente buscarão uma solução entre esses dois polos.</p>
<p>Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política (UnB) e consultor independente (Instagram: @leobarretobsb)</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038" class="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038"></div></div>
</p>

Cartão do Bolsa Família CadÚnico mudanças

Bolsa-Família

Transferências sociais são ponto de partida para projetos políticos

<p>Ah, a proibição do PIX para apostas! Tirem a mão dos meus bolsos! Tô ficando p. da vida!</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-1"></div></div>
<p>Aí está a grande pergunta filosófica dos nossos mais decrépitos dias:</p>
<p>&#8211; Ei! Afinal, de quem é o dinheiro, Cara-pálida? Do trabalhador suado ou do governo que financia o meme da “Carreta Furacão” do Bolsa Família?</p><div class="m-wrapper-banner-video"><div class="m-banner-video m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div class="MTP_VIDEO" id="publicidade-video"></div></div></div>
<p>Vamos fazer a mesma coisa com aquele dinheiro do povo, doado às pencas, para os robustos salários de deputados e senadores? As diferenças são minúsculas. Uns vão às BETS, fazendo uma fezinha para comprar outra picanha, outros vão aos shoppings e saem com garrafas lindas de Don Perignon, safra 1953. Eu não sou fã dos dois gostos. Bebo suco de bacuri e jogo na Megasena. Bebo com o meu din din e jogo com a mesma pataca. Na Megasena, que ficou cara, jogo com mais dezenove anônimos, e também não ganho. Fica a impressão que esse din din que vai para a Megasena, parece que volta, para a alegria dos espertos de sempre.</p>
<p>A verdade é que o PIX foi quase uma revolução digital, né? Aí vem a lei e diz: &#8220;Nada de apostar com isso aí, Companheiro!&#8221;. O PIX foi de &#8220;pague tudo em segundos&#8221; a &#8220;a não ser que seja um joguinho, aí não pode!&#8221;. O governo tá tipo aquele amigo que te empresta um videogame e depois vem com as regras: &#8220;Pode jogar, mas só por 30 minutos e nada de FIFA!&#8221;</p><div class=""><div id="teads-ad-1"></div><script type="text/javascript" class="teads" async="true" src="//a.teads.tv/page/68267/tag"></script> </div>
<p>Mas quem diria que o problema não era o vício do jogo, e sim a rapidez do pagamento? Porque, claro, o problema aqui não é perder dinheiro, mas perder rápido. Já pensou se o problema com apostas fosse resolvido só com boletos? Queria ver alguém viciar apostando com DDA – até aprovar o pagamento, a vontade de apostar já foi embora, junto com a sorte. Pra sorte dos queridos banqueiros, o dinheiro dormindo nos seus ambientes, sempre ajuda no champanhe.</p>
<p>E o Bolsa Família? Bom, o dinheiro já era pra ajudar a sobreviver. Se vai apostar ou não, aí é com cada um, né? Mas, ó, o PIX voltou à moda antiga: agora, se quiser brincar de sorte, é bom ir separando os trocadinhos na carteira. Só não esquece:</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-2"></div></div>
<p>“Quem dá aos pobres, e empresta&#8230; ADeus”. No caso das BETS, talvez o Céu do Malafaia, sem crédito, não esteja aceitando PIX. O Banco de Cima, não tem pressa. Os daqui, deste Inferno, querem que o dinheiro fique dormindo por mais de cinco dias, na conta do Amigo Eleitor, para faturarem algum, com outros “brasilinos”. É uma cafajestagem sem limites, pra cima da individualidade das pessoas. Se comprar 39 gramas do novo tabaco&#8230;pode, para a fezinha: não pode! Apostar no Pet, pode, no Bet, não pode.</p>
<p>Quanta infelicidade!</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="denakop-ad-square-1"></div></div>
<p>Tanto riso, Ó quanta alegria, mais de mil palhaços no salão, cantaria o Zé Keti.</p>
<p>É muita ação pra cima daqueles que não possuem as suas bancadas. Eu falo da Bancada da Gorduchinha, Bancada do Cão, Bancada da Bala de Coco e das outras. É muita gente mexendo com as individualidades.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038" class="div-gpt-mediadobrasil-ad-23178790038"></div></div>
<p>Se você for ao Mercado Público, onde a coisa funciona sem a intervenção maléfica do Estado, você verá os cidadãos em forte integração econômica e o dinheiro de papel, em franco desaparecimento, mas existem os facilitadores para que as compras sejam realizadas e não se perca a oportunidade. É muito comum o fazedor de Jogo do Bicho, aliviar uns trocados, em papel moeda, para que uma melancia seja comprada com dinheiro em papel. Aí temos que nos perguntar:</p>
<p>Vamos acabar com aquele senhor que faz o seu joguinho e facilita as vendas de outros? Esse Brasil deve ser entendido ou a atividade econômica ficará trancada e sem entendimento,</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-3"></div></div>
<p>Por favor, não criem gargalos para uma economia que faz de tudo para continuar existindo, sem as amarras de uma imaginação canhota.</p>
<p>Roberto Caminha Filho, economista, vai ao Mercado Público e sempre aprende com os vetores e facilitadores do emprego e da renda.</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-blog-do-noblat-artigos-quadrado-4"></div></div>


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