A minha responsabilidade na criação de um filho homem
Gostaria de propor o debate de como nós, educadores e principais exemplos, podemos e devemos fazer para construir outro tipo de sociedade
atualizado
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Venho tendo alguns insights, durante a gravidez, sobre o masculino, as características dos homens e de qual será minha responsabilidade na criação de um filho. É inegável que vivemos em uma sociedade machista, onde homens são forçados, desde criança, a esconderem seus sentimentos: são proibidos de chorar, de sentirem medo, de ficarem tristes, de demonstrarem emoções…
Eles aprendem a não respeitar as mulheres, entre outras barbaridades. Isso resulta em homens fracos e machistas, que sustentam o atual padrão tóxico e doente, bem como em uma sociedade onde o feminino e o masculino são totalmente desequilibrados.
Todos somos seres dotados de energia feminina e masculina. As duas são igualmente importantes na construção do nosso eu, da nossa essência, da nossa evolução. Saber honrar o feminino dentro de si é a atitude mais inteligente que um homem pode assumir. Homens podem e devem chorar, podem e devem ser sensíveis e expressar seus sentimentos.
Imaginem uma sociedade onde homens tratem mulheres como elas devem ser tratadas e as coloquem no lugar sagrado a qual pertencem? Homens que respeitem e honrem todas elas, sagradas mulheres, mães, esposas, filhas…
Assisti, na Netflix, um documentário que mostra justamente o retrato e as consequências da sociedades que temos. A máscara em que você vive (The mask you live in) começa com o relato de um homem. Ele conta que, quando pequeno, o pai dele o arrastava pelos braços até o porão de sua mãe, levantando as mãos e o ensinando a dar golpes e socos ao mesmo tempo em que dizia: “Seja homem, pare de chorar. Aprenda a dominar e controlar as pessoas e as situações”.
O personagem saia dessa situação emocionalmente devastado, achando que não era homem o suficiente. Outras frases como “Se componha”, “Não seja bichinha”, “Mulherzinha”, “Não deixe a mulher te dominar”, “Faça sexo”, “Seja homem”, “Vira homem” são usadas para relatar os casos tratados no documentário.
Segundo Fabio Manzoli, do @sagradomasculino, a psicologia e a espiritualidade convergem nesse ponto, quando dizem, cada um à sua maneira, que tudo o que acontece fora de nós é um reflexo do que há dentro. O homem começa a renegar seu lado feminino e projeta isso no feminino fora dele: as mulheres, a mãe, a natureza e os homens gays. O resultado vemos todos os dias: violência contra a mulher, além de homens fracos e emocionalmente descompensados.
Podemos observar que a crença e a construção dessa imagem começa em casa, infelizmente. E é por isso que eu gostaria de propor o debate de como nós, educadores e exemplos para os nossos filhos, podemos e devemos fazer para construir outro tipo de sociedade, outro e mais belo tipo de homem. Uma criação na qual ensinemos que eles podem, sim, chorar, demonstrar suas emoções, honrar as mulheres e o feminino dentro deles.
A nova era chegou e, com ela, outra consciência. Não devemos mais manter os mesmos padrões defasados de uma sociedade desequilibrada e cada vez mais doente emocionalmente, onde a violência contra a mulher e os gays só cresce. Vamos dar um basta e desconstruir o modelo de criação que tivemos e que acompanha toda a nossa ancestralidade. E como podemos começar?
Converse com seu filho e ajude-o a entender e a respeitar os limites do outro. Meninos precisam aprender a escutar “não”, a entender e respeitar o momento do outro. Nunca reprima seu filho a expressar suas emoções. Ensine-o que tudo bem chorar, ficar triste e ser sensível. Ensine-o sobre a importância de se cuidar, dos benefícios de se prezar por uma boa alimentação, bons hábitos, exercícios…
Ao delimitar as atividades domésticas, faça isso de forma igualitária, não importando se a tarefa será executada por um menino ou por uma menina. Traga a consciência de que não é necessário ser bom em tudo e que tudo pode ser aprendido e praticado. Converse sempre, mostre seus valores com exemplos
Vamos fazer o nosso papel e formar o mundo que queremos.