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Contê é apenas mais um contemporâneo que repete fórmulas e clichês

Da arquitetura ao cardápio, o novo restaurante se perde na proposta. Atendimento, no entanto, é ótimo

atualizado

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Bárbara Cortez/Metrópoles
Contê
1 de 1 Contê - Foto: Bárbara Cortez/Metrópoles

Quando vejo que a cidade vai ganhar um novo restaurante contemporâneo, logo me arrepio. As experiências que tenho tido com esta “categoria” são desastrosas. Este rótulo aceita quase todo tipo de invenção dos chefs e dos donos.

De coração aberto, lá estava eu no Contê – abreviação de contemporâneo. A fachada de tijolinhos é bem interessante. Eles são dispostos com a intenção de dar volume, uma solução bem criativa. Porém, ao entrar na casa, uma mistureba de materiais e estilos.

Piso imitando madeira, cimento queimado, três tipos de iluminação. Enfim, ali, quase todos os clichês das decorações que querem se aproximar de um estilo descontraído e industrial. As samambaias de plástico foram o que mais me incomodou.

Saindo da arquitetura, partindo para o cardápio, outra decepção. A sensação que tive era que estava entrando numa máquina do tempo e voltando para o início dos anos 2000. O cardápio é bem ultrapassado, segue os moldes de restaurantes como Universal, Santé13 e Dudu Camargo.

Explico: usualmente, estes restaurantes fazem a combinação carne + risoto, carne + purê, apenas risoto mesclando um ingrediente salgado outro meio doce, carne + massa. Além destas dobradinhas batidas, os ingredientes também quase sempre são os mesmos. Faltam vegetais, criatividade e apuro na técnica. Para mim, soa preguiça em pensar, desenvolver e testar possibilidades nos cardápios.

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Carpaccio com mostarda e pesto de baru
Filé au poivre com fettuccine de grana padano
Risoto de cordeiro com castanhas e cogumelos
Petit gateau de bolo de rolo
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Croquetes de picanha suína

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Carpaccio com mostarda e pesto de baru

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Filé au poivre com fettuccine de grana padano

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Risoto de cordeiro com castanhas e cogumelos

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Petit gateau de bolo de rolo

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De entradinhas, experimentei o carpaccio com mostarda e pesto de baru (R$ 43,00) e os croquetes de picanha suína (R$ 36,00). Para quem pensa que carpaccio é tudo igual, não é bem assim. O do Contê estava saboroso acima da média, bem temperado mas com um infame tomate seco com uma azeitona preta de decoração. Um toque vintage, nada contemporâneo. Vêm poucas unidades de torradinhas e elas são frias.

Já os bolinhos chegam quentinhos, crocantes. O sabor é indecifrável. Não senti gosto de carne de porco de jeito nenhum. E olha que comi uma porção quase sozinha. Não senti também tempero nem sal. O acompanhamento era um tartar de banana (confesso que não entendi a proposta) que foi feito com banana ainda verde, com cica, e muito apimentado. Bem diferente do que comi na A Casa do Porco, em São Paulo.

Dos nove pratos principais, experimentei quatro: camarão ao creme de abóbora com arroz cremoso de brie (R$ 73,00), atum selado com crosta de gergelim com couscous marroquinho com damascos (R$ 82,00), filé au poivre com fettuccine de grana padano (R$ 68,00) e risoto de cordeiro com castanhas e cogumelos (R$ 63,00).

O meu camarão veio cozido demais, com um arroz cheio de creme de leite. Por quê? Pra quê? Este ingrediente deve ser usado com a maior parcimônia possível. Quase sempre ele está lá para disfarçar algum sabor. O atum chegou frio, mas bem feito, rosado no meio, com crosta temperada e couscous gostoso. O filé veio no ponto certo e a massa com excesso de queijo, outro ingrediente a ser usado cirurgicamente. O risoto não estava caudaloso, com cozimento além da conta e carne de cordeiro gordurosa.

Para finalizar, e não deixar nenhuma saudade, pedi a sobremesa mais “diferentona” do menu, já que as opções “contemporâneas” variavam entre torta de maçã, panqueca de doce de leite, petit gateau e cheesecake com calda de frutas vermelhas.

Era o petit gateau de bolo de rolo. Bom, o petit gateau – tradicionalmente – é um bolo fofo e, ao dar uma colherada, o recheio escorre no prato. A sobremesa servida no Contê, diferentemente, são várias fatias de bolo de rolo empilhadas, com goiabada no meio, uma super camada de açúcar por cima e uma bola de sorvete de tapioca ao preço de R$ 29,00. Definitivamente, isso é uma enganação.

A experiência não foi tão desagradável por conta do atendimento. Garçons afiados nas explicações e atentos ao serviço. Uma pena. O Contê é simplesmente uma soma de clichês – do cardápio à arquitetura. Por uma cozinha mais Authoral e menos Universal, por favor.

Cortês sim; omissa, não.

Devo ir?
Quem tiver curiosidade ou interesse neste tipo de proposta, conheça.

Ponto alto:
Atendimento. Música ambiente boa.

Ponto fraco:
Cardápio com propostas ultrapassadas.

Contê — Food & Drinks
CLN 403 bloco D. Telefone: (61) 3354-9474

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