Nova cervejaria regularizada do DF começa a produzir em breve
Em duas semanas os equipamentos estarão funcionando e produzindo cinco tipos da bebida: IPA, American Pale Ale, Scotch Ale, American Lager e Witbier
atualizado
Compartilhar notícia
A gente pode até não perceber, mas nos fins de semana muitas casas espalhadas por Brasília exalam o cheirinho de malte cozido. Não existe um número preciso, mas a Associação dos Cervejeiros Artesanais do Distrito Federal acredita que, aproximadamente, 500 pessoas usem o quintal ou a cozinha para fazer a própria cerveja.
Desse grupo já saíram e ainda vão sair mestres-cervejeiros, cervejarias ciganas, sommeliers e até microcervejarias. Como a Stad Bier, que, entre 2004 e 2009, produziu sua bebida no DF. Atualmente, a produção ocorre em Luziânia (GO).
A história que vamos contar hoje começa como tantas outras: na panela.
Máfia Beer – candanga até dizer chega!
Sabe aquele tipo de pessoa teimosa, insistente e superdeterminada? O nome dessa figura é Marco Aurélio de Faria, mas todo mundo do meio cervejeiro o conhece pelo diminutivo. Marquinho já foi dono de restaurante, uma experiência difícil que não deu muito certo. Fechou as portas poucos anos depois e, longe dos fogões, decidiu pegar a estrada.
O encontro com a cerveja artesanal aconteceu a 1.680km de distância, mais precisamente em Florianópolis (SC). Lá, Marquinho conheceu um produtor e ficou obcecado pela transformação do alimento, descobriu que produzir bebida a partir de grãos não era uma tarefa difícil. É claro que a paixão por cerveja já existia, mas naquele dia, a relação com a bebida mudou de estágio. Virou amor!
De volta a Brasília, começou a pesquisar. Montou o próprio equipamento, adaptou panelas do antigo restaurante e comprou os insumos necessários para a primeira brassagem: malte, lúpulo e levedura. Aprendeu sozinho, fez uma lambança na casa da mãe, saiu vivo com os primeiros 50 litros de cerveja. A primeira filha foi uma Blond Ale, a primogênita de muitas.
A essa altura, a cervejaria de panela já precisava de um nome. Ele conta que a inspiração veio da década de 1930, período de lei seca nos Estados Unidos, quando apenas os mafiosos tinham acesso a bons produtos contrabandeados. “Para que todo mundo tivesse o prazer de tomar uma boa cerveja, nós criamos a Máfia Beer”, explica.
A brincadeira que começou com 50 litros ficou séria quando a produção passou para 150 litros. Depois de muito estudo, cursos, pesquisas e estágios em cervejarias, a meta subiu de novo: produzir 500 litros em uma fábrica regularizada.
O espaço escolhido foi um terreno de 1000m² em São Sebastião. Nele, o cervejeiro acomodou quatro fermentadores, uma tina de brassagem, outra de filtragem, uma panela de fervura e um trocador de calor. Com essa estrutura, a Máfia Beer vai conseguir fazer 8 mil litros de cerveja por mês.
Está praticamente tudo pronto. Em duas semanas os equipamentos estarão funcionando e produzindo as receitas mafiosas da bebida que tanto amamos. Na nova cervejaria regularizada do Distrito Federal, cinco estilos serão feitos: IPA, American Pale Ale, Scotch Ale (com pimentas defumadas em folhas de laranjeiras), American Lager (com dry hopping de lúpulo Mosaic) e Witbier (com limão siciliano, mexerica, camomila e coentro).
O próximo desafio vai ser tirar o registro de microcervejaria emitido pelo Ministério da Agricultura e aguardar a análise de impacto ambiental feita pela Secretaria de Meio Ambiente do DF. A parte burocrática ainda deve demorar um pouco, mas a expectativa é que até o fim do ano tenhamos novas cervejas brasilienses nos bares e lojas de Brasília. Mal podemos esperar!
Seja bem-vinda Máfia Beer!
*André Vasquez e Marina Cavechia são sócios e curadores do clube de cerveja por assinatura Ohmybeer.