Villa Tevere: um dos três melhores italianos de Brasília
Neste caso, a beleza põe à mesa e o que poderia ser apenas uma casinha bonita para impressionar o cliente tem forma e conteúdo
atualizado
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O clima da Toscana está logo ali no fim da Asa Sul. A fachada impressiona. Parede terracota, duas portas, duas janelas e a bela vegetação bem distribuída servem de prenúncio de onde você vai colocar seus pezinhos. Ao entrar, o primeiro salão aconchega. O pátio abraça. O restaurante Villa Tevere é, definitivamente, um dos restaurantes mais belos de Brasília.
Neste caso, a beleza põe à mesa. O que poderia ser apenas uma casinha bonita para impressionar o cliente tem forma e conteúdo. O chef Fávio Leste, pulso firme na condução do seu empreendimento, soube fundir a cozinha italiana tradicional com twist contemporâneo. Ora com toque brasileiro ora até mesmo asiático.
Esse rigor na qualidade vem da época em que Flávio trabalhava com sua mãe Suzana na organização e produção de bufês nas décadas de 1980 e de 1990. O sonho se transformou na Trastevere Ristorante em 1999 que, dois anos depois, ganhou o novo nome: Villa Tevere.
Uma década e meia depois, o restaurante está entre melhores os italianos da capital. Ele tem inclinação mais comercial – o que não diminui em nada sua atuação, na singela opinião desta crítica ruiva que vos fala. “Saber” o que o público quer comer independentemente do julgamento alheio é um caminho. Não à toa, de quarta a sábado, a casa italiana oferece picadinho bem brasileiro. É uma opção.
O cardápio tem pratos mais “moderninhos”, foge dos molhos mais tradicionais (pesto, bolonhesa e carbonara, por exemplo) e oferece a combinação “best-sellers” desta dupla comercial e surrada: carne + risoto. Para mim, esta combinação é insuportável e banal, mas há quem goste.Adoro o couvert de lá. Pães variados, manteiga, azeitonas, berinjela e abobrinha (R$ 30,50). Bem porcionado e saboroso, ele acompanha pães quentinhos e os vegetais temperados. Um alento em dias em que suspeito que, em Brasília, há falta de sal e pimenta. Principalmente nos restaurantes. Ah, o couvert serve de duas a três pessoas a depender da fome.
A burrata com cogumelos salteados no azeite e ervas (R$ 54,80) também é uma excelente opção. O queijo, que tem casca mais firme e recheio cremoso, derrete na boca. E os cogumelos chegam al dente e com sabor. Só diminuiria a quantidade de azeite que vem no prato. É meio deselegante aquele mar todo.
A casa te dá o direito de optar pela meia porção, fato raro em Brasília. Palmas. Elas são fartas. Das três vezes em que estive no restaurante para fazer a crítica, pedi o nhoque com molho cremoso de queijo, berinjela, shiitake e lingüiça de javali (R$ 45, a meia porção) e filé recheado com queijo e presunto de Parma, molho de vinho e bacon, risoto com pesto e tomate recheado de berinjela e shiitake (R$ 54, a meia porção).
O molho do nhoque leva necessariamente creme de leite, ingrediente que abomino em preparações salgadas. Mas, neste caso, estava no prato sem excesso. E a lingüiça de javali é o ouro da combinação. Pena que vem pouco. O filé, que tinha tudo para ficar salgado devido à natureza dos ingredientes, estava harmônico e equilibrado.
Da outra vez, me esbaldei no linguine Jericoacora (R$ 77,30), feito com manteiga artesanal de ervas e limão-siciliano com lagosta, camarões e vôngoles flambados em cachaça cearense. O prato é imenso. Massa al dente, pedaços de lagosta e camarões bem grelhados e temperados, mini vôngoles com fartura e haja braço para enrolar tanta massa no garfo! Uma delícia a combinação de sabores e a execução do prato.
Por último, um ajuste importante. O atendimento precisa melhorar. Das vezes que fui, sentei no salão interno na parte debaixo e na varanda. Há diferença. Na parte externa, o serviço é menos atencioso e mais demorado. Minha mão, às vezes, ficava suspensa por minutos tentando sinalizar que gostaria de pedir algo.
Saúdo aqui também o site bonito e atualizado. E o limoncello artesanal feito pela casa. Geladinho, cai como uma luva. Já comi em outros tempos na casa a cheesecake (foto no alto da página) com uma calda feita com este licor de limão-siciliano, que estava divina.
Diria assim: quer ir a um italiano em Brasília? O melhor de olho fechado: Gero. O mais tradicional: Trattoria da Rosário. O melhor comercial: Villa Tevere. Sem prejuízo de sabor. Apenas propostas diferentes dentro da mesma culinária.
Cortês sim; omissa, não.
DEVO IR?
Sim. Com fome.
PONTO ALTO:
O ambiente, o sabor e a fartura dos pratos.
PONTO FRACO:
O atendimento precisa de ajustes.
Villa Tevere
115 Sul, Bloco A, 3345-5513.