O árabe Damascus funciona para almoço despretensioso
Administrado por um casal de sírios, o lugar é simples, com comidas simples e um cardápio reduzido a duas páginas (uma só de bebidas)
atualizado
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Quando saímos de casa para um almoço ou jantar, temos de ter em mente a nossa expectativa em relação à refeição que desejamos fazer. Quando fui visitar o Damascus (413 Sul), já tinha ideia de que iria a um lugar que não planeja estar no Guia Michelin.
Isso não é nenhum demérito. Lugares simples com comidas simples têm seu valor e merecem respeito. Assim é o restaurante do casal sírio de refugiados Ammar e Yasmim Abounabout. Com cardápio de duas páginas (uma de bebidas), consegui experimentar quase tudo das vezes em que estive por lá.
Babaganoush é a melhor pedida
De tudo o que comi, o babaganoush (R$ 13 – a porção) é a melhor pedida. A pasta feita com berinjela assada e tahine tem sabor defumado, fresco, extremamente saboroso. Caso queira experimentar um pouquinho de cada pastinha árabe, há dois combos (ambos R$ 15), um com babaganoush, homus, coalhada, quibe cru e outro com falafel, homus e salada.
Ao experimentar o homus do Damascus, é possível identificar a maneira artesanal que o produto é feito. O sabor do grão de bico está ali, bastante evidente e temperado. Já a coalhada é mais ácida no paladar do que deveria ser.
Shawarma em pão crocante
Um fator a ser melhorado é a temperatura do pão sírio que acompanha as pastas. Eles chegaram frios à mesa ou à temperatura ambiente. Basta uma aquecida no forno para que as fatias fiquem levemente mais crocantes e mais gostosas de comer.
As kaftas (R$ 13) e a porção de falafel (R$ 15) chegam quentíssimas, em boa quantidade. Estas últimas, bolinhas de grão de bico temperadas e fritas, não dá vontade de parar de comer, de tão viciante.
Um sanduíche, entre os oito servidos também merece destaque: o shawarma tradicional de frango com molho de alho. Pão crocante e frango com molho intenso fazem dessa combinação uma dupla potente.
Kibes e esfirras são regulares
Os salgados, como as esfirras (R$ 3) e os kibes fritos (R$ 5), são bons. Na cidade, há melhores. No quibe, senti falta de mais tempero na carne e no trigo. Já nas esfirras, as massas são mais grossas e largas. Aí fica muita massa para uma quantidade menor de recheio.
Minha maior decepção foi a toshka árabe (R$ 13,00), espécie de sanduíche feito com pão sírio recheado de carne. Pois bem, o recheio estava completamente sem sabor, destoando bastante dos outros pedidos que fiz. A carne não tinha tempero.
Tempero tímido
Aproveito esse comentário para dizer que, no quesito tempero, esperava mais do Damascus. Isso pelo fato de o casal ter crescido em terras sírias e saber que os temperos do oriente Médio têm personalidade. Minha expectativa era de sentir toques de canela, cominho e outros de maneira mais acentuada. Talvez, haja dificuldade de encontrar fornecedores de alguns destes ingredientes.
Quanto ao atendimento, ele é feito diretamente por Ammar, que acumula as funções de gerente e caixa também. Digamos que ele não é a pessoa mais sorridente do mundo. Mas, no quesito eficiência, a travessia entre a cozinha e as mesas internas e externas se dá de maneira rápida. Entre um pedido e outro, ainda tem tempo de sentar e ver uma televisão dentro da loja.
Já soube que também tem noite árabe. Não fui.Talvez seja um ótimo motivo para eu voltar e comer mais. Só não esperem que eu dança, ok?
Cortês sim; omissa, não.
DEVO IR?
Sim, consciente que é um lugar simples.
PONTO ALTO
A pasta de berinjela.
PONTO FRACO
Toshka Árabe.
Damascus (413 Sul, Bloco B, Loja 98346-3702)