O francês Le Vin tem pratos e atendimento de primeira qualidade

Ao fundo, o som do piano. Penso comigo: a sorte é que é apenas instrumental. Música ao vivo pode estragar o paladar. Entro no restaurante Le Vin para mais uma maratona de experimentar pratos com minha amiga Vera e eis que, o que poderia ser o apocalipse com a música ambiente transforma-se numa trilha sonora especial para apreciar os belos pratos da casa.

Já tive experiências boas, médias e ruins no Le Vin em São Paulo. Em Brasília também, desde que a franquia aportou na capital. Mas, das últimas vezes em que fui, algo mudou. E pra melhor. Bem melhor.

Boeuf bourguignon perfeito!
Comi o melhor boeuf bourguignon (R$ 68,20 — foto ao lado) da cidade. É um prato em que sou viciada. Sei indicar a escala de 0 a 10 em Brasília, mas isso fica pra depois. Primeiramente, a apresentação. Carne no centro, pedaços de batata, cenoura e cebola escoltando o boeuf. Tudo isso em cima de um molho rubro vibrante.

A carne, bem macia e temperada, desfiava com facilidade. O molho — que costuma ser o grande erro do prato pelo excesso de acidez nos restaurantes da cidade – estava divino. Aveludado, rico no sabor e extremamente harmônico quando colocava na boca o que chamo de garfada completa – quando se põe um pouco de cada ingrediente na boca ao mesmo tempo.

Acompanhando o prato, um verdadeiro purê de batatas, com manteiga e leite na medida para manter sabor, consistência e textura.

Cassoulet: prova dos nove
Estando num restaurante francês é quase impossível resistir a um cassoulet (R$ 63,80), prato típico da região de Languedoc-Roussillon, na França, feito com feijões brancos, linguiça, pato desfiado. Entre as experiências desagradáveis que passei anteriormente no Le Vin, uma delas tinha sido com esse prato, que estava gorduroso e pesado à época.

Fiz a prova dos nove. Estava comendo outro prato. Com outra apresentação e ingredientes. Bem equilibrado na gordura desta vez, o prato pecou por dois pequenos motivos: faltou pato e o feijão poderia estar mais al dente. Alguns estavam desmanchando. Mas nada que comprometesse o sabor.

Menu executivo: não tão francês
Outra pedida campeã é o menu executivo na hora do almoço, a R$ 58. Embora as opções não sejam tão francesas assim, são saborosas. De entrada, uma salada ok, sem nada demais. E a sobremesa, também cumpre seu papel.

Entre os principais, sobressai o galeto com molho de mostarda e batatas (foto ao lado). Batatas crocantes em cima de um molho de mostarda equilibrado no creme de leite e um galeto suculento com carne macia e apetitosa.

Do menu de entradas, experimentei dois pratos: a salada com queijo de cabra quente e o carpaccio de polvo. A salada, achei cara pelo que chegou. Não que estivesse ruim. Mas faltou o mesmo capricho dos outros pratos. O carpaccio de polvo tinha veio com bela apresentação e bem temperado, acompanhado de salada de folhas e torradinhas — a cara do verão!

Só um probleminha: a localização
O atendimento é um dos melhores de Brasília. E o sinônimo desse serviço chama-se Edileusa. Mas todo o staff é bastante atencioso, entende o movimento do salão e faz o serviço de maneira bem profissional. Dá gosto e vontade de voltar.

Uma única questão me incomoda, apesar de tentar entender os motivos. O fato do Le Vin estar dentro de um shopping. Seria tão interessante ver a franquia desfilar pelas asas do Plano Piloto.

Cortês sim; omissa, não.

DEVO IR?
Sim. Saborear os encantos dos franceses.

PONTO ALTO:
Sabor e atendimento.

PONTO FRACO:
A localização em um shopping.

Le Vin (Espaço Gourmet do ParkShopping, Via Epia, Guará, 3028-6336).