Conheça cervejas que combinam com a seca de Brasília

Quando a gente acorda no meio da noite com cheiro de queimada no quarto é sinal de que a fase mais difícil da seca chegou. O frio gostoso passou, deixando para trás a cidade em chamas. Quem nunca viu um canteirinho pegando fogo em alguma rua de Brasília? Com muita sorte, vai ser assim até o meio de setembro, todo mundo está cansado de saber. Justamente pensando nesse clima propício para calangos e camelos, que o Alta Fermentação elaborou esta coluna.

Nós sempre falamos aqui sobre harmonizações, estilos, formas de degustar cerveja e tudo que vem no pacote. Pois bem, desta vez, vamos falar de uma característica básica da cerveja: a capacidade de matar a sede.

Se cerveja é basicamente formada por água (cerca de 90%), é claro que ela tem plenos poderes para refrescar o corpo nessa época de seca infernal. Qualquer receita poderia entrar nessa lista, no entanto, estilos menos maltados, com baixo teor alcoólico, mais leves e, consequentemente, com menos corpo são mais indicados para o que buscamos.

Fizemos uma lista de cervejas incríveis para serem degustadas enquanto a primeira chuva não cai. Além da Pilsen que faz parte de qualquer dia ensolarado, escolhemos uma Witbier, uma Sour e uma Saison. Todos esses rótulos podem ser encontrados facilmente. Aproveitem!

Cerveja: Taguá
Cervejaria: Corina
Procedência: Distrito Federal
Estilo: Saison
ABV: 7%

Essa Saison “diferentona” foi feita em homenagem aos 59 anos de Taguatinga e leva na composição nada menos que leveduras de champanhe. Além dos cervejeiros da Corina, o pessoal da hamburgueria Carcará também participou da elaboração e de testes da receita.

Percepções: impossível não se atentar à espuma branca, alta e flocada que protege a cerveja dourada. O aroma lembra brioche, uva verde, casca de laranja e, claro, fermento de champanhe. Fina! Na boca, pegamos um toque picante, um pouquinho de cítrico e leves notas de pão. Com amargor contido, a Taguá esbanja equilíbrio e poder de refrescância.

Onde encontrar: Mercearia Colaborativa (412 Norte)

Cerveja: Blumenau Alles Pilsen
Cervejaria: Blumenau
Procedência: Blumenau (SC)
Estilo: Pilsen
ABV: 4,3%

Pelo que entendemos, o nome da cerveja está relacionado a uma expressão usada por quem mora em Blumenau. Por lá, quando alguém fala “alles blau”, significa que está tudo bem. Hein? Parece que é isso mesmo. Por esse motivo, a galera da cervejaria escolheu batizar a cerveja de Alles Pilsen. A ideia é provar que uma boa Pilsen pode entrar na lista dos degustadores de cervejas artesanais. Está tuuuudo bem.

Percepções: turva e com ótima formação de espuma. Carrega aromas de mel, pão e notas herbáceas. O sabor de malte aparece com suavidade.. É o mais suave entre os estilos cervejeiros e, sem dúvida, tem alto poder de refrescar a cuca.

Onde encontrar: Mestre-cervejeiro (109 Norte)

Cerveja: Wäls Berliner Frutas Vermelhas
Cervejaria: Wäls
Procedência: Belo Horizonte, Minas Gerais
Estilo: Berliner Weisse
ABV: 3,3%

Berliner Weisse é um estilo criado no século 16, mas que ficou esquecido por muitos anos e quase perdeu o fio da meada com a invasão das Lagers no século 19. Nesse grupo de cervejas, o sabor predominante é o azedo. E olha que não estamos falando de um defeito, pois a característica ácida é resultado do uso de leveduras selvagens e até de lactobacilos. Além do fermento especial, uma boa dose de trigo não-maltado fazem parte da receita clássica.

Percepções: quem tomar, verá. Ela é cor-de-rosa! A espuma fina e persistente acompanha o tom avermelhado dando ainda mais charme a essa Berliner. O aroma de frutas vermelhas é inconfundível, enquanto o gosto exótico faz a mistura perfeita entre o doce e o azedo. De corpo leve, trata-se de uma cerveja cítrica, adstringente e muito refrescante.

Onde encontrar: site

Cerveja: Blanche de Neiges
Cervejaria: Huyghe
Procedência: Melle, Bélgica
Estilo Witbier
ABV: 5%

A cervejaria responsável por essa branca de neve é uma velha conhecida, ficou famosa por estampar um elefantinho rosa alucinado em suas garrafas. Já sabe que estamos falando da Delirium, né? Pois bem, a Blanche de Neiges também faz parte dessa família e foi desenvolvida em 1990 para viajar o mundo sem assustar degustadores iniciantes. Sobre as cervejas desse estilo, você precisa saber que elas levam trigo na receita, são condimentadas e mais claras que o normal. Witbier significa cerveja branca.

Percepções: a espuma leitosa, bem branquinha, se desfaz aos poucos enquanto o líquido amarelo-palha aguarda paciente em sua turbidez. O perfume é cítrico, tem origem na adição de casca de laranja e coentro. Na boca, é menos carbonatada e, até por isso, mais agradável que as irmãs do mesmo estilo. O sabor suave, levemente adocicado, encontra amargor contido antes do segundo gole. A medida em que a cerveja esquenta, o gosto azedinho ganha espaço, assim como a presença de trigo não-maltado. Temperada, sim, mas sem perder a delicadeza.

Onde encontrar: Empório Soares e Souza (212 Norte; 403 Sul; SHIS QI 11 – Shopping Deck Brasil, Boulevard Shopping)