Instabilidade, seu nome é mulher
Crescemos escutando o quão lindo e mágico é gerar, mas nunca o quanto é emocionalmente, fisicamente e mentalmente desafiador
atualizado
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Ser gestante é uma viagem louca e linda, onde suas sombras mais escondidas podem vir à tona, e seu lado animal é elevado à máxima potência, podendo desestabilizar áreas na vida até então controladas. Com vocês também é assim?
Fabricando até dez vezes mais hormônios, algumas gestantes experimentam sentimentos aguçados de ódio, raiva, sensibilidade à flor a pele, choro sem motivos, pavio curto, paciência inexistente, irritabilidade e uma espécie de aval interno para expressar esses sentimentos com quem quer que seja.
De fato, biologicamente nossa porção animal fica mais aflorada, através dos hormônios, pois é o corpo se preparando para gerar uma vida. Uau, a natureza é perfeita. Grande parte das mulheres desenvolve até aversão à seus próprios maridos, situação onde a biologia explica como sendo uma proteção àquela nova vida que está se formando, além de não ser mais interessante procurar o macho, pois já foi fecundada e atingiu o objetivo da natureza: o de gerar.
Se pensarmos em qualquer animal quando está prenhe, como uma cadela, por exemplo, ela que sempre esteve saltitante e feliz, vai aparecer mais desanimada, cansada, com mais fome que o normal, e quietinha, querendo gestar em paz e tranquilidade. Cadelas que vivem em um ambiente estressante podem provocar um parto prematuro. As gatas costumam ficar irritadiças, procuram por espaços tranquilos da casa e se isolam ainda mais.
Com nós, seres humanos, não é diferente. A nossa natureza animal se assemelha a qualquer mamífero, com a única diferença que vivemos em uma sociedade julgadora, mentirosa e cheia de expectativas. Mulheres, talvez por medo de serem julgadas, escondem as dificuldades da gravidez e contam somente a parte boa. Crescemos escutando o quão lindo e mágico é gerar, mas nunca o quanto é emocionalmente, fisicamente e mentalmente desafiador.
As pessoas que convivem com as gestantes também passam a não entender e estranhar certos comportamentos, seja por falta de informação ou mesmo pela expectativa gerada. Com isso, a gestante se sente culpada e incapaz de satisfazer às expectativas dos que a rodeiam. E se sentem anormais, pois não estão plenas e sociáveis como acreditavam ser o normal.
Como vive em sociedade, é obrigada a continuar seus eventos sociais, dessa vez ainda mais feliz, pois, afinal, está gravida e supostamente deve ser a fase mais incrível de sua vida. Além disso, começa uma sucessão de eventos impostos pelo meio, como chá disso e daquilo, e, junto com tudo, as transformações, mudanças hormonais, mudanças na vida, grilos psicológicos, medos, inseguranças, ganho de peso e muito mais.
A gestante então não se permite viver aquele turbilhão de sentimentos aflorados, sentindo-se culpada, anormal e se esforçando para ser o que costumava ser quando seus hormônios estavam estabilizados.
Por isso este post é para as grávidas que se identificam e também para quem convive e está estranhando os comportamentos de uma gestante.
Grávidas, permitam-se viver o que está sendo apresentado. Acolham qualquer sentimento, estado e respeitem a sua vontade. Se sentirem de ficar sozinhas, conversem com os mais próximos, expliquem a situação e sejam felizes.
As que de fato vivenciam uma gestação plena, onde sentem que ficar mais próximas das pessoas que amam é ainda melhor, que assim seja. O importante é respeitar e acolher a sua condição. Tudo é normal, nada é generalizado.
Pessoas que convivem com as gravidinhas que estão diferentes: tenham paciência. É uma fase passageira, não é nada pessoal. Apoiem-na, mostrem ainda mais amor e cuidado. Vai vale a pena e será bom para o bebê também.
Viva a vida.