No Bhumi, faltam opções de legumes no serviço à la carte
A casa tem bufê de self-sertvice bem variado, mas peca pelo excesso de ingredientes como arroz e batata nos pratos pedidos no cardápio
atualizado
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Em Brasília, há uma quantidade razoável de restaurantes que dizem oferecer comidas saudáveis, light e naturais. O Bhumi é um dos mais estruturados, com cardápio à la carte, serviço de bufê self-service na hora do almoço, lojinha com produtos orgânicos e naturebas e até mesmo biblioteca com livros temáticos.
Confesso que não sou frequentadora assídua desse tipo de restaurante. Mas, no início de ano, com o verão por aí, é melhor cuidar da alimentação e da silhueta se você tem intenção, como eu, de ir para alguma praia. Por isso, voltei a frequentar o local.
Na hora do almoço, o bufê de self-service (R$ 56,90 o quilo) é bem variado. Folhas frescas e tenras, legumes e verduras cozidas. Uma beleza. Purê de algum tubérculo, arroz integral e sempre de dois a três pratos principais elaborados apenas com vegetais. Sim, leitores, o bufê não tem carne. Talvez você nem sinta falta disso ao comer, por exemplo, um saboroso feijão fradinho com abobrinha e linguiça vegetal.
Merece ajuste o purê de abóbora. No dia em que comi, estava mais para um caldo de tão ralo. E também achei sem sabor a quiche com alho-poró, couve-flor e shimeji. A textura estava estranha e a combinação de ingredientes não deu samba com o ovo. Para meu paladar, a couve-flor sobrou e pesou na combinação.
Acidez além da conta
No cardápio, há opções interessantes, como o ceviche de banana-da-terra (R$ 14), uma das entradinhas que provei. A ideia é boa, mas a execução precisa de mais atenção. As lâminas da fruta vieram afogadas em suco de limão, tornando cada garfada um desagradável mergulho em acidez. Era muito limão mesmo! Porém, o coentro, a pimenta dedo-de-moça e a cebola estavam equilibrados.
Encontrei o mesmo problema de acidez no nhoque de abóbora vegano e orgânico (R$ 29,50). O molho de tomate estava extremamente ácido. Claramente, o cozinheiro não deve ter experimentado, pois o acréscimo de algum ingrediente mais adocicado aliviaria aquele desconforto provocado pelo molho. Além disso, as bolinhas de abóbora foram cozidas em demasia, o que tornou a massa bem, bem mole. Comida deve ter textura.
Tive, porém, algumas boas surpresas nos pratos do à la carte. Gostei muito do tempero do estrogonofe de carne orgânica (R$ 31,90). Tinha personalidade. Só tiraria um pouco do iogurte, substituto do creme de leite na preparação tradicional. O excesso do ingrediente deixou o prato um pouco enjoativo. No mesmo, destaque para o ponto das batatas baroas cortadas em rodelas. Estavam cozidas al dente, com bom tempero e finalizadas na frigideira. Bravo!
Por que tanto carboidrato?!
Agora, o que me intriga num restaurante de comida saudável é a proporção (em algumas opções) de porções de carboidratos no mesmo prato e a pouca variedade e inventividade no uso de verduras e legumes como escolta.
Pego o mesmo estrogonofe como exemplo. Por que arroz integral e batata juntos? Não seria desproporcional quanto às calorias? Sem contar que o prato perde em apelo visual, já que o que se vê é uma gradação de tons pastéis (o amarelo da batata, o bege do arroz e o rosa-claro do molho).
Cadê as cores e a exuberância da abobrinha, berinjela, beterraba, abóboras, alho-poró, couve, espinafre e cia? No bufê de self-service, vê-se uma diversidade de legumes e vegetais que deveriam servir de acompanhamento para os pratos do menu. Por que eles, em combinações e preparações distintas, não poderiam escoltar as carnes? Confesso que tento entender.
O franguinho estava saboroso
Outra opção que conferi foi o frango rústico à moda caipira (R$ 34,90). Cubos de filé de sobrecoxa, no próprio molho, com cheiro-verde e pimenta-de-cheiro. Esta parte do prato estava nota 10. Que franguinho saboroso! Tudo certinho: textura, cocção, tamanho dos pedaços, molho na medida, tempero no ponto. De acompanhamento, arroz integral e brócolis salteado na manteiga ghee.
Opa, era o que deveria vir. Mas o que chegou foi um purê de mandioquinha, pois o brócolis estava em falta. O garçom não avisou e a cozinha simplesmente trocou e mandou. Deslize desagradável, até mesmo por que o purê — também — estava ácido! O estabelecimento tem de avisar quando há falta do ingrediente e não simplesmente querer empurrar o que eles têm.
No fim das contas, a experiência no Bhumi é mediana, com altos e baixos. Ele peca, como a maioria dos estabelecimentos de Brasília, pela falta de regularidade na comida oferecida. O restaurante vai melhor, vejam só, no preparo de carnes. Quanto aos legumes e vegetais, ora acertam, ora erram. E, no meio desse jogo, o comensal.
Cortês sim; omissa, não.
DEVO IR?
Sim.
PONTO ALTO:
Variedade de opções no bufê de self-service
PONTO FRACO:
Falta variedade de legumes no menu à la carte
Bhumi (113 Sul Boco C, Lojas 33 e 34, 3345-0046)