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Pobre Juan: às vezes salgado demais

As parrillas estão na moda. De uma década para cá, alguns chefs e empresários brasileiros descobriram essa maneira diferente de assar carnes, peixes e legumes muito perto do fogo e em grelhas inclinadas. Essa cultura já é uma tradição na Argentina e no Uruguai. Raramente, nossos hermanos enfiam seus cortes de carne no espeto, o […]

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Tadeu Brunelli/Divulgação
POBRE JUAN – SP/SP – 01/11/2012Foto: Tadeu Br
1 de 1 POBRE JUAN – SP/SP – 01/11/2012Foto: Tadeu Br - Foto: Tadeu Brunelli/Divulgação

As parrillas estão na moda. De uma década para cá, alguns chefs e empresários brasileiros descobriram essa maneira diferente de assar carnes, peixes e legumes muito perto do fogo e em grelhas inclinadas. Essa cultura já é uma tradição na Argentina e no Uruguai. Raramente, nossos hermanos enfiam seus cortes de carne no espeto, o que para eles resseca a matéria-prima e tira seus sucos.

Em Brasília, algumas casas entraram de cabeça nesse ramo. O Pobre Juan, originalmente de São Paulo, abriu sua filial na cidade. Com o peso de uma grife que rapidamente conquistou os paladares brasileiros, a chegada à capital foi bem badalada e com muito investimento. A casa lotou imediatamente. Esperei um tempo para ter a minha experiência por lá.

Das vezes em que fui, tinha a consciência de que sairia da minha carteira uma porção de “dilmas” para pagar a conta salgada. A palavra Pobre no nome da empresa é convidativa para fazer um trocadilho infame quando estamos falando dos preços do cardápio.

Tem comida cara que entrega o que promete. Aí, todo cliente tem a consciência de que está além da conta, mas que — por trás dos cifrões — há uma bela refeição sendo feita. Então, ele se resigna.  O que não pode ocorrer é cobrar caro e as garfadas não corresponderem ao investimento feito. E olha que ir ao Pobre Juan é um senhor investimento!

Ao fazer um balanço geral das minhas idas, fui mais feliz do que triste. Mas houve dias em que saí de lá bem triste. E, agora sim, usarei o trocadilho. É salgado. Eles erram o ponto do sal. Comi a suculenta costelinha de porco confitada e grelhada com fritas e demi-glace (R$ 59,40) e tive de deixar parte no prato, pois estava extremamente salgada. Nem os vegetais, que pedi de acompanhamento, aplacaram a desagradável sensação para minhas papilas gustativas.

Fui ao extremo do ponto do sal em outra ocasião. Ao comer um ojo de bife ancho (R$ 78,90 – 250g), precisei pedir o saleiro e sacudir meu braço algumas vezes para que a carne ficasse saborosa. A comida tem de vir boa da cozinha, independentemente do valor que pagamos. Porém, um prato mais caro tem de vir à mesa sem erros. Checado e rechecado no preparo. Nessas duas ocasiões, a casa nem estava cheia – o que poderia ser uma desculpa para quem quiser rebater o ponto.

Mas o restaurante, que capricha na decoração para seduzir o comensal, acerta em muitos aspectos. O atendimento é atencioso; a cerveja, bem gelada, e os ingredientes têm pedigree, qualidade. O cardápio foi montado de maneira bem equilibrada para quem tem pouca, média ou uma fome maior. Há pratos bem servidos para compartilhar e algumas entradinhas, como o chorizo tradicional (R$ 25,90), não dão vontade de parar de comer.

Porém, falta sabor nas clássicas empanadas (duas unidades por R$ 18,90). Elas chegam quentinhas por fora, porém geladinhas por dentro. No meu paladar, falta tempero à carne que as recheia. Quem já teve a oportunidade de comer uma empanada nos bodegões de Buenos Aires entenderá o que estou dizendo ao experimentar as do Pobre Juan.

Quem não é muito fã de ambientes com crianças (a grande maioria com tablets à mesa com som alto), fuja de lá. Principalmente nos fins de semana. Um horror o alto volume dos decibéis. Ainda mais com a dispensável música ao vivo. Aí sim o negócio fica parecendo uma churrascaria metida à fina.

As sobremesas com o doce de leite argentino te convidam para devorá-las. Mas cuidado! Pode ser uma armadilha. É preciso equilibrar o desejo com a expectativa. Panquecas e pudins são gostosos, mas nada de tirar o fôlego.  

A decoração imponente não pode jamais superar paladar. Uma casa especializada em carnes e cortes especiais precisa dar mais atenção ao trabalho do Pobre Juan que, numa tradução livre, seria o Zé, que fica na parrilla fazendo e temperando aquelas preciosas joias.    

Cortês sim; omissão, não.

DEVO IR?
Sim, mas prepare o bolso.

PONTO ALTO:
A qualidade das carnes.

PONTO FRACO:
Alguns preços e a falta de regularidade nos temperos.

 Shopping Iguatemi Brasília, Lago Norte, 3577 5800.

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