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Mais atenção com a comida, Beirute!

A palavra que resume o Beirute é tradição. Quando menciono a expressão não a qualifico como algo pejorativo. Agora, tradição não deve ser confundida com qualidade.

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Bárbara Cortez/Metrópoles
Filé à parmigiana Beirute
1 de 1 Filé à parmigiana Beirute - Foto: Bárbara Cortez/Metrópoles

O Beirute é uma instituição de Brasília. Inaugurado em 1966, na 109 Sul, aquele espaço ajuda a contar parte da história da capital e está imortalizado no livro “Beirute, Aromas, Amores e Sabores”, do jornalista Leandro Fortes. São 50 anos de história. O sucesso foi tão grande que, em 2007, seus donos abriram filial na 107 Norte. 

Não há diferença de cardápio entre as duas casas, mas sim de público. A turma mais jovem passou a frequentar os bancos e as mesas de madeira da Asa Norte. E a boemia ou “velha guarda” se concentra na Asa Sul. 

Já frequentei muito o da 109. Atualmente, tenho achado o ambiente meio decadente e deprê. Mas há quem goste. Respeito. Tenho preferido ir até a Asa Norte sorrindo para comer meu kibeirute (R$ 9,30 a unidade), um senhor quibe recheado com queijo e acompanhado de molho tártaro.  

A palavra que resume o Beirute é tradição. Quando menciono a expressão não a qualifico como algo pejorativo. Agora, tradição não deve ser confundida com qualidade. Por exemplo: o atendimento é feito por garçons tradicionais, a maioria com mais de 20 anos de casa.

Eles o fazem de maneira simpática e alegre com seus tradicionais blazers “vinho” e lapela preta – marca registrada da casa que até foi “copiada” pelo jogador Messi em uma das cerimônias de Bola de Ouro da Fifa. Nesse ponto, tradição é sinônimo de qualidade, mesmo que eles esqueçam de trazer uma cerveja ou outra devido ao movimento em dias de lotação máxima.

Já no quesito comida, a palavra “tradição” não necessariamente é sinônimo de qualidade. O cardápio do Beirute é tradicional de um bar: petiscos, porções e pratos servidos em travessas ovais de metal. Tudo como manda o figurino. Mas, para meu paladar, a casa desceu alguns degraus na qualidade da cozinha.

A antes apetitosa esfirra de carne ou calabresa (R$ 6) chega à mesa meio massuda, quente por fora, meio gelada por dentro e a carne com uma textura molenga e sem devido tempero. Em minha última experiência lá, a coxa e sobrecoxa no tempero especial com arroz branco, batatas fritas, vinagrete e banana frita (R$ 38) – prato do almoço executivo – foi servida crua por dentro. O ponto de qualquer carne merece grande cuidado nos restaurantes.

Na hora de recolher o prato, o garçom foi atencioso e disse que, quando for assim, pode pedir a ele a troca ou que o cozinheiro passe mais o frango. O cuidado do garçom não foi o mesmo do cozinheiro. O prazer de comer está nos detalhes. 

Um detalhe que não passa despercebido por quem frequenta o Beirute é seu frango à passarinho com alho (R$ 46). Os pedaços da ave, carnudos, vêm sequinhos, sem excesso de óleo e com um sabor sutil. Pode ficar mais intenso se você comer os pedacinhos de alho frito que vêm por cima. Mas aí é bom seguir um conselho da titia: peça ao seu/sua paquera para também comer o alho ou, depois de pagar a conta, vá direto para casa. Sabe como é: alho é alho. E no Beirute não seria diferente…

O quibe — que poderia ser a estrela maior de um bar especializado em comida árabe — não faz frente ao esmerado frango à passarinho. Mas tenho uma lista de coisas de que gosto de lá. Dois dos melhores pratos são a picanha à mineira com arroz com ervilha e couve, farofa de ovos, fritas e banana à milanesa (R$ 73,50) e o filé a parmigiana (R$ 70,50), servido na panela em que é feito e acompanhado de arroz branco.

Todos os pratos são bem, bem servidos. Duas pessoas comem com folga. Apesar da mesmice do corte picanha, a carne vem bem feita e combinam super com os ingredientes mineiros dos acompanhamentos, o que equilibra a insistência dos restaurantes em oferecer os mesmos tipos de carne sempre. 

Já o parmigiana não é o melhor da cidade, mas tem toda uma peculiaridade. O bifão à milanesa ganha uma bela camada de queijo e vai para o forno com o molho de tomate que abunda no prato. Tenho amigos que implicam com o molho de tomate enlatado, mas é o trash gostoso, sem frescura. Ainda mais quando acompanhado de purê de batata ou de arroz branco. Delícia total.

Não brigue com os decibéis. É um bar. E onde há pessoas bebendo cerveja, há barulho. Inevitável. Na Asa Norte, ele é feito por adultos. Na Asa Sul, pelo fato de ter área de lazer para os pimpolhos, já viu, né? Entende agora por que os mais jovens fogem da 109?

No Beirute, a tradição dá espaço à atualização ao mercado. Elaborada na cidade goiana de Trindade, a Beira Bier (R$ 7,10, 600ml) desce suave e menos amarga do que suas irmãs loiras. A cerveja de grife própria mostra que a casa busca inovar em meio à tradição. Só não pode esquecer de manter a qualidade do que é ou um dia já foi bom.

Cortês sim; omissa, não. 

DEVO IR?
Sim.  Prefiro da Asa Norte.

PONTO ALTO:
O clima descontraído e a generosidade nas porções. 

PONTO FRACO:
A qualidade da comida vem caindo. A cozinha tem de manter o padrão de sua tradição.

109 Sul, Bloco A, Lojas 2 e 4, 3244-1717.
107 Norte, Bloco D, Loja 19, 3272-0123. 

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