Lagash Mediterranee mantém tradição da ótima comida árabe
O antigo restaurante tornou-se rotisseria há três anos e o comando continua nas mãos das mulheres da família Hamu
atualizado
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A marca Lagash completa 30 anos em Brasília. O antigo restaurante – que inscreveu seu nome como um dos melhores árabes da capital – tornou-se rotisseria faz três anos. O comando continua nas habilidosas mãos das mulheres da família Hamu. Porém, o negócio mudou. Ao invés de pratos prontos, agora eles servem pequenas porções da comida sírio-libanesa.
Você tem a opção de levar para casa ou comer por ali mesmo, em duas mesinhas na calçada ou no balcão interno da loja. O cardápio é vasto e, com certeza, terá dúvida, querendo levar muitas gostosuras para casa.
Titia aqui pode te ajudar. Sou frequentadora assídua do Lagash Mediterranee — nome reestilizado da marca. Além de variedades árabes, há também produtos de países de influência do mar Mediterrâneo, vendidos por peso ou unidade.
Arroz de cordeiro em massa folhada
Para meu paladar, o quitute mais saboroso de lá é o Ouzee (R$ 20 a unidade). É um arroz de cordeiro com nozes e passas brancas envolto em massa folheada. Tem formato de panhoca. Quentinho, então… Basta cortar para encontrar o paraíso. Detalhe: é único em Brasília. Você não achará em outro lugar.
O arroz de cordeiro do Ouzee é bem superior ao que eles servem puro. Parece uma contradição. Mas o do recheio vem mais temperado e as nozes e passas acrescentam mais uma camada de sabor. O invólucro da massa também ajuda a deixá-lo mais úmido. Em ambos, faltam mais pedaços da carne desfiada. A quantidade poderia ser mais generosa.
Melhor quibe da cidade
Na briga pelo primeiro lugar do pódio para o melhor quibe da cidade, o do Lagash ganha o lugar mais alto, deixando para trás Marzuk, Empório Árabe e Beirute. A competição é árdua, mas o quibe da família Hamu tem mais sabor, frescor e maciez. Quando mordido, você sente o tempero tanto no trigo quanto na carne.
Sinto falta de um toque de especiarias daquela região tanto no quibe quanto em alguns pratos. Por exemplo, a pitada de canela cairia muito bem. Os temperos árabes são muito ricos e de personalidade marcante. Por isso, poderiam ser mais explorados. Talvez, o Lagash pode ter optado em não ressaltar tanto essa característica para fabricar produtos mais comerciais, de mais fácil aceitação.
Delícias em potinhos
Daquela lista de acepipes que levamos para casas em potinhos pequenos, médios ou grandes, como babaganush (R$ 57 o quilo) e houmus (R$ 58 o quilo), o Lagash Mediterranee tem uma vantagem sobre seus concorrentes. A produção artesanal faz com que haja maior esmero no preparo. Um exemplo disso é a sardinha em conserva (R$ 58 o quilo), feita em quantidades pequenas na casa.
Destaco também a esfirra. A massa é mais fina que a do Marzuk, o que permite numa mesma dentada comer do recheio e da massa de maneira mais uniforme. Adoro a esfirra folhada de carne (R$ 7 a unidade) e a esfirra de acelga (R$ 6 a unidade), que duela com a de escarola feita pela concorrência. É uma briga salutar para quem ganha a melhor esfirra vegetariana.
Notei deslizes em alguns produtos, como a falta de um pouco mais de sal na salada de bacalhau; o ressecamento da kafta, que deveria ser mais suculenta, e a falta de tempero do falafel, que também é muito massudo. Além disso, o grão de bico não é tão triturado como deveria, dando certa estranheza na textura do bolinho. Mas, os ajustes nestes casos são pontuais. Dali, você sempre sairá com a sacola cheia e com vontade de voltar.
Cortês sim; omissa, não.
DEVO IR?
Sim. E com fome.
PONTO ALTO
Ouzee e o quibe.
PONTO FRACO
Falta de um pouco mais de cordeiro no arroz.
Lagash Mediterranee (112 Norte, Bloco C, Loja 6, 3273-0098). Site.