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Daniel Briand: quando Brasília é Paris

Aos deslumbrados, vou logo dizendo. A confeitaria Daniel Briand é a melhor da cidade e parece sim com as de Paris. Mas há vários tipos de confeitaria na capital francesa – das simples às sofisticadas

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Aos deslumbrados de plantão, vou logo dizendo: a confeitaria Daniel Briand é a melhor da cidade e parece sim com as de Paris, mas há vários tipos de confeitaria na capital francesa – das mais simples às mais sofisticadas. E, entre elas, há diferenças de produtos e serviços. Então, vamos com calma.

Com essa observação, não quero tirar nem um milímetro do mérito do chef francês que ergueu o seu sonho e o transformou em um dos melhores cafés da capital. Mas ainda faltam alguns pontos para que o Daniel Briand seja de fato um espetáculo. Explico.

Briand e a esposa, a fotógrafa Luiza Venturelli, trouxeram para Brasília o pedaço mais bonito da sua história. Montaram em um cantinho da 104 Norte uma pequena fábrica de delícias francesas. Croissants, macarrons, quiches, patês…

A casa pequenina conquistou o paladar dos brasilienses e do grande corpo diplomático que a cidade abriga. Com isso, cresceu e se estruturou há quase duas décadas no ponto. De quebra, ganhou o jardim mais bonito de qualquer loja comercial da capital – limpo e bem cuidado. O nome disso é carinho com o cliente. A casa transborda emoção.

Essa emoção pode aflorar ainda mais aos sábados e domingos, quando as mesas da lateral e da área embaixo das árvores são tomadas pelos moradores ávidos pelo café da manhã ou brunch. Há duas fórmulas: a première (R$ 42) e a deuxième (R$ 35). Ambas recheadas de gostosuras que, dependendo da fome dos convivas, podem ser divididas entre duas pessoas.

A questão que pega nesses dias é o serviço. Ainda que haja número maior de garçons, é perceptível certo bate-cabeça. E a qualidade da comida também acaba sendo comprometida. Isso explica uma das afirmações que fiz no primeiro parágrafo.

Outro ponto que merece menção: os doces. São bons, não chegam a ser ótimos. Mais bonitos de se ver do que de comer. Não estou dizendo que, ao ser seduzido pela vitrine, você não deva experimentar. Deve. Só não se iluda com toda essa volúpia, pois os doces do Monsieur Daniel não são o motivo principal de você querer voltar ao café.

Algumas tortas pecam pela falta de doçura – e olha que nem sou louca por açúcar, mas aqui ele está mais ausente do que costuma estar, por tradição, nas tortas francesas. Em outras, o sabor de manteiga é muito evidente, o que diminui ou mascara os outros sabores. Sem falar que, em alguns casos, falta umidade nas massas.

Não posso afirmar com precisão, mas a qualidade das sobremesas parece variar, também, de acordo com as “fornadas”. Já estive em dias diferentes e fiz o mesmo pedido. A textura do doce (no caso, foram a mil folhas e a torta ópera – cerca de R$ 11 cada uma) mudou de um dia para o outro, a despeito do rigor com que o chef conduz seu negócio.

O que o Briand serve de melhor são os salgados. E aí, enumero muitos deles de seu extenso e variado cardápio: as quiches, as sopas, as saladas e os croques monsieur e madame são excelentes.

Os dois últimos, digo com a boca salivando, são impecáveis. O molho bechamel servido por cima do croque-monsieur (R$ 18,50), com lascas de queijo por cima, é de uma sutileza ímpar. O exemplar servido no Daniel Briand, associado ao molho da salada servida de acompanhamento, explica por que o escritor Marcel Proust resolveu imortalizar tal sanduíche nas páginas de seu livro Em Busca do Tempo Perdido.

Amo saladas. As de lá, servidas em porções individuais, têm preços acima da média (R$ 27 a R$ 32), mas possuem as folhas mais tenras de Brasília. São frescas, num verde e num roxo vivos. De olho fechado, você pode escolher qualquer uma das cinco existentes no menu. Os ingredientes são de altíssima qualidade. A minha predileta é a niçoise, com alface orgânica, tomate, vagem, ovo cozido, batata, anchovas, azeitonas pretas, atum e manjericão.

Nada mais gostoso do que fazer um almoço, lanche ou, até mesmo, um jantar no Briand com uma saladinha para os dias mais quentes ou uma sopa, de cebola (R$ 21) ou de batata e alho-poró (R$ 21), para as noites mais frias. Tudo embalado pelo belo visual e uma tacinha de vinho, o que é outro mérito do local: oferecer vários tipos de vinho em taça. Santé!

Cortês sim; omissa, não.

DEVO IR?
Vá sim. De preferência, durante a semana. É um dos lugares mais gostosos de Brasília.

PONTO ALTO:
Boa comida, ambiente e jardim extremamente bem cuidado.

PONTO FRACO:
Atendimento oscilante.

104 Norte, Bloco A, Loja 26, 3326-1135. Site: www.cafedanielbriand.com

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