metropoles.com

O Brasil pode se transformar em exportador de lúpulo

O país importa 4 mil toneladas da planta por ano. Há quem diga que em, no máximo, 10 anos a posição será invertida

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
André Vasquez/Metrópoles
lúpulo
1 de 1 lúpulo - Foto: André Vasquez/Metrópoles

Nós, brasileiros cervejeiros, amamos lúpulo. Mesmo aqueles que não têm consciência disso ou não sabem o que diabos é lúpulo estão na lista de consumidores assíduos. O Brasil importa 4 mil toneladas da planta todos os anos e paga por isso aproximadamente R$ 200 milhões.

A ideia de que o país não tem condições climáticas para o cultivo da espécie sempre foi repetida e tornou-se uma falsa verdade. Há quem diga que em, no máximo, 10 anos a posição será invertida, seremos exportadores do lúpulo brasileiro. Será?

Há seis anos a empresa carioca Rio Claro Lúpulos trabalha com o melhoramento genético da espécie e tem alcançado resultados significativos. O proprietário, Bruno da Cruz Ramos, explica que a companhia já desenvolveu duas variedades próprias 100% adaptadas ao clima do Brasil. A primeira foi batizada de Canastra e a segunda, de Tupiniquim.

O grande diferencial é que elas são resistentes à seca, aguentam longos períodos sem irrigação. Além disso, também podem suportar regiões com muita chuva

Bruno da Cruz Ramos, proprietário da Rio Claro Lúpulos

Só este ano, 2 mil kg desses lúpulos brazucas foram comercializados. O Canastra, segundo Bruno, está no grupo das variedades nobres, ou seja, é considerado de alta qualidade.

“Algumas instituições de grande porte, como a Universidade de São Paulo (USP), já estão à frente de pesquisas importantes voltadas para o cultivo da planta. Nos próximos oito ou 10 anos, acredito que o Brasil conseguirá abastecer o mercado interno e, provavelmente, se tornará exportador”, prevê Bruno.

3 imagens
1 de 3

Marina Cavechia/Metrópoles
2 de 3

Marina Cavechia/Metrópoles
3 de 3


O que nos fez sair do marasmo?
Na visão de Bruno Ramos, a chave começou a virar com a mudança do mercado cervejeiro no Brasil. A demanda por boas cervejas cresceu e isso requer uma quantidade maior de lúpulos com características especiais.

O lúpulo deixou de ser um negócio apenas das grandes fábricas e passou a ser um negócio dos pequenos cervejeiros

Bruno da Cruz Ramos, proprietário da Rio Claro Lúpulos

Além disso, depois de muitos anos, o Ministério da Agricultura finalmente reconheceu o Humulus Lupulus como espécie. Isso significa que um novo caminho foi aberto para pesquisadores que, até pouco tempo, encontravam sérias dificuldades na importação de material genético.

É simples: pesquisadores brasileiros precisam estudar as espécies, entender como elas funcionam e como o melhoramento genético pode ser feito. Para isso, eles precisam trazer as variedades que já existem e se desenvolvem bem em outros países.

Lúpulo bom e comercialmente viável
A qualidade do lúpulo está relacionada, principalmente, ao teor de alfa-ácido (que confere amargor), à quantidade de beta-ácido (por sua qualidade antisséptica) e ao percentual de cohumulona (que gera um aroma indesejado de grama). Quanto mais alto o teor de cohumulona, pior. O ideal, segundo Bruno Ramos, é que essa concentração não passe de 33%.

Além das características químicas, é importante deixar claro que a plantação precisa render dinheiro, dar lucro. Dependendo da espécie e do quanto ela está adaptada, é possível plantar em um hectare de terra aproximadamente 2.200 plantas de lúpulo. O investimento inicial é de R$ 160 mil e, a partir do segundo ano, o retorno pode chegar a R$ 295 mil.

O caminho é bem mais fácil para quem deseja ter uma pequena produção, voltada apenas para consumo próprio. Cervejarias artesanais podem, sim, criar condições perfeitas para o crescimento de variedades com alta qualidade. “É possível, basta desenvolver o ambiente propício para o cultivo. Isso pode ser feito em estufa ou pelo modelo de aeroponia, por exemplo.”, explica Bruno.

Já imaginou tomar uma IPA com lúpulos fresquinhos recém colhidos da lavoura?

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?