Papagaio de Pirata (por Tânia Fusco)
Até o azedíssimo, jornalista e imortal Merval Pereira, não aguentou tanta papagaice e desamou de Sérgio Moro
atualizado
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O cara teve vaga de herói nacional. Parecia, enfrentava o velho melê de políticos e grandes empresários nacionais com propinas e outras larvas. Pois então. Daí começou a derrapar e derrapar. Não parou mais até chegar ao pouco honroso posto de papagaio de pirata – do Coiso.
Mesmo Coiso, a quem ele aderiu de pronto, na eleição de 2018, e que, eleito, usou e abusou dele. Depois, cuspiu o caroço. Pois então. Na noite de domingo 16/10, como humilde e atento papagaio de pirata, o ex-juiz, ex-quase-herói, Sergio Moro, agora senador eleito, passou pano para seu algoz. Apareceu carregando, diligente, pastinha pro candidato, atual PR, no debate da Band/Cultura/UOL e etc..
Até o azedíssimo, jornalista e imortal Merval Pereira, não aguentou tanta papagaice e desamou de Moro. “A presença do Moro, como assessor do Bolsonaro num debate, só mostra uma coisa: o alvo dele sempre foi o Lula”.
Pois então. O que convenceu Merval agora já ficara mais do que evidente, desde que o sujeito Moro trocou a vaga de juiz pelo Ministério da Defesa do governo Coiso. Cargo que vinha acoplado à promessa de vaga garantida no STF.
O recibo da vilanice, com firma reconhecida em cartório, ainda foi reforçado por todo o convercê nada republicano entre o então juiz e seus procuradores, exposto nas gravações da Vazajato. Acusados/processados, que não implicassem Lula em alguma trama lavajatista, não ganhavam direito à delação premiada. E etc, etc. O alvo era o Lula. Ponto.
Mas, vamos lá, até pra vassalagem tem limite. Ou teria, se o vassalo em questão não revelasse certo grau de psicopatia. Os psicopatas, como sabido, não têm qualquer sentimento de vergonha por suas ações. Também não têm de medo de serem descobertos, nem qualquer empatia pelo outro. Vivem fechados na sua razão soberana. E os outros que se lasquem.
Psicopatas costumam ser voláteis, manipuladores e até criminosos – podendo ser assassinos ou só malvados, particularmente, com os mais fracos ou em situação de fraqueza.
Bingo! Moro é volátil como um camaleão que muda e desmuda de pele segundo as circunstâncias. Manipulador? Que o digam seus procuradores de estimação. Seguramente, não tem – nem terá – qualquer vergonha pelo seu vai-e-volta no entorno de Bolsonaro.
Tomou pé na bunda? Precisando, passa borracha no passado – ainda que recente – e retoma a relação como se nada tivesse acontecido. Como se diz lá nas Minas Gerais, o pior tipo de corno é o bravo. Sai fazendo escândalo. Deita falação contra o (a) ex. Mas, invariavelmente, releva. Volta, põe o galho dentro e toca o barco – até o próximo chifre.
Moro no Twitter, em 10 de janeiro de 2022: “Assim como Lula, Bolsonaro mente. Nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a ANVISA e o Barra Torres. E agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência”.
Pois, desde domingo, 16/10, para o ex-juiz, Bolsonaro deixou de ser mentiroso e passou a ser digno da Presidência. Pintou um clima, entende?
Sem nem ficar vermelho, Moro destronou o Véio da Havan e, ao vivo, na TV, assumiu a presidência da Associação Brasileira dos Papagaios de Pirata – Abrapapi.
Por enquanto, só confirmadíssimo como ASPONE – Assessor de Porra Nenhuma –, volta a bater continência pro capitão, atual presidente. Deve confiar. Os 1,9 milhões de eleitores, que o elegeram Senador pelo Paraná, vão compreender que, para derrotar Lula, vale até enterrar a dignidade em cova rasa e praça pública. Pintou novo clima, entende?
1. Humor nas redes sociais, sobre palavras ditas nos dias de hoje: “Ele não disse aquilo. E se disse, ele não quis dizer. Você não entendeu o contexto. E se entendeu, grande coisa. Outros já disseram coisa pior”.
2. Tombou? A atividade econômica do país registrou queda de 1,13% em agosto na comparação com o mês anterior, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na segunda-feira, 17/10, pela autoridade monetária.
Será que a ficção da economia bombando segura até o final da eleição?
3. Ruído em Paraisópolis/SP. Novo morador de São Paulo, parece, o candidato do Republicanos ao governo, Tarcísio de Freitas, ainda não conhecia velho costume da bandidagem, na periferia, de receber com tiros visitas da PM. Desavisado, achou que era com ele?
O secretário de Segurança do estado, general João Camilo, avaliou que os tiros, 50 a 100 metros do comício de Tarcísio, podem ter sido causados por “um ruído” gerado pela presença da PM na comunidade, que ali estava para proteger o candidato.
São Paulo é mesmo difícil pra quem não conhece.
Tânia Fusco é jornalista