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Tem lúpulo crescendo em Brasília!

Saiba onde encontrar exemplares da planta e entenda por que o cultivo dessa espécie é tão difícil

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lúpulo  curral da corina
1 de 1 lúpulo curral da corina - Foto: Marina Cavechia/Metrópoles

Ela é trepadeira e linda! É louca por água e precisa de muitos litros para conseguir desabrochar e se desenvolver. É da mesma família da maconha, mas cheia de não me toques e caprichos. Amarga, nunca gostou muito do clima do Brasil, mas, devagarinho, estamos conseguindo driblar essa personalidade arredia.

Para os incrédulos, aí vai a bomba: a Homulus Lupulos já foi vista em Brasília e dizem que está trepando no Curral da Corina! Nós fomos conferir e ficamos hipnotizados. Sim, temos lúpulo crescendo no Planalto Central.

O Curral da Corina nasceu, entre outras propostas, como um espaço de experimentação. A galera testa novas receitas de cerveja, recebe cursos e agora está empenhada no cultivo de lúpulo. Marcel Castelo Branco, um dos sócios da cervejaria, conta que comprou e usou o primeiro rizoma (parte da raiz da planta) há dois anos.

Plantei em vasos e rapidinho ela começou a crescer e dar flor. Em outubro do ano passado, depois que o Curral foi inaugurado, transplantamos a planta podada, apenas cotocos. Ela é meio fênix, em uma semana já estava subindo pelo sisal

Marcel Castelo Branco, sócio do Curral da Corina

Marcel conta que tudo começou como uma brincadeira, coisa de cervejeiro que gosta de bancar o Professor Pardal. Hoje, a Corina tem oito pés e a ideia é levar mais 10 para o terreno. Chinook, Cascade, Centennial e Nugget são os tipos que povoam a parte externa do galpão.  Em um mês na casa nova, as plantas já estavam com 4,5m de altura.

Algumas colheitas já foram feitas e até testadas em cervejas. Entre muita gargalhada e caretas, Marcel, Eduardo Golin e Heitor Heffner, o trio Corina, admitiram que o experimento não deu muito certo. “Acho que erramos no tempo de colheita e na secagem da planta. Uma das cervejas ficou muito amarga e a outra com gosto de grama”, revelou Dudu.

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Ajuda do especialista
Como a planta vive por até 15 anos, a Corina ainda tem muito tempo para acertar a mão e nos presentear com cervejas superfrescas. Para dar um empurrãozinho, a cervejaria contratou um agrônomo especialista na Homulus Lupulos e na adaptação dela às características do Brasil.

Durante um domingo de verão, uma turma de 25 pessoas escutou atentamente a todos os conselhos e técnicas sobre preparo do solo, necessidades e peculiaridades da planta, método de secagem e até sobre o ciclo hormonal do lúpulo.

Como diz Marcel, o cultivo é cheio de “bizu”, ou seja, tem muitos segredos e especificidades. Sem dúvida é uma plantinha melindrosa, mas por que é tão difícil produzir lúpulo de boa qualidade no Brasil?

O mistério do planeta
A dificuldade gira em torno de duas questões principais. A primeira é que as espécies disponíveis hoje no mercado precisam de muita luz, algo em torno de 14 horas de sol no período vegetativo e 16 horas na fase produtiva dos cones.

Por mais ensolarado que seja, o Brasil tem uma média de 13 horas de sol por dia. Além disso, nossas estações não são bem definidas.Em alguns países da Europa e algumas regiões dos Estados Unidos, por exemplo, os lúpulos são produzidos ao longo de seis meses e hibernam durante o período mais gelado.

Aqui, a produção não sofre essa interrupção, o que reduz a vida útil dos pés e a qualidade dos cones. Irônico, não? Ou seja: temos sol o ano inteiro, mas não em quantidade diária suficiente e, além disso, a planta precisa de um período de descanso no inverno.

Apesar das limitações, o Brasil poderia ter seguido o caminho da pesquisa para viabilizar a produção ou mesmo desenvolver espécies próprias adaptadas ao clima daqui. Estamos atrasados, mas correndo atrás do prejuízo.

Na próxima semana, aqui na coluna, você vai entender como o país pode passar de importador a exportador de lúpulo. Vamos contar a história de uma empresa que já desenvolveu duas variedades 100% adaptadas às características do Brasil.

Até semana que vem!

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