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Fred: o restaurante de um prato só

Brasília tem poucos restaurantes infalíveis, daqueles que você vai, fecha o olho, pinça uma opção no cardápio e sai sorrindo após uma bela refeição e um ótimo atendimento – e com algumas “dilmas” na carteira para tomar um café. Pratos infalíveis, então, dão para contar nos dedos. O picadinho do Fred já faz parte dessa pequena lista. Talvez […]

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Brasília tem poucos restaurantes infalíveis, daqueles que você vai, fecha o olho, pinça uma opção no cardápio e sai sorrindo após uma bela refeição e um ótimo atendimento – e com algumas “dilmas” na carteira para tomar um café. Pratos infalíveis, então, dão para contar nos dedos. O picadinho do Fred já faz parte dessa pequena lista. Talvez essa seja, na minha cabeça ruiva, a melhor definição de um clássico.

Quer comer gostoso? Picadinho do Fred. Quer repetir? Picadinho do Fred. Quer dividir o prato e a conta? Picadinho do Fred. E olha que o restaurante é alemão. Vai entender. Digamos: alemão na essência; brasileiro no sabor.

No fundo, a possível origem do picadinho é na Idade Média, quando os talheres se tornaram instrumento de luxo e requinte. Na Rússia, ele virou estrogonofe e era servido à nobreza. Em Portugal, era mais conhecido como guisado. E, por aqui, por mãos cariocas e boêmias, ganhou ovo e banana.

Essa enciclopédia toda para dizer que o picadinho do Fred (R$ 89, para duas pessoas) é ainda mais especial, pois sua receita é única e vem desde 1992, ano de abertura da casa. Lá se vão mais de duas décadas servindo o melhor picadinho da cidade. E olha que tenho uma certa tara por esse prato. Rodo a cidade inteira atrás de novas releituras.

Quando vou por lá, me sento em posições de onde posso acompanhar visualmente o malabarismo do cozinheiro com os ingredientes e com as panelas, que são mexidas ao mesmo tempo. É pura diversão. Sempre acho que não vai dar certo. A fórmula — ou ficha, como a turma da cozinha está acostumada a se referir (descrição milimétrica de cada ingrediente) — não existe. Filé-mignon, bacon, pimentão, cogumelos, molho inglês, molho rôti e páprica picante. Acompanhado de arroz, farofa de pão, banana à milanesa e ovos pochê.

Bom, e as quantidades? Para o senhor da mesa 4, pode chegar com um pouco mais de molho inglês. Para a família da mesa 12, uma dose extra de páprica salpicada para ficar picantezinho. E, por aí, vai. Erro? Imprecisão? Não. Cozinha é feita de proporções. E as do picadinho vêm na medida.

Já perdi as contas de quantas vezes comi por lá. Por isso, tenho segurança em afirmar que a casa é regular. A carne (picada na ponta da faca e porcionada com antecedência) vem macia e suculenta, graças aos ingredientes de boa qualidade que vão entrando no prato e aumentando as camadas de sabor. É comfort food na veia. Essa consistência no manuseio da receita vem da experiência dos cozinheiros. O tal balé sobre o qual comentei. Tudo sincronizado, desde o momento em que a carne é flambada com conhaque à colocação do molho rôti, sem exagero.

Ao finalizar, o cozinheiro sinaliza e começa o serviço do salão. Bem feito, discreto, sem afetações. O garçom chega à mesa com a frigideira em mãos e serve seu picadinho no prato em fileiras: uma de arroz, uma de farofa, o picadinho, o ovo e a banana. Na sequência, a frigideira volta para um apoio com o número da mesa anotado no papel. É claro que fico tensa, de olho, achando que vão trocar a minha panela. Mas isso nunca ocorreu. Você come, divide e repete. Uma profusão de sabores ao levar uma garfada à boca.

Picadinhos à parte, posso dizer que quem vai ao Fred não tem o ambiente mais bonito do mundo como cenário. Apesar de ter passado por ajustes, reforma mesmo, a casa guarda na sua essência uma decoração meio antiquada. Algumas vezes, sinto uma sensação meio claustrofóbica com o teto do segundo salão parecendo que vai me achatar. Isso causa certo desconforto, mas não o suficiente para que não queira frequentar o local.

Por outro lado, a antiguidade da casa tem seu charme. Ao avistar as mesas cobertas com toalhas bege e com outra branca fazendo o contraponto, volta-se um pouco ao passado. O clima “retrô” ainda é reforçado quando a comida chega à mesa em um carrinho – uma marca do Fred.

Cortês sim; omissa, não.

DEVO IR?
Sim. De preferência, vá acompanhado para dividir o prato.

PONTO ALTO:
O picadinho.

PONTO FRACO:
O ambiente do restaurante.

405 Sul, Bloco B, Loja 10, 3343.1450.

 

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